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Este capítulo contém conteúdo sensível. Fique atento às sinalizações.

AGNES

ERA RIDÍCULO O QUANTO O TEMPO PASSAVA mais rápido quando estávamos com alguém que gostamos. Um dia havia passado, mas ao meu ver estava desnecessariamente rápido demais, no primeiro dia Christian e eu apenas dormimos e eu acordei cedo com uma bandeja de café da manhã posta na cama e um bilhete dizendo que ele havia saído para correr. Eram seis horas de uma manhã de final de outono.

Alguns instantes depois ele apareceu vestindo um moletom cinza com a respiração ofegante e os fios úmidos. Foi direto para o chuveiro sem me dar uma chance de dar um beijo de bom dia, e apenas apareceu quando o seu cabelo cheirava a shampoo e seu sabonete exalava por todo o quarto.

- Você dormiu bem à noite? - eu estava com as costas encostadas na cabeceira enquanto ele estava com metade do tronco por cima de mim - Achei ter escutado alguns grunhidos.

Eu havia tido uma paralisia do sono.

Acontecia muito quando eu era mais nova, e era horrível sentir que algo te assistia enquanto você não conseguia se mexer. Lembro de ter acordado uma vez e ido até o quarto da minha mãe, mas ela me expulsou de lá antes mesmo que eu pudesse colocar meus pés no lençol da cama. Desde então havia aprendido a lidar com elas sozinha.

- Está tudo bem. - sorri fraco para ele.

- Tem certeza? - ele escovou uma mecha do meu cabelo. Eu decidi ignorar como seria estar com o cabelo em completo frizz na frente dele.

- Absoluta.

- Pode me acordar quando tiver pesadelos.

Eu ri.

- Eu sou adulta. Não sou mais criança.

- É, mas eu deveria proteger a minha namorada. - ele encostou a cabeça na minha barriga.

Era como se eu pudesse sentir o meu sangue correr por cada canto das minhas veias. Uma palavra bastou. Eu não tive medo quando ouvi ela sair dos lábios dele.

Acariciei os seus cabelos.

- Eu sou sua namorada? - ironizei.

- E a terceira mulher da minha vida.

Arqueei uma sobrancelha.

- Minha mãe e a Lori vieram antes de você.

Eu sorri.

Eu adorava isso. Esse clima leve, aconchegante e com um pouco de cheiro de casa. Fico imaginando como seria chegar todos os dias e encontrar ele me esperando com os braços quentinhos e abertos e sua voz deliciosa perguntando como fora o meu dia, Lori escalando minhas pernas e Avalon se aninhando nas pernas dele. Acho que poderia viver assim tranquilamente pelo resto da minha vida.
Era cedo demais para imaginar algo desse tipo, mas ainda sim não podia deixar de pensar como seria estar ao lado dele de verdade.

- No que está pensando? - ele tocou meu nariz com o dedo mindinho chamando a minha atenção.

- Em você.

- E ao que devo esta honra?

- Acho que vou sentir saudade.

- E eu sinto sua falta mesmo se ficar há um metro de distância de você. - ele me deu um selinho

Ele era brega.

- Você é muito brega. - eu sorri. Meus lábios ainda encostavam nos seus.

- E você gosta.

Gostava mesmo.

- Quer dar uma volta ou quer ficar em casa? - ele perguntou. Prestes a se levantar quando um estrondo invadiu nossos ouvidos e uma luz branca atravessou a janela.
Movemos a cabeça ao mesmo tempo em direção ao clarão.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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moth to a flame - dpr ianOnde histórias criam vida. Descubra agora