Herança de sangue

7º

"Agora essa questão se tornou uma guerra, então, vamos a batalha, por um final conciliatório..."

Sexta, 4 de agosto de 1944

Depois de passarem três dias inteiros sem se falar, Laura se sentindo bastante culpada, cede, e decide transformá-lo.

– Antônio... Eu transformo você.

– Sério?

– Sim.

Ele comemora bem entusiasmado, então ela se aproxima e delicadamente morde o seu pescoço. Ao ser mordido, sentiu um efeito tranquilizante, que o deixou sonolento, meio tonto.

– Antônio! - Laura se apavora, não sabia o que poderia ter causado ao irmão, se o transformou ou o matou.

– Ai... Preciso descansar...

Ela o deita na cama, onde entra em sono profundo. No jantar, sua ausência é percebida, e muito estranhada.

Onde está o irmão de vocês? - pergunta Catarina.

– Não sei, não vi ele desde tarde - respondeu Júlio.

– Ele tá descansando no quarto, tinha reclamado pra mim que tava com uma dor de cabeça e foi se deitar - diz Laura.

– Vai lá chamar ele.

– Já tentei, mas quando ele dorme não levanta mais, parece o papai.

– Eu!?

– Sim, você, ela está certa, pode cair o mundo e você não acorda.

– Arri, mai agora vai sobrar pra mim?

– Não, não vai sobrar pra ninguém, eu não estou te acusando.

– Mas foi o que pareceu...

– Então se pareceu, é porque você reconhece que dorme igual a uma pedra!

– Também num é assim!

– É assim, sim!

– Não é não.

– É sim seu grosseirão!

– Mai ocê é uma fera!

– Eu ainda acho que fiz mal negócio casando com você... Grosseirão!

– Mamãe! Papai! - Laura os repreende.

– Filha... Desculpe - se recompõe - Você sabe que o seu pai as vezes me tira do sério.

– Eu é que te tiro do sério!?

– Petruchio!

Ele para e não diz mais nada.

*****
Sábado, 5 de agosto de 1944

Todos já haviam se recolhido, por volta da meia noite, Antônio desperta, seus olhos agora, assim como o da irmã também eram vermelhos, seus dentes se faziam afiados, seus reflexos aprimorados e sua sede, insaciável.

– Antônio! - ela o abraça - Graças a Deus.

Ele a empurra.

– Ei!

– Saí da minha frente!

– O que deu em você!?

– Eu tô sentindo - disse farejando - Cheiro de sangue!