Capítulo três.

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Não era nada cedo quando o despertador irritante empestava todo o quarto escuro que, de cortinas fechadas, nem sequer uma fresta de luz invadia o cômodo ocupado unicamente por um ser muito irritado com o som que escutava, fazendo um bom esforço para desligá-lo. Os olhos ainda sonolentos e que mal se abriam visualizaram o horário com dificuldade; três da tarde.

Os rapazes haviam saído pouco após encontrarem-se com os cantores, o sol já se revelava por entre os céus, e todos eles apenas queriam suas camas para deitar – e, talvez, chorar. Assim que chegaram no endereço, pediram um Uber para todos, tendo como primeira parada a residência de Isagi, onde o Chigiri permaneceu, e segunda parada a residência dos Itoshi, onde Bachira ficou pela noite – provavelmente onde estaria até agora, mas o ruivo não iria atrás.

Em meio a um suspiro o qual entregava todo o seu cansaço e irritação, os dígitos foram-se a desativar o som configurado pelo celular, que foi largado de lado logo mais quando o homem apenas afundou o rosto no estofado, planejando voltar ao seu descanso, já que sentia sua ânsia atacar junto de sua dor de cabeça, que também se espalhava como dores incômodas por todo o físico. Precisava dormir por mais eternas horas, mas não conseguiu nem por uma sequer, o celular tocou outra vez.

— Que porra, quem é o doente que tá me ligando? — Praguejou até a primeira geração da família do ainda desconhecido enquanto tentava identificar o número exposto na tela, identificando um número desconhecido por si. Outra razão para ignorar e voltar a dormir. — Quem é? — A voz se arrastou. Havia atendido.

— Eu sabia que estaria de mau humor. — Ouviu uma risadinha acompanhar a voz estranhamente familiar, não conseguia lembrar de onde a conhecia com tamanha dor de cabeça, e a ressaca ainda nem havia batido com força. — Bom dia, Itoshi-san! Já está arrumado? — Cantarolou docemente em meio às falas, se divertindo com os resmungos insatisfeitos ouvidos e expondo isso.

— Teera... — Chamou em bom tom, se sentando à cama. — Estou de ressaca. Não. — Avisou, sentindo o gosto amargo na boca.

— Você nem fica bêbado, senhor azedo. Vamos, temos horário, você prometeu que iria sair comigo. — Ouviu o bufar incômodo, seguido de algum ruído estranho.

— Lembro que falei o seguinte: "Tee, não posso confirmar nada, vou sair com meu irmão mas vejo se dá". Infelizmente eu não vi porra nenhuma, felizmente não vai dar, boas compras. Estou desligando. — O botão vermelho foi rapidamente pressionado, nem mesmo ouviu os gritos de reclamações da mulher ao outro lado da linha por já ter afastado o celular da orelha.

Não fizeram quinze segundos que havia encerrado a ligação, quando o vibrar do aparelho fez-se presente novamente à mão do amarelo, que sentiu o coração pulsar fortemente em raiva. Estressado, manteve os olhos fechados ao atender a ligação, já se adiantando;

— Teera, não estou com saco hoje, muito menos com tempo. Insista mais um pouco e eu te mostro com quantos socos na cabeça se mata alguém. — Estava ríspido, frio, explosivo. O sujeito que havia ligado achou divertido.

— Eu até perguntaria quem era para confirmar que não fui feito de mula pelo ruivinho gato do último show, mas essa voz responde tudo. Boa tarde, Itoshi. — O timbre grave, convencido, soou. Havia um riso solto aos lábios, este qual Sae não ouviu, estava tentando se localizar. — Sentiu minha falta? Eu falei que iria te ligar.

— Você...? Ah.

O cantor do último show. Buceta.

— Boa tarde, Shidou. — Cumprimentou, ligeiramente envergonhado, mas não transparecendo na ligação, apenas ao gritar em silêncio enquanto se contorcia pouco antes de voltar a falar. — Perdoe-me pelo início da ligação, uma amiga vinha me atazanando desde cedo, então eu pensei... — Deixou a frase inacabada, nervoso.

𝐑𝐎𝐂𝐊 𝐓𝐇𝐀𝐓 𝐒𝐇𝐗𝐗 𝐃𝐎𝐖𝐍!, 𝘀𝗵𝗶𝗱𝗼𝘂 𝘅 𝘀𝗮𝗲.Onde histórias criam vida. Descubra agora