4 ◈ PEDRO

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O motorista estaciona o carro em frente ao prédio onde eu moro. Júlio desce primeiro e abre a porta para mim. Sorrio quando ele me puxa para perto e me beija e, em seguida, me abraça.

  — Obrigado por hoje — diz ele.

  — Obrigado também. Me avisa quando chegar?

  — Uhum! — E me beija outra vez. — Até depois.

  — Até depois.

  Ele volta a entrar no carro, que volta a se mover pela rua em seguida. Respiro fundo e entro no prédio.

  O porteiro está sentado atrás do balcão assistindo Conversa com Bial. Passo direto em direção ao elevador e aperto o botão do sexto andar.

  À essa altura da noite já estou completamente sóbrio e sinto um frio agradável no estômago. É incomensurável o quão bom é se sentir apaixonado. Me sinto aquele adolescente que só queria que o crush retribuisse seus sentimentos. Penso sobre isso durante a subida do elevador, em como o destino gosta de plot twist. Agora compreendo, mais do que nunca, que as coisas acontecem no momento certo. A vida não é como queremos, mas como precisamos.

  Quando o elevador apita, saio do meu transe e caminho pelo corredor até meu apartamento. Quando abro a porta, vejo Luan e Érica dormindo aninhados no sofá, enrolados em uma coberta fofinha. O frio do ambiente, causado pelo ar condicionado, me faz arrepiar.

  Tiro os sapatos e deixo-os ao lado da porta. O tapete faz cócegas em meus pés enquanto vou até os dois. Tiro Luan dos braços da minha amiga e carrego-o para seu quarto. Depois volto para a sala e acordo ela.

  Passam exatos trinta segundos até que ela se sente no sofá e me encare com curiosidade.

  — Me conta tudo!

  — Não há nada pra contar — minto, sorrindo.

  — Nem me venha com essa, eu conheço você, queridinho.

  — Tudo bem, eu me rendo. — Me jogo ao lado dela e rio alto. — Foi perfeito, amiga. A gente se beijou.

  Ela grita alto e tenho que beliscá-la no braço para que pare antes que acorde Luan. A gente ri juntos e se abraça e conto tudo para ela com todos os detalhes sórdidos.

  — Então você gostou? — pergunta ela, quando termino.

  — Eu amei. Foi tão perfeito…

  — Quero ser a madrinha.

  — Não poderia ser outra pessoa.

◈◈◈

Os dias passam. Na quarta, quando estou saindo do trabalho meu celular vibra dentro do bolso da calça. É uma mensagem de Júlio, vejo quando entro no carro.

Tá livre hoje?” Diz a mensagem. Penso por um minuto antes de responder, afinal sei que estamos entrando em uma zona perigosa. Em algum momento ele vai voltar para a Inglaterra e vou ficar aqui com o coração destroçado, provavelmente. Mas nem isso me impede de desejar encontrá-lo hoje.

Sim. O que acha de ir jantar lá em casa e conhecer o Luan?” Envio. Ele aceita o convite.

  No caminho, passo no supermercado e compro alguns ingredientes para preparar algo rápido. Não sou um Deus na cozinha, mas sei me virar.

  Quando chego em casa Luan está brincando de carrinho sobre o tapete, a babá está ao lado dele.

  — Boa noite — digo, atraindo os olhares deles para mim.

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