𝐉𝐀𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐏𝐎𝐃𝐄-𝐒𝐄 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐄𝐑. O ego possui data de validade. Minha visão escureceu em ódio, estava vencido. Estava passado. O ponto vermelho parecia queimar em minhas costas. Estava imóvel e limitada de ações, aérea.
─ Você vê eles, Hartmann? ─ Disse com calma e em um tom baixo para o loiro em minha frente. Ele estava suando frio, surpreendido pela adrenalina. Homem mimado.
─ Não, comandante. Parece que estamos sozinhos aqui. ─ Suspirou cansado, seus olhos percorrendo os meus. Mikael se aproximou com cuidado, ele era meus olhos e eu, os dele.
Não era a primeira vez que eu era encapsulada pela indecisão. Uma bala nas costas, uma mira na cabeça. Uma agressão, uma cicatriz. Uma bagunça e uma risada. Você aprendia a lidar com isso todo dia na guerra cotidiana da mafia.
─ Não estamos não, pelo jeito. ─ Zombei e olhei pelos meus ombros com meticulosidade. Os sentidos peçonhentos jantaram o horizonte em minha frente.
Atrás de um pilar a alguns metros, avistei minha bela secretária grudada com Gaz. Ri um pouco vendo Mikael se irritar com isso, eles até que eram fofos juntos. Abanei levemente para Silver.
A mesma me olhou tensa, talvez julgando minha aparência. Na situação que estávamos, não era hora de julgamentos. Impossível estar bem vestida para um ataque. Gesticulei com a mão no ar, soletrando enigmas, desenhando um crânio, um antigo sinal ao sargento ao lado dela.
G-h-o-s-t Cadê?
─ O que é isso? ─ O alemão encostou em meu corpo com indignação. Tentando manter a paz interna enquanto mais pontos vermelhos surgiam durante os poucos minutos que se passavam. ─ Sem brincadeiras enquanto você ta sendo observada por inimigos. Desaprendeu, comandante?
─ Faz o favor de ficar quieto. ─ Respondi impaciente. Gaz confirmou aos longes, ele sabia o que fazer. Encarei uma Mercedes branca atrás da torre de comando a nossa esquerda com um par de binóculos pela janela, pensei ser o carro de Price. Estava numa posição segura, pelo menos. O tique em meu olho voltou com a incerteza.
