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                                                     capítulo revisado.

AGNES

QUANDO EU ERA CRIANÇA, eu tinha um processo de cicatrização tão rápido que deixava minha mãe assustada. Ela até mesmo dizia que parecia que não havia dado à luz a uma menina e sim uma vampira.
Já faziam quatro dias que eu havia feito uma tatuagem na cintura e a coceira estava me matando.
Ninguém havia me avisado como uma cicatrização era insuportável. Quando era com Jungkook ele raramente reclamava de algo, eu até mesmo o ajudava com as pomadas e as lavagens em água morna. Mas agora eu estava sozinha e não tinha ninguém para me ajudar a me aliviar.

Talvez tenha sido má ideia agir impulsivamente, mas ser impulsiva era parte da minha personalidade. O lema sobre "melhor se arrepender do que passae vontade" que eu ouvi em algum lugar andava comigo pelo resto da minha vida.

Christian e eu finalmente combinamos o dia do trabalho. Seria hoje às 16h da tarde. E já eram 15h30.
Eu estava tentando organizar tudo o mais rápido possível. Eu não era uma pessoa bagunceira, mas também não era a mais organizada do mundo. Eu conseguia me encontrar no meu método de organização e não o mudaria. Arrumei o estúdio e coloquei uma bebida para esquentar, o outono havia acabado de chegar e eu amava chá de frutas vermelhas em tardes de ventania.

Já passavam das 15h45 e eu tinha organizado tudo, meus equipamentos para o trabalho estavam todos em ordem e a casa arrumada, do meu jeito, mas arrumada. Prendi meus cabelos deixando alguns fios soltos e fechei meu casaco vermelho de tricô.
Eu não estava arrumada, era confortável e a única coisa que eu usava que chamava mais atenção era um colar de pérolas que contrastavam na minha pele. Ao resto eu usava meias quentinhas e uma calça mais larga e meus óculos de grau, que eu usava apenas quando estava em casa.

Não me dei conta de quando bateram na porta pela primeira vez e sim na segunda. Corri alguns metros e à abri. Christian estava atrás dela, com um caderno nas mãos e uma sacola de uma cafeteria que não era muito longe da faculdade e um meio sorriso.

Acho que nunca o vi sorrir, sendo sincera. Nunca o notei de qualquer maneira.

— Oi. — comecei.

— Oi.

— Acho que você está meio adiantado.

— Melhor agora do que mais tarde, não acha?

— É. Você tem razão.

— Mas eu posso voltar depois. — ele levantou o polegar e apontou para atrás de si.

— Ah não precisa... — antes de completar a frase, a chaleira fez um barulho e eu me recordei dela. — Pode ir entrando, a água esquentou — sai em direção à cozinha.

Ouvi a porta fechar e sapatos serem postos na entrada da casa, ri nasalado. Alguém tinha hábitos.

— Você quer um chá? — gritei da cozinha.

— De que sabor é? — ele disse. E me fez pular sem saber que estava ao meu lado.

— Não vi você.

— Desculpe. Eu sou desnecessáriamente silencioso.
— Ele falou e eu assenti com a cabeça, oferecendo à ele camomila ou frutas vermelhas.
Ele preferiu camomila. Servi nossos chás e os brownies que ele havia trazido em um prato. Dizia ser de um amigo que trabalhava em uma cafeteria que preparou e estavam deliciosos.

Depois o levei até o meu estúdio onde tinha tudo preparado. Ele passou os olhos pelo local elogiando as minhas paredes vermelhas. Esse e meu quarto eram os únicos lugares da casa em vermelho. Minha cor favorita.

moth to a flame - dpr ianOnde histórias criam vida. Descubra agora