Capítulo Quatro

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Chou Minatozaki Tzuyu Pov

Eu olhava para a menina sentada a minha frente,todas as vezes ela desviava seu olhar do meu e ficava esfregando sua mão.

- Dahyun... gosta de desenhar? - Pergunto e aí sim recebo os seus olhos castanhos em minha direção.

- Amo!...E também sou apaixonada naquelas grandes telas, tintas e pincéis, sabe? - Responde tudo com uma grande empolgação.

- Sei sim. Lá em casa tem uma salinha com esses tipos de coisa,minha esposa gosta de pintar em horas vagas. - Pego uma folha branca.

- Que demais. Sua esposa deve ser uma mulher incrível, você fala dela com os olhos brilhando. - Ela diz sorridente e eu assinto.

- É sim! Mesmo com a condição que ela tem,ela é uma pessoa incrível e é difícil de se abalar com algo. - Boto a folha em sua frente.

- Ela gosta de entrar na frente dos nossos filhos e na minha para nos proteger de qualquer coisa. - Sorrio me lembrando da Minatozaki.

- Que fofa. - Ela diz e eu ri.

- Pinte comigo. - A convido,então a mesma pega um lápis de cor.

- Sabia que pintar,também é uma terapia? - Pergunto e a adolescente assente.

- Sei sim. - Responde baixo.

- Ajuda muito a libertarmos tudo o que está dentro de nós e,sem contar que a pintura expressa tudo o que estamos sentindo. - Presto atenção em meu desenho.

Apenas estou pegando lápis de diversas cores e pintando toda a folha,sem deixar nenhum branco nela. Isso ajuda muito a quem tem,ansiedade,depressão,esquizofrenia e muitos outros tipos de coisa,pois a pessoa se concentra em algo que faz bem, muitos ficam até mais leves depois.

- Qualquer coisa que quiser falar...sou toda ouvidos, Dahyun. - Digo calmamente sem parar o meu trabalho.

Um silêncio bem confortável se instalou entre a gente,apenas era escutado o barulho bem baixo não muito audível do ar condicionado e os lápis rabiscando nas folhas.

-...Eu queria só um pouco da atenção da minha mãe, sabe? - Começa e eu apenas assinto.

- Desde que eu fiz 13 anos,comecei a ter certos... "desejos estranhos",que é o que meu pai fala..eu passei a ter um tipo de atração por garotas,até pensei que isso fosse um grande problema..- A olho parando de pintar.

- Gostar de garotas não é um grande problema;como todo mundo diz. Se você gosta está tudo bem Dahyun e está tudo bem ser diferente dos outros. - Abaixo o lápis na mesa.

- Nós vivemos em uma sociedade julgadora,que sempre vai julgar qualquer coisa pelos mínimos detalhes. E sabe,nós temos que fazer a diferença. - Completo e a vejo assentir.

- Há....dois anos atrás me assumi lésbica e,bom eu não tive todo aquele apoio dentro de casa que eu pensei que teria. - Deu um suspiro choroso.

- Meu pai definitivamente não gosta disso e ele já deixou muito claro,então ele não me trata mais como a filha dele,mas tipo,ele fala comigo,mas não é mais como antigamente. - Suspira novamente.

- E você se arrepende disso? - Pergunto pegando em sua mão.

- As vezes sim,mas...eu não tenho culpa sabe,é algo que,que,que...- Começa a ficar nervosa.

- Se acalme meu bem. Eu te entendo perfeitamente e olha,você não tem que se arrepender de ser lésbica, é algo que esta na sua natureza gostar de mulher. Não veja isso como um problema, você tem o direito de amar uma pessoa do mesmo sexo,aliás...toda forma de amar é válida. - Dou um sorriso confortante.

- Obrigado pelas palavras..- Diz baixo e eu nego.

- Não precisa agradecer...estou aqui pra isso. Pra ajuda-los a se entender. - Faço um carinho em sua mão.

- E bom...sua mãe? O que ela acha disso? - Completo.

- Minha mãe não fala nada,apenas fica quieta sobre isso,quando eu me assumi,o único que falou algo foi meu pai..- Umidece os lábios.

- Minha mãe fica mais preocupada com as coisas dentro de casa, o trabalho dela,se a comida vai ficar boa pra quando o papai chegar em casa,se as roupas dele estão nos lugares certo e dobradas corretamente. E ainda tem o meu irmão mais novo..ele sempre tem que ter toda a atenção, então...eu estou sempre..sobrando. - Completa com tristeza em sua voz.

- Não diga que sobras, Dahyun. São sua família, eles amam você, mas acho que eles são não percebem que essa falta de comunicação contigo está te fazendo mal. Talvez o melhor seja,você se impor, "levantar" sua voz e dizer o que está incomodando. Entende? - Explico e ela assente devagar.

- Como eu disse,sou toda ouvidos para todos os alunos,sempre que quiser vir aqui pra desabafar ou até mesmo pra chorar,está tudo bem,pode vir..é pra isso que serve a orientação escolar. - Aviso e a mesma volta a assentir a cabeça sem falar nada.

- Eu vou chamar um responsável seu no colégio, para poder conversar sobre você. - Me olha.

- Mas pode deixar que eu não irei dizer nada do que conversamos, isso é um segredo que fica entre nós, nada sai daqui. - Falo calmamente pegando um papel de bilhete em minha gaveta.

- Vou mandar um bilhete e você entrega pra sua mãe ou para o seu pai,para comparecerem aqui na terça feira,tudo bem? Irei falar para seu responsável pegar um encaminhamento para um psicólogo...eu te garanto que vai ser muito bom pra fazer uma terapia. Eu fiz em uma fase da minha vida e confesso pra você que me sinto bem melhor, me tornei até alguém diferente do que eu era no passado. Problemas todo mundo enfrenta, dentro ou fora de casa e acho que até todas as pessoas precisam fazer uma terapia...bom e, está tudo bem pra você? - Pergunto para me assegurar disso.

- Está sim.. - Responde e ela apenas assente.

- Obrigado mesmo,por isso. - Ela se levanta e eu me levanto automaticamente.

A jovem vem em minha direção me abraçando,eu apenas Retribuo o abraço apertado dela e escuto o seu choro,faço um carinho em suas costas e a deixo chorar para por tudo pra fora.

Continuação...

Years Later | Danhyo e Sahyo G!POnde histórias criam vida. Descubra agora