noite de crime

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Apesar da provocação nata, Pascal ri-se e passa a língua entre os dentes, ingerindo o sangue que o domina tão bem. Os olhos dele mergulham fundo nos seus, tentando decifrar o que caralho passa em sua mente. Ele quer, mais do que tudo, acreditar que você é tudo o que tem se mostrado.

Você se ergue com cautela, e ao usar as mãos para apoiar-se, uma ardência nos pulsos a faz soltar um xingamento não planejado. Você varre o ambiente com o olhar antes de estender a mão para auxiliar o chileno, que luta para manter o equilíbrio por alguns instantes, até finalmente conseguir estabilizar-se.

- Deveríamos ir embora.

- Mesmo? - de sobrancelha arqueada, Pedro a fita com desaprovação - O que aconteceu com mataria por diversão?

Um som sutil e crescente rompe o diálogo. Inicialmente, é apenas um sussurro distante, um leve farfalhar de folhas ou o ranger de galhos sob pressão, ainda é difícil definir com seu coração batendo tão depressa. Mas à medida que se aproxima, torna-se mais audível, são passos cuidadosos sobre o solo irregular. Você e Pedro se encaram por um segundo curto, e sem que palavras sejam necessárias, você vai ter com ele, o ajudando a caminhar o mais rápido possível para longe dali. Pela urgência, conseguem apenas se esconder atrás de um arbusto.

Pedro, fodido do jeito que está, permanece de pé, apoiado em uma árvore larga, enquanto você está abaixada com o pedaço que sobrou do vidro em mãos.

- Tem certeza? - o timbre suave e feminino dança pela quietude da floresta.

Você não prestou atenção em nenhuma fantasia além Ghostface e da Vampira, dessa forma, qualquer pessoa que se aproxima é uma incógnita para ti julgando apenas pelos trajes.

- Existe outra explicação, Michele? - esbraveja - Veio todo pomposo entregando a própria máscara para o Marcelo, achando que somos idiotas. A coitada está presa até agora!

Suas lumes se encontram com a de Pascal por um momento, é como se o desejo obscuro que percorre os seus sentidos te guiasse. Uma coisa é você desconfiar de Pedro e ter sua confirmação, agora terceiros podem vir a ser um problema.

"Eu vou entrar na cabana e nocautear elas", você diz em linguagem de sinais, outro ponto que você e Pedro têm em comum.

Ele assente. Caçadora como é, se espreita pela mata ficando cada vez mais próxima, o vidro segue firme em sua mão e o vestido de Princesa Leia se torna um grande empecilho em sua vida. Avança, abaixada, um olhar clínico a tudo que a cerca, a trilha de passos pesados apenas mostra o quão despreparadas são. Não é como se ninguém soubesse o que acontece entre o Halloween e Finados, para falar a verdade, pelo que pesquisou antes de decidir comparecer é que diversos turistas costumavam frequentar todos os anos para ter sua dose de Noite de Crime. Nenhum jornal fala sobre mortes e desaparecimentos.

Com a porta escancarada, tu se espreita na parede de madeira envelhecida, o corpo grudado e de movimentos cautelosos, o vidro que finca na pele graças à pressão na qual você não nota estar fazendo, as batidas do coração estão mais lentas, o tênue suor escorre pelo centro das costas, entregando uma coceira na qual você pode pode saciar.

- Michele, não temos tempo para joguinhos - murmura a garota de cabelos vermelho-cereja, ela veste um vestido verde bandeira sem graça, seus cabelos são volumosos e enrolados e há um arco e flecha pendurado em suas costas.

- Por favor, Brenda! Você acha mesmo que viemos até aqui para isso?

- Não podemos nos meter, essa é a regra!

- Mesmo com a porra de um assassino?! - a voz de Michele é embargada em medo.

Os olhos se estreitam na medida em que tenta enxergar o que as garotas fazem, mas acredita que estão mexendo no corpo da Vampira. Um passo bem articulado, a curiosidade aflorada que a faz se mover sem qualquer senso de preservação. A princípio, não entende o motivo das garotas estarem arrastando o corpo da Vampira para o canto direito, mas não desvia a atenção em nenhum momento. Michele - uma mulher de trinta e poucos anos, cabelos lisos e escuros na altura da cintura, não usa fantasia nenhuma - segura cuidadosamente no tronco enquanto Brenda é menos cuidadosa, derrubando as pernas em alguns momentos, mas não parece preocupada com isso.

POPULAR MONSTER | PEDRO PASCALOnde histórias criam vida. Descubra agora