Capítulo 23 - A ironia do símbolo de Tao

25 5 9
                                    

Assim que LiMing abriu a porta, sentiu uma imensidão de cheiros diferentes. Havia o aroma de ervas medicinais, aquelas mesmas que uma certa vez notou na área de repouso que BaiXue fez o trabalho de cuidar de si enquanto estava desmaiado; os incensos queimando e já queimados eram o que mais predominava naquele quarto; as flores murchas jogadas no chão era algo assustadoramente belo; as plantas rasgadas e já quase durinhas pelo tempo que estavam naquele ambiente mórbido; por fim, maçãs e pêssegos estavam cortados em cima de um pequeno potinho da mesma mesa de madeira que tinham bem rente a porta de correr. LiMing queria mordiscar, mas pensou duas vezes antes de agir.

Depois de sentir esses aromas mais suaves, deu mais alguns passos para dentro do quarto, procurando algo que poderia acender melhor todo aquele cômodo escuro. Porém, seus olhos de animal estavam cansados e não o ajudaram. Logo, a raposa tomou a atitude de usar sua energia própria para iluminar. Ele estendeu a mão direita e em sua palma um fogo amarelo com tons cinzas no meio surgiu.

Com total esperança de funcionar, ele expandiu seu fogo para alguns arredores do quarto, a fim de procurar velas. E, por grande sorte, seu fogo achou justamente três velas brancas, que ajudaram, em uma grande parte, a alcançar seu objetivo de iluminar quase por completo o quarto.

Quando fez isso, repensou se aquele esforço todo teria sido uma boa ideia. O que estava à sua frente fora algo que jamais viu em todos esses anos vagando em casas de humanos.

Diferente da primeira mesa que observou ao entrar no quarto, a segunda era bem mais comprida e alta; havia inúmeros pedaços de carne com talismãs em cima, como se houvesse algum feitiço para que o odor não prevalecesse no quarto e descobrissem aquilo. Do lado dos pedaços de carne tinham instrumentos de corte, principalmente facas afiadas que certamente poderiam cortar qualquer tipo de pele, até mesmo de seres imortais.

Uma grande ironia aquele quarto ter o símbolo de Tao gravado na porta, quando, na verdade, não há um resquício de vida e sim apenas a sensação de morte, LiMing pensou, aterrorizado com aquela visão. 

Seus olhos claros foram diretamente para a grande prateleira que estava atrás da mesa maior. A prateleira estava cercada de livros e pergaminhos antigos, como se já tivessem sido lidos inúmeras vezes até as páginas ficarem um pouco prejudicadas; além disso, notou que, como apoio dos livros, em algumas partes haviam frascos cheios de água com alguma coisa dentro.

LiMing engoliu todo o nojo que estava sentindo estando em um lugar tão esdrúxulo como aquele e andou em direção a grande prateleira. Ele pegou o primeiro frasco que viu. O sacudiu e escutou um barulho esquisito batendo no vidro. Olhou bem atentamente para o que lá havia e quando descobriu, deixou o frasco cair no chão pela tamanha enxurrada de sentimentos de horror que baixaram em seu corpo.

Após o frasco ter caído, dedos longos e com unhas afiadas foram vistas. LiMing levantou a própria mão e comparou seus dedos àqueles caídos no chão e já sem vida.

A fisionomia era idêntica, ou seja, eram dedos de uma hulijing.

"Merda... Acho que descobri alguma grande verdade desse clã e aproveitei pra fazer mais merda...", LiMing se abaixou, tentando juntar forças para não vomitar. Teria que ser obrigado a pegar os estilhaços do vidro e os pequenos pedaços do dedo todo deformado. Entretanto, assim que desceu, olhou para o que tinha debaixo da grande mesa e parecia que, a cada vez que olhava para algum redor do cômodo, mais a vontade de chorar de tamanha nojeira aumentava. "Eu não aguento mais isso..."

Lá estavam várias espadas cheias de sangue. A diferença era que o sangue estava realmente fresco.

"Certo. Eu preciso sair urgentemente desse lugar. Isso tá pior do que Diyu e...", antes que pudesse falar qualquer outra coisa, as orelhas da raposa alertaram um novo som a caminho. De tal forma, LiMing se enfiou debaixo da mesa e encolheu todo seu corpo.

The Making of a TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora