Capítulo 14 - Uma antiga conhecida

46 10 24
                                    

Ao ser deixado sozinho, LiMing aproveitou e fechou seus lindos olhos para sonhar um pouco. Seu cérebro, para deixá-lo feliz e intrigado, levou-o para memórias da sua antiga vida, a qual ele aproveitava com diversas mulheres e bebidas um tanto indecifráveis ao seu paladar, já que ousava misturar vários licores juntos.

A raposa costumava ir, na maioria das noites, à Casa de Música Pin. Era lá que ele via o quão bem cuidadas estavam as mulheres mundanas e como havia tantos homens sujos e podres no mesmo ambiente do que tais musas.

A casa era cheia de detalhes ricos nas paredes. Desenhos de flores de cerejeira eram espalhadas aos arredores; vasos típicos e de uma certa nobreza. Os quartos eram cheios de almofadas coloridas e em cada um havia uma lanterna vermelha para iluminar o cômodo, deixando-o mais proporcional a suas funções.

"Lorde LiMing, você veio hoje!", uma jovem chegou perto do maior e abraçou-o por trás. "Estávamos com saudades! Qual será a jovem de hoje?"

LiMing abriu um sorriso modesto e pegou os braços da jovem, fazendo um breve carinho.

"Gostaria que fosse você, o que acha?"

"Eu?! Mas... Eu não tenho nada a oferecer de diferente, Lorde LiMing..."

Ele virou para frente e agarrou a cintura daquela belíssima mulher. Abaixou o rosto e deu-lhe um breve beijo, olhando para cada detalhe físico. Ela tinha longos cabelos pretos lisos e seus olhos eram escuros; em suas bochechas, mais especificamente nas maçãs do rosto, haviam várias sardas, deixando-a com uma feição delicada. Tinha uma beleza interessante e, como todas as mulheres que passaram pela vida de LiMing, ele a achou única e rica em características predominantes.

"A sua timidez já é fascinante. Vamos para o quarto, querida. Te darei a melhor noite de sua vida."

Após aquela frase, LiMing e a jovem tiveram uma longa noite, com direito a suspiros, arranhões, gemidos e muitos sentimentos envolvidos entre ambos.

Porém, o rosto da jovem, de alguma maneira, foi se desintegrando. LiMing arregalou os olhos e notou que, aquele mesmo corpo era exatamente da mesma forma que a Segunda Esposa do líder Guang.

"Que porra... É essa...", LiMing comentou, pulando fora da cama e correndo para o mais longe possível daquele corpo.

E desse susto, acordou suado.

Ele olhou para baixo e agradeceu aos céus para que tudo aquilo tivesse sido um sonho. Entretanto, também repensou sobre o sonho. Realmente conhecia a Madame Ya, ele havia transado com ela e também tirado sua vida. Como raios ela estava em pé e ainda por cima casada com um homem de tanto poder?!

"Rosto desintegrado... Rachado... Isso me faz lembrar uma Changui. Caso a Madame Ya seja uma changui... Isso significa que, depois de eu matá-la, esse espírito a possuiu e está usando o corpo dela...", ele faz uma careta, pensando seriamente a respeito. "Que nojinho."

Seus pensamentos foram cessados quando novamente a porta abriu e BaiXue apareceu com um minúsculo potinho em suas mãos. A raposa abriu um sorriso imenso e fez questão de, assim que sentou novamente em uma posição confortável na cama, abanasse seu rabinho.

"Sentiu saudades?", ele perguntou à mulher, que soltou uma rápida risadinha.

"Seu jeito de falar é engraçado, raposinha! Me pergunto como HuanGhun tem paciência contigo. É algo muito surreal!", ela respondeu, indo em direção ao outro. "Ele não é muito tolerante a brincadeiras. Digo isso pois o conheço desde pequeno!"

"Desde pequeno? Vocês são amigos de infância?"

"Sim e desde pequeno ele tem esse jeitinho com pouca paciência. Porém, tudo meio que piorou depois da guerra... Algo bem compreensível. Mas, sou muito mais amiga da irmã mais velha dele. A-Chun é minha melhor amiga! Eu a admiro tanto!", um brilho apareceu nas pupilas dilatadas de BanXue. Parecia realmente ter uma grande admiração e orgulho de Guang Chun. "Enfim, preciso pegar um pouco do seu sangue e colocar nesse potinho."

Ela apontou para o potinho em suas mãos e tirou uma pequena faca afiada do bolso.

"Por que?", a raposa perguntou, indo para trás, com bastante receio. "Nenhuma hulijing dá de graça seu sangue dessa forma. Por que você quer fazer isso?"

"É meu último trabalho desta tarde. HuanGhun estuda muito a respeito das hulijings."

Um silêncio foi permeado ao redor daquele cômodo. LiMing ficou inteiramente impressionado com aquele comentário e gostaria de realmente saber mais a respeito.

"Por que ele tem essa admiração por um estudo dessas criaturas de Diyu?", perguntou o maior, estendendo o braço esquerdo para que BaiXue fizesse o trabalho.

"Não sei te responder isso... Mas, ele pegou bastante curiosidade pós-guerra. Deve ser por conta do que aconteceu com seu irmão mais velho."

LiMing arregalou os olhos. Essa história de Guang Chang... Parece ser um mistério dentro desse clã.

"O que quer dizer com isso?"

Baixue pegou a palma de LiMing e fez um pequeno corte na mesma, tirando um pouquinho de sangue e colocando-o no potinho. Após isso, olhou-o e abriu um sorrisinho leve meigo.

"Creio que eu não seja a melhor pessoa para lhe contar sobre o ocorrido. Quem sabe, um dia, o próprio HuanGhun te contará!"

"Mais fácil uma hulijing ser virgem do que HuanGhun contar sobre seu irmão mais velho."

BaiXue deu uma longa gargalhada e se afastou da raposa. Dando um sinal de saída, a mulher se retirou da sala sem dizer mais nada e novamente LiMing foi deixado a sós. Ele levantou da cama e olhou para a fresta de uma porta de correr lateral, a qual dava para verificar como estava o tempo lá fora. Já estava chegando a noite e o seu próximo trabalho viria.

Humanos são confusos... Mas também fascinantes, pensou ao lembrar das ações de HuanGhun, as frases misteriosas de BaiXue, da alegria de Luli e entre outros mundanos.

OBSERVAÇÕES:

- Casa de Música: Era um local no qual havia músicos e concubinas; mais conhecido como um bordel.

- Lanterna Vermelha: Lanterna típica chinesa. São vermelhas e ovais, decoradas com amarelo ou dourado e que representam prosperidade e boa sorte.

- Changui: Espíritos de aparência horrível que se acredita serem espíritos de mulheres que morreram durante o parto ou demônios que causam o infortúnio.

Recadinhos da Ale Yang:

Esse capítulo ficou meio corridinho e pequeno. Peço desculpas! Eu fui em um evento geek e voltei bem doentinha. Só queria ficar dormindo (choro).

Espero que, por mais que tenha sido curto, tenham gostado do capítulo! A cada novo capítulo, mais mistérios vão ser apontados e as teorias irão continuar.

Obrigada por todo o apoio!

Até domingo (19/11)!

The Making of a TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora