Capítulo 15 - Novas informações

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A noite chegou e LiMing já estava totalmente revigorado. O tratamento de BanXue tinha resultado em um grande sucesso e o seu próprio descanso também.

Ele saiu da cama em um pulo e foi direto para o espelho extenso que havia em uma parte próxima a uma prateleira de potinhos um tanto duvidosos. Deu uma boa olhada no reflexo e abriu um sorriso exuberante ao ver que seu rosto já estava em perfeito estado.

"É muito prazeroso ser tão belo desse jeito. Deve ser muito difícil para HuanGhun. Não gostar de mim e ter que ver uma raposa tão linda todos os dias", ele disse, dando rodopios para ver toda a sua roupa, que estava arrumadinha e sem muitos amassos. "Certo, agora... Onde pode estar o meu Mestre?"

Esse questionamento foi o princípio para fazê-lo sair do quarto sem sequer alguma ordem e começar a vasculhar o clã.

A casa principal era enorme e com vários corredores internos. Se não tivesse um bom senso de direção, certamente se perderia e teria que pedir por ajuda. Além disso, por alguma razão, todos os corredores tinham cheiros diferentes. Alguns eram puxados para o doce aroma de poesias, outros de incenso e alguns de fortes ervas medicinais.

"Pelo menos é um clã cheiroso", comentou a raposa, continuando a andar e a procurar Guang HuanGhun.

Em sua caminhada, optou por escolher um dos corredores que havia cheiro de incenso que lembrava vagamente da fragrância de uma flor de lótus. Ao chegar no destino, se deparou com uma imensa sala com várias almofadinhas no chão e muitos brinquedos jogados entre os arredores. Além desse fato, em cada ponto daquela sala havia uma pequena mesinha com um incensário dourado em cima, queimando os incensos.

"Que lugar agradável para tirar um cochilo e...", antes que LiMing pudesse testar uma das almofadinhas, algo subiu em suas costas e o apertou. "MAS QUE PORRA..."

Uma risada infantil ecoou nos ouvidos do maior, aliviando-o.

"Luli?"

"Oi! Sou eu! Luli!", a menininha disse, descendo das costas e indo para frente da raposa. "A segunda mamãe veio buscar comigo uma das minhas bonecas favoritas! Eu adoro dormir com ela!"

Ela se abaixou para pegar uma boneca de pano que vestia uma saia e blusa brancas. Após isso, levantou novamente e mostrou o brinquedo à raposa.

"Essa é a YinYin!", a menor colocou a boneca em seu ouvido. "Ela acabou de me dizer que gostou muito de você! Eba!"

LiMing sorriu com gentileza e fez seus cumprimentos mais respeitosos à pequena bonequinha.

"Fico lisonjeado por isso, pequena. Gratidão aos sentimentos da sua amiguinha por mim."

Luli riu com uma alegria única e correu para a porta, a qual estava esperando, na frente, a Madame Ya. Ela estava com os braços cruzados e olhando com uma grande irritação à LiMing, que apenas enviou uma piscadinha com seu olho direito.

"Boa noite, Madame Ya. Há algum problema?", ele perguntou, usando um tom irônico em suas palavras. Claramente querendo irritar a outra.

"Você não devia estar trabalhando ao invés de ficar em um cômodo para crianças?', ela retrucou, pegando Luli no colo.

"Estou procurando meu Mestre e acabei me deparando com o cheiro maravilhoso que rodeia esse quarto. Você que os colocou?", apontou para os incensos.

"Sim. Algum problema?"

"Incensos em cada canto de um cômodo... É para gerar um equilíbrio e calmaria. Anda estressada?", passou levemente o indicador em seus próprios lábios e depois o mordeu. "Deve realmente ser muito difícil aguentar tantas mentiras para manter-se em uma posição alta. Não acha?"

Madame Ya soltou um suspiro irritado e olhou para a pequena em suas mãos. Ela respirou fundo e deu um rápido beijo na testa da menor.

"Vai para seu quarto, Luli. Logo estarei lá, tudo bem?", disse, colocando-a no chão. Em seguida, Luli apenas saiu andando e cantarolando com a bonequinha. Ela realmente estava feliz por ter aquele brinquedo e mostrava como era importante para si.

A mulher entrou no cômodo de uma vez por todas e caminhou até LiMing, que ria freneticamente com tudo que estava acontecendo e até caiu em cima de uma almofadinha. Irritada, ela chutou com uma força absurda uma das casas de madeira que lá haviam, destruindo-a por completo.

"Como você ousa quase estragar tudo na frente de uma criança?", Madame Ya comentou, olhando-o com raiva. "Eu odeio raposas. Sempre odiei e continuarei odiando-as. Vocês não sabem calar a boca e ficarem no seus devidos lugares."

"Eu nem disse o que queria dizer!", LiMing respondeu, com um sorriso imenso no rosto. "Você se auto delatou sozinha, querida."

Madame Ya abaixou-se e agarrou fortemente o hanfu de servo da raposa, aproximando os dois rostos com tamanha irritação. Os olhos da mulher se tornaram cinzas e algumas veias apareceram na lateral de seu rosto, juntamente a cascas de pele ressecadas. Igual ao sonho de LiMing.

"Como você descobriu? Eu passei anos com esse disfarce", a changui se pronunciou, deixando amostra um pouco da sua verdadeira forma.

"Raposas são inteligentes. Nada passa por debaixo do meu nariz", ele apontou para o seu narizinho arrebitado. "Na verdade, eu lembrei do corpo que você está usando."

Madame Ya soltou o hanfu da criatura de Diyu e cruzou os braços.

"Por isso que esse corpo fica arrepiado quando você está por perto. Você comeu essa mulher."

"E você comeu a alma dela. Estamos quites, certo?"

Ela soltou um suspiro e virou de costas. Começou a mexer em seu rosto, como se estivesse o moldando. Depois de alguns minutos retornou a olhar para LiMing. Sua face já estava absurdamente linda novamente.

"Imagine se o Líder Guang soubesse que sua Segunda Esposa é uma changui...", a raposa comentou, estendendo os braços para trás. "Eu poderia falar nesse exato momento e..."

"Você não ousaria entregar um outro da sua espécie."

"Eu matei uma jiangshi ontem. Não duvide de mim."

A changui soltou um suspiro pesado. Não tinha mais argumentos.

"O que eu devo-lhe dar em troca desse segredo?"

"Informações", LiMing coçou a nuca, um tanto curioso. "Percebi os yaomos estão mais próximos do mundo dos mundanos. Nunca vi uma jiangshi ficar tão rente a uma casa e muito menos uma changui casando-se com um líder. Qual o motivo disso?"

Os olhos da bela mulher se arregalaram.

"Você não tem ideia do que está acontecendo?"

"Não mesmo. Por isso estou lhe perguntando, querida."

"Depois da guerra, perdemos muitos de nós. Então, os yaomos estão tentando se assemelhar aos humanos para não serem mortos."

"Mortos?", LiMing arqueou uma sobrancelha. Desde quando yaomos tinham medo da morte? "Isso não faz sentido e..."

"O assassino, LiMing. Ele perambula pelas cidades e não está matando apenas humanos", a mulher olhou fixamente para os olhos dourados da raposa, que transbordavam uma curiosidade insana e uma certa preocupação. "Ele está matando yaomos e de formas piores do que as dos humanos."

Ela começou a caminhar de volta para a porta, já se recompondo de tudo que aconteceu e desejando retornar a Luli. Entretanto, antes que saísse, LiMing mais uma vez a chamou:

"Você e as outras criaturas de Diyu sabem o motivo. Certo?"

Madame Ya assentiu com a cabeça e antes de sair do cômodo, respondeu, com uma voz fria e melancólica:

"Ele está em busca de alguma vingança. Contra todos nós."

Recadinhos da Ale Yang:

Um yaomo irritado com outros yaomos... Rapaziada... Isso vai deixar a mente de LiMing maluquinha...

Espero que tenham gostado do capítulo.

Até domingo (03/12)!

The Making of a TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora