Expresso de Hogwarts

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POV DRACO

   Então era isso? Depois de todos os ocorridos... era aqui, neste lugar, que eu retornaria à sociedade bruxa?

   Plataforma 9 ¾. É claro que , da primeira vez em que coloquei meus pés neste lugar, estava acompanhado de minha mãe, Narcisa, e meu pai, Lúcius.

   Meu pai, foi sentenciado ao beijo do dementador. Esta foi a punição pelos seus atos. Agora ele era apenas uma casca vazia. Um corpo sem um habitante. Ele fora reduzido a nada.

   Eu e minha mãe, fomos inocentados, já que éramos obrigados a seguir Voldemort, senão seríamos mortos; Porém a "morte" de meu pai, como eu decidi encarar, deixou minha mãe um tanto quanto... Mudada.

   Ela e eu estávamos dando um tempo, na Roménia. Não queríamos chamar a atenção. Estávamos muito receosos quanto a como nos tratariam, após o desfecho da guerra. Fizemos muitas pessoas sofrerem, não deveríamos esperar cordialidade da parte dos vitimados...

*****

   A estação King Cross.

   Abarrotada de trouxas, como sempre. De quem foi essa ideia idiota mesmo? Vários rostos familiares. Corvinal, Lufa-Lufa, alguns velhos amigos e conhecidos, de minha casa, Sonserina.

   E até...

   — Ah, Rony eu disse pra você levantar mais cedo, mas preferiu ficar enrolando. Agora, estamos atrasados! — reclamava, uma voz feminina que eu conhecia muito bem. Granger. Ela ainda andava com o pobretão Weasley, e com o testa rachada. Salvador da pátria. Malditos amiguinhos inseparáveis. Toda essa união me dava náuseas.

   Não me levem a mal, eu mudei, pelo menos, em alguns aspectos. Sangue não me importa mais, caráter sim ( ou algo do tipo, vai saber...). Mas sabe como é, não é... Não se pode deixar que os apelidinhos "carinhosos" de lado.

   — Ora, ora, ora. Se não é o trio de ouro... — me aproximei do grupo que caminhava naturalmente, em meio a tantos trouxas.

   — Malfoy. — cumprimentou Harry e Ronald, sem emoção na voz. Granger e a Weasley fêmea, nem se deram ao trabalho de virarem o rosto em minha direção.

   Eles atravessaram a passagem. Um a um. Tranquilos, confiantes. Nada menos que o esperado, afinal eles eram os heróis, os corajosos, e tudo o mais que a mídia os bajulassem.

   Atravessei também depois de algum tempo. Não gostaria de ser acusado de estar seguindo eles. Como se eu não tivesse mais nada para fazer.

   O expresso de Hogwarts. Exatamente como eu me lembrava. Havia um mar de rostos. Novos e velhos, altos e baixos, desconhecidos e...

   — Ah, olha só quem resolveu dar o ar da graça... — Nott se aproximou com os braços abertos. Tinha um tipo estranho de fumo na boca.

   — Cara! Quanto tempo... — respondi ao seu cumprimento, com um abraço e alguns tapas nas costas, ele fez o mesmo. Baforou um pouco da fumaça e depois jogou fora a bituca.

   — Esse ano promete... Já viu quantas gatas têm? As garotas da nossa época estão tão... — ele fez algumas curvas com as mãos e eu ri. — Dá até pra imaginar, não é?

   — E eu acho que o "sem-concerto" fosse... Acha que alguém vai querer algo com a gente, depois do nosso "histórico familiar"?

   — Ah... Qual é Malfoy? As sonserinas piram nuns badboys, — ele riu. — Vai dizer que nenhuma garota te interessou, hein... — ele cutucou e lançou um olhar malicioso, em resposta simplesmente revirei os olhos.

   — É, é, é... Tanto faz. Vamos entrar logo. — eu o apressei, entrando no trem.

*****

   Pegamos uma cabine vazia, na parte da Sonserina. Estávamos Nott, Blásio, Pansy e eu. O antigo grupo da escola. Já me sentia mais à vontade, entre pessoas que, sabia eu, não me julgarem, pois buscavam pelo mesmo, remissão e um retorno tranquilo.

   — Por Slytherin, Pans! Quem poderia imaginar... Você tinha uma quedinha pelo cicatriz?! — Nott colocou as mãos na boca fingindo espanto, mas todos já sabíamos. Ela deu de ombros.

   — Sua vez Draco. Quem foi sua paixonite, da última vez que esteve em Hogwarts? — me perguntou.

   Quando se tratava dessas histórias de coração eu já tinha uma resposta ensaiada e decorada.

   — Eu sou um Malfoy, Pans, um Malfoy NUNCA se apaixona! — isso não era completamente verdade, mas eles não precisavam saber disso.

   Malfoy ou não, ninguém controla o coração. E, como nada é perfeito, essa paixão juvenil, não era apenas uma vergonha para minha família e suas crenças na pureza de sangue, como também, tornou-se minha missão mais difícil: odiá-la. Por tempos culpei meu pai, e o ódio que ele incitou em mim, pelos nascidos-trouxas, mas depois percebi, infelizmente tarde demais, que a culpa era minha, por ter a mente tão enfraquecida, o caráter tão manipulável pelos valores familiares que nos ensinaram. Fosse como fosse, queria tê-la ao meu lado de qualquer jeito, e amaneira que encontrei foi essa. Raiva. Nojo. Confronto.

   Agora compreendo porque dizem que o ódio e o amor andam lado a lado. Se não pode ter o objeto de desejo de um jeito, que o tenha de outro, mas o tenha.

   Mas como se tratava de algo tão remoto em meu passado, não tinha mais importância. Ou seja, ninguém jamais saberia.

   Não era uma lembrança agradável, nunca foi. E, imediatamente, a vozinha interior gritou em minha cabeça que não deveria lembrar mais deste assunto. Mas a verdade era: eu nunca a havia esquecido par ter-me lembrado.

O fim é só o começo -- Repostagem RevisadaOnde histórias criam vida. Descubra agora