Capítulo 8: O Segredo da Casa ao Lado
A noite havia caído sobre Darkwood, lá fora, quando a figura do Sr. Jones cruzou seu campo de visão, deslizando furtivamente para a casa ao lado. Uma onda de curiosidade e suspeita o inundou, trazendo à mente as descobertas recentes sobre Evelyn Smith.
Ela, internada no Echo House sob acusações sombrias, agora estava desaparecida, e Jack não podia ignorar a conexão entre o Sr. Jones e o mistério que envolvia a casa.
Jack hesitou por um momento, o peso da decisão pressionando seus ombros. Ele pegou o celular com mãos trêmulas e discou o número de Adriam.
— Adriam, você está aí? — A voz de Jack mal escondeu a urgência.
— Estou sim, Jack. O que houve? — A preocupação era evidente na resposta de Adriam.
— Vi o Sr. Jones entrando na casa ao lado. Vou segui-lo. — Jack falou, sua decisão tomada apesar do medo que sentia.
— Você tem certeza? Isso pode ser perigoso, Jack. — Adriam alertou, a cautela em sua voz era um contraponto à impulsividade de Jack.
— Tenho certeza. Há algo sombrio acontecendo e eu preciso descobrir. — Jack afirmou, a determinação fortalecendo sua voz.
— Entendido. Mas não se arrisque demais. Estarei aqui, qualquer coisa, me chame. — Adriam concordou relutantemente, confiando na coragem de Jack.
Jack desligou o celular e saiu do apartamento. A porta da casa ao lado estava entreaberta, como um convite silencioso para os segredos que ela guardava.
Ele entrou com cautela, seus olhos se ajustando à penumbra. A sala de estar vazia e empoeirada o recebia, móveis velhos e danificados contavam histórias de um passado esquecido. Uma escada convidava ao segundo andar, mas foi o som vindo do porão que capturou sua atenção.
Descendo as escadas, o ruído se transformou em um zumbido baixo, e uma luz fraca delineava o contorno de uma porta de metal. Jack, com um grampo de cabelo que sempre carregava consigo, enfrentou o cadeado e adentrou o desconhecido.
O que viu o deixou sem fôlego. Um laboratório clandestino se estendia à sua frente, repleto de equipamentos que pareciam saídos de um filme de ficção científica.
Manchas de sangue salpicavam o chão e as paredes, e no centro da sala, um grande tubo de vidro continha um líquido verde e viscoso. Evelyn Smith, a mulher de cabelos ruivos, flutuava ali, imóvel, ligada a inúmeros cabos e fios.
Jack sentiu uma conexão com ela, uma necessidade urgente de libertá-la. Procurou por meios de abrir o tubo, mas percebeu que era controlado por um computador. Enquanto tentava acessar o sistema, uma voz fria o surpreendeu: "O que está fazendo aqui?" Era o Sr. Jones, armado com uma faca e segurando um celular.
O confronto entre Jack e seu antigo chefe, agora revelado como uma figura perigosa, estava carregado de tensão.
— Vamos conversar. Você trabalha para a Dra. Elliot, certo? — Jack tentou manter a voz estável.
— Sim. — A resposta do Sr. Jones foi curta, mas carregada de significado.
Jack pressionou por respostas, questionando o motivo de manter Evelyn Smith prisioneira e os detalhes dos experimentos.
O Sr. Jones, com uma expressão que misturava devoção e loucura, falou de sua crença na Dra. Elliot e em sua visão de criar seres perfeitos, apesar dos sacrifícios necessários. Ele insinuou o envolvimento da polícia local e descreveu o Echo House como parte de um plano maior e mais sinistro para Darkwood, uma cidade cercada por um mistério nunca solucionado.
A adoração quase fanática pela Dra. Elliot era evidente em cada palavra que o Sr. Jones pronunciava, e Jack sabia que estava diante de um enigma que apenas começava a se desvendar.
O Sr. Jones, com a cicatriz pulsante no peito como um lembrete sombrio de sua transformação, confessou o envolvimento da Dra. Elliot nas mortes dos pais de Evelyn. Revelou que, desde o início, a Dra. Elliot cobiçava a menina, mas enfrentou a resistência dos pais, que ameaçaram destruir o Echo House com segredos que poderiam desencadear um escândalo. Os Smith, com seus contatos no submundo do crime, chantageavam Elliot, ameaçando derrubar seu império. A polícia, corrompida e aliada de Elliot, abafou o caso dos assassinatos, pois já sabiam quem estava por trás dos crimes.
Jack, com a mente girando em meio às revelações, encarou o Sr. Jones:
— Como a Dra. Elliot conseguiu fazer isso com você? E o que ela planeja para Evelyn? — A voz de Jack tremia, misturando medo e fascínio.
O Sr. Jones, olhos perturbados refletindo uma devoção distorcida, respondeu:
— Elliot possui segredos e poderes além da sua compreensão. Ela me transformou em algo... especial. Experimentos me deram esta capacidade de regeneração. Quanto a Evelyn, ela é essencial para os planos de Elliot, a chave para um propósito maior e mais grandioso.
Jack mal teve tempo de processar as palavras quando o Sr. Jones, com um sorriso cruel, avançou:
— Chega de conversa fiada. Se você morrer aqui, ninguém vai perceber.
Jones atacou com a faca, mas Jack, movido por um instinto de sobrevivência, desviou. Com uma barra de metal encontrada no caos do laboratório, Jack contra-atacou, atingindo Jones na cabeça.
O sangue espirrou, mas Jones, imperturbável, agarrou Jack pelo pescoço e perfurou sua costela com a faca. Um grito de dor escapou dos lábios de Jack, que, em um ato desesperado, arremessou um objeto próximo. O impacto rachou o tubo de Evelyn, liberando o líquido verde.
Jones, incansável, derrubou Jack e levantou a faca para o golpe final. Jack, protegendo-se como podia, preparou-se para o pior. Foi então que uma luz intensa e ardente irrompeu, uma rajada de fogo vivo lançou Jones contra a parede.
As chamas o envolveram, consumindo-o em gritos agonizantes. Jack, coberto de sangue e com os olhos arregalados, testemunhou o inacreditável: Mike, com as mãos erguidas, dominava o fogo que salvou sua vida.
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A GAROTA DA CASA AO LADO
Misterio / SuspensoJack Foster, um jovem jornalista em busca do reconhecimento, decide mudar-se para a pacata e aparentemente inocente cidade de Darkwood. No entanto, ao chegar lá, ele se depara com um enigma que envolve o local há décadas, escondido nas sombras do pa...