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AGNES

ESTAVA COMEÇANDO A ME SENTIR NERVOSA. Eu não achava que havia algum motivo aparente, na verdade estava tentando me enganar que não estava pirando por sair com Christian Yu.
Estava em frente ao meu prédio esperando por ele que havia dito que já estava chegando. Encarei meus tênis vermelhos e esfreguei meus lábios um no outro para espalhar o brilho do gloss que eu usava.

Eu me sentia bem. Talvez com um pouco de dor psicológica de barriga, mas nada que não pudesse superar.
O nervosismo falava um pouco mais alto nessas ocasiões, já que fazia algum tempo que eu não saía com alguém que eu realmente estivesse interessada.

Também estava pensando demais se realmente seria uma boa ideia, coisas desagradáveis deveriam ser evitadas. Falando de um modo geral é complicado ser uma garota negra em encontros.

Se é que vocês me entendem, mas caso não, funciona assim: Eles sempre são marcados na calada da noite, um jantar qualquer que iniciam com apenas um objetivo.

Te levar para cama.

O cara pode demonstrar estar o mais interessado possível por você, mas depois isso muda, ele não quer saber o que você gosta, quais lugares gosta de frequentar e qual é o seu sabor favorito de sorvete.
As perguntas são sempre objetivas e relacionadas ao seu corpo. Em hipótese alguma você irá dormir na casa dele ou ao menos levar você até à saída no dia seguinte. Ele não quer ser visto com você durante o dia.

Não acho que Christian seria esse tipo de cara, até porquê ele havia ido para minha casa mais de uma vez, falava comigo, me tocava e até mesmo dormiu comigo sem segundas intenções apenas pelo meu bem-estar, mas mesmo assim, mesmo depois de todas as bandeiras verdes serem erguidas era impossível não me sentir insegura.

Eu não tinha exatamente uma autoestima muito baixa, eu me aceitava. Uma vez ou outra me achava irritante, mas isso é algo que a ansiedade coloca na nossa cabeça, é o que acontece com todo mundo nos dias de hoje.

E ironicamente hoje em específico eu me sentia insegura.

Porque eu queria que ele gostasse de mim.

Mesmo que eu sentisse apenas atração física por ele, saber que ele gostava de mim, da minha presença e gostaria de me ter por perto já era uma vitória para o meu ego que adorava ser inflado.

Uma buzina adentrou meus ouvidos me fazendo acordar dos meus devaneios.

Sai pela porta da recepção e o encontrei estacionado na calçada com um capacete na cabeça e outro repousado em seu braço coberto pela jaqueta preta.

Deus, ele veio dirigindo uma moto.

Pronta? — ele perguntou depois de retirar o capacete.

Só de pensar em subir nessa coisas deixava meu estômago embrulhado. Eu não era medrosa, gostava de brinquedos de adrenalina e até mesmo atividades ao ar livre. Mas pra mim andar em uma moto pelo trânsito era diferente de fazer uma tirolesa.

Eu não perguntaria se iríamos de moto, seria uma pergunta ridícula se eu já sabia da resposta.

Fiz um vinco nas sobrancelhas.

— Vejo que alguém não gosta de motos.

— Não é que eu não goste, não vejo segurança nelas.

— Ou seja, você não gosta.

— Não podemos ir com meu carro? — apontei com o polegar para trás. — Eu pego ele rapidinho.

Ele baixou os ombros.

— Vai perder toda a graça do encontro.

Ele parecia meio chateado.

moth to a flame - dpr ianOnde histórias criam vida. Descubra agora