CAPÍTULO 9

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POV Camila Cabello

Minha mãe costumava dizer que quando a mulher se torna mãe, tudo muda ao seu redor. Não apenas o corpo, ou a disposição, também a garra para consertar o mundo e torná-lo um pouco melhor para que sua cria não padeça quando não tiver mais a sua proteção. Bom... Ela estava certa.

No dia em que fui forçada a me afastar de Lauren pensei que tudo estava acabado. O tempo não seria o melhor remédio, muito menos a distância conseguiria apagar as lembranças ou esfriar os ânimos. Eu tinha esta certeza. Lauren nunca seria uma figura que ficaria em meu passado, desbotada pelas lembranças. Não. Ela seria sempre forte, presente e necessária. Sem ela eu apenas sobreviveria.

Eu era uma mulher destruída, até que entrei naquele carro, sem saber ao certo o que deveria fazer e fui interceptada por Shawn e sua equipe no momento em que entrei no túnel, em uma ação digna de cinema. Ele criou toda uma situação para despistar Lucy e me salvar das garras dela. Como ele soube? Só depois fiquei sabendo que Ally tinha tudo planejado e, como sabia do dinheiro que Lauren depositava em uma conta no meu nome, conseguiu reunir tudo o que precisava para iniciar a sua vingança contra a irmã.

Quanto à gravidez só descobrimos depois de quase um mês. Eu acreditava que meu abatimento, assim como toda a falta de disposição e enjoo eram frutos da tristeza e saudade que sentia. Por isso comecei a ser treinada como um soldado se preparando para guerra, porém, assim que Shawn soube da minha nova situação, me impediu de continuar e quase me tirou do jogo, porém minha determinação prevaleceu e o convenci a continuarmos com nossos planos.

Três meses após a minha partida a dor pelo que passamos e a saudade ainda era latente, piorava quando eu me olhava no espelho e conseguia ver a quase inexistente barriga. Era um sentimento que me dividia e confundia, porque aquele pequeno ser dentro de mim ainda era tão novo, quase um nada, mas já era o meu tudo. Por ele eu continuava de pé, também por ele eu temia consideravelmente. Tinha medo do que Lucy fosse capaz de fazer se descobrisse, por isso precisávamos resolver tudo em no máximo dois meses.

Sem contar que, estar grávida e não poder dividir esta alegria com a outra mãe do meu filho, era angustiante. Todos os dias as lembranças dela me implorando por um filho, roubando a minha cartela de anticoncepcionais e fazendo planos para um parque no jardim da casa, tiravam o meu ar. Era tão importante e essencial que estivéssemos juntas dividindo aqueles momentos.

Foi pensando nisso que estacionei o carro na garagem dos dirigentes naquela manhã congelante. O ar frio sugeria a ideia de neve e exigia de todos um cuidado maior nos movimentos. Apertei o casaco em volta de mim, peguei minha bolsa e desci, então a vi estacionando sem muitos problemas. Por que Lauren conseguia ser perfeita nas mínimas coisas? Colocar seu carro naquela vaga parecia uma tarefa tão fácil, como se houvesse um trilho que a conduzia, enquanto eu precisava de três tentativas, várias rés de ajuste e o carro ainda ficava torto. Merda!

Ela desceu do carro e rapidamente todo o ambiente foi ofuscado por sua beleza. Lauren conseguia se impor mesmo quando não era a sua vontade. Ela olhou para o veículo com devoção. Revirei os olhos.Todas as vezes que eu via demonstração de amor daquela natureza me questionava o motivo. Era como se o carro fosse o seu próprio membro e, por isso, motivo de orgulho e atenção. Mais uma vez revirei os olhos. Era demais para mim.

Caminhei até o elevador, ciente de que passaria por ela. Meu coração estava descompassado e minhas mãos suadas, mas consegui manter a compostura. Tinha medo do que ela pudesse lembrar, ou de como estaria após uma noite tão complicada. Olhei-a rapidamente e a encontrei me observando. Sua expressão serena e um leve sorriso. Alisei meu sobretudo sentindo-me incomodada com o calor que aquecia meu corpo sob aquele olhar. Eu sentia tanta falta de seus toques.

CAMREN: A Descoberta da Verdade - Minha CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora