Nada que uma boa dipirona guela abaixo não resolva o problema, Yuri quase partiu dessa para melhor ao sentir aquele líquido amargo que só a buceta entrar na sua boca, só não cuspiu por que não queria preocupar Hajime, e cá entre nós o pobre coitado não tinha força nem para isso, desde que sua consciência ia e vinha.
Hajime estava sentado em uma das camas da enfermeira enquanto abraçava Yuri, esse sentava em seu colo com a cabeça apoiada em seu peito direito, deitado de lado para se acomodar em seu colo, enquanto isso o médico guardava o medicamento que usou na gaveta.
A enfermaria não passava de uma cabana com duas camas para pacientes, algumas cadeiras e gavetas para guardar equipamentos médicos, medicina e remédios. O médico era um senhor bem conservado de cabelos grisalhos partidos no meio na moda coreana, ele usava usava uma calça social preta de botões, um sapato preto e uma camisa social azul marinho de botões e gola W e um jaleco branco por cima de tudo, havia também um bolso pequeno no peito esquerdo onde tinha um crachá e uma caneta pendurada. Apesar ter um rosto aparente bem jovem, ele com certeza era um senhor, mantinha uma postura excelente com ombros bem alinhados porém.
- Certo, por agora ele só precisa se aquecer, o pior já passou - Disse o médico, tirando o óculos do rosto e o pendurando no bolso da camisa. - Ômegas tiveram o azar de possuir uma recuperação muito lenta. Fico surpreso dele ter sobrevivido ao auge do apocalipse, muitos não conseguiram.
Hajime continuou em silêncio, concentrando-se em deixar Yuri aquecido o máximo possível, o que era um pouco difícil já que ainda não conseguiu trocar suas roupas molhadas.
- Hoje é um péssimo dia para ficar doente, ainda mais em um temporal desse. - O médico continuou a falar "sozinho".
Hajime já sabia que o temporal não iria ajudar, vendo como Yuri se encolhia e se apertava cada vez mais contra seu corpo buscando calor. Dava para ouvir seus dentes batendo na boca, fazendo o peito de Hajime se apertar dolorosamente ao vê-lo assim.
- Dá para ver que ele confia muito em você... - Disse o doutor ao se aproximar deles, analisando sua interação com olhos focados e curiosos. - Vocês são parceiros? Ele é marcado?
- Somos apenas irmãos. - Hajime o respondeu breve, desconfortável, mas de certa forma já acostumado com esse tipo de pergunta.
Apesar dos dois estarem há muitos anos ali, sempre chegava pessoas novas no acampamento A e muitas outras iam embora ou eram transferidas para o B, como aquela velinha e a própria Eva, então mesmo que muitas pessoas convivam ali com eles, muitos ainda não os conheciam bem, um bom exemplo disso é o doutor que parece curioso demais com o caso deles.
Talvez a diferença gritante da estatura corporal entre eles não deixasse ninguém perceber que eles eram gêmeos, pois apesar de terem suas semelhanças, Yuri apresentava um rosto mais triangular com bochechas gordinhas e olhos grandes, o que fazia ele ser adorável mesmo com raiva, já Hajime tinha feições mais finas e duras, até os olhos eram mais puxados, o que deixava suas expressões mais sérias e dominantes.
- Sei, então ele não é marcado... - De novo o médico divagou. - Isso explica sua imunidade tão baixa, se fosse marcado ele poderia se curar mais rápido.
- Eu... prefiro não conversar sobre isso. - Hajime o respondeu sério, sentindo a privacidade deles sendo invadida.
Ele não queria ouvir mais ninguém dizendo que seria melhor que ele marcasse seu próprio irmão para que ele ficasse mais protegido. Desde que o apocalipse começou as pessoas passaram a ver o incesto como algo aceitável de uma forma tão rápida que era assustador, ainda mais se fosse uma relação entre irmãos com um alfa e um ômega.
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My Alpha is a Zombie
Science-FictionCerca de 80% da população humana foi afetada por um vírus espalhado pelo ar que os transformaram em zumbis, e os que sobrou, os inafortunados que tinham certa imunidade ao vírus, passaram a tentar sobreviver nesse mundo apocalíptico onde os zumbis e...