[EM ANDAMENTO] O ano de 2087 nasceu com a promessa de mudanças pela Governança Mundial para a sociedade que convive com a alta tecnologia, mas com a baixa qualidade de vida no cenário devastado pelos efeitos catastróficos da vacina que prometia a cu...
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devaneios por emmagrant
#ogadodele
"Mais uma vez, temos os Senhores Deputados neste Plenário Mundial tendo a necessidade de atravancar direitos básicos que vêm sendo reivindicados pela coletividade... A mesma coletividade que coloca cada grão de comida no prato dos seus filhotes e mantém todos os quatro polos vivos... A força de trabalho que opera as máquinas dos campos até a distribuição de zênias para o mercado bancário mundial... É de uma clara iniquidade o que cada um dos Senhores mantêm como pregação...", os que acompanhavam o discurso do Deputado Kim, deixaram de olhar para o seu holograma transmitido pelo projetor para verem o último golpe proferido pelo punho pesado do alfa contra o rosto do seu adversário — também alfa.
Um chute certeiro, a queda instantânea, não havia dúvidas para ninguém no bar barulhento pelos gritos, música e discursos partidários, que o invicto havia ganhado mais uma. Sorte dos que apostaram mais uma vez nele, doidos eram os que não apostam as suas zênias no alfa com os mais naturais noventa quilos de puro músculo compactados em um metro e noventa.
— Mais uma vez temos ele como o nosso vencedor... O alfa que todos acham que pode derrubar... LUPU! — gritou o locutor atrás do balcão de bebidas o nome do ganhador da luta. Seu nome piscava no neon ofuscante dos letreiros de LED. Lupu era o que sempre aparecia no final de cada luta no ringue clandestino em Nigyru.
O árbitro chegou a hesitar quando foi para cima dele para tirá-lo de cima do seu adversário totalmente apagado no tatame, mas que não tinha a trégua em receber cada soco pesado contra a sua face. Não era segredo para ninguém que quando ele ficava descontrolado daquela forma, os motivos vinham da erva de acônito que entorpece os seus sentidos e senso de realidade. E era esse instinto animalesco do meio-lúpus que enchia os bolsos do dono daquele estabelecimento, sabia que era o tipo de entretenimento que o fazia ter que recalcular o seu imposto para a Governança no final do ano.
Muita grana envolvida, com mão de obra barata — mesmo que, às vezes, essa mão de obra quase o socasse na maioria das vezes. Era a última luta da noite, nem ao menos as ataduras enroladas entre as suas mãos conseguiam manter os ossos dos seus punhos no lugar, estavam encharcadas pelo sangue do rosto de cada um dos seus adversários. Era de se esperar, ele sempre saía vitorioso quando colocava os pés naquele ringue.
Talvez alguns dos alfas que estivessem dentro daquele bar, rodeados dos melhores ômegas das casas de massagem da cidade, já tenham enviado uma mensagem para Lupu, o chamando para fazer algum serviço sujo por alguma quantidade de zênias. A tatuagem de Hello Kitty segurando uma arma da antiga era, somado com as mechas azuladas entre os seus fios castanhos quase sempre presos em um coque desgrenhado na sua cabeça, ornavam bem para quem tivesse uma aparência diferente da realidade sórdida acerca do alfa. Por vezes, sua aparência costumava entrar em conflito com o que ele fazia em cima do ringue, o lugar era, praticamente, o seu cartão de visitas para os seus trabalhos sujos.
