Capítulo 20 - O aroma que gerou dúvidas

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LiMing e a serva loira caminharam para a direção onde se encontrava o Jardim das Memórias. Pelo visto, era onde os entes falecidos estavam enterrados. Os humanos tinham o costume de realizar rituais fúnebres que compreendiam um conjunto de tradições associadas com rituais espirituais dependente da idade do falecido, da causa da morte ou do status social e civil. Após os rituais, alguns falecidos tinham suas cinzas colocadas em vasos, outros embaixo da terra e os de grande poder em mausoléus.

"Guang Chang era um cultivador, correto?", a raposa perguntou, querendo gerar um pouco de conversa. Odiava caminhar em silêncio e gostaria de tentar compreender mais a história misteriosa do rapaz que sentiu-se solitário e cheio de dores na mente.

"Sim. O melhor entre todos os outros cultivadores de diversos clãs. Ele era visto como um homem grande e de muito poder", a mulher respondeu, olhando de lado para LiMing, que a escutava com atenção. "Guang Chang tinha uma força sobrenatural dentro de si. Pelo que soube, seu núcleo dourado era forte e valia por quatro!"

"O núcleo dourado dele valia por quatro outros? Isso é impossível..."

"Não estou mentindo! Aquele homem podia ter uma feição delicada, porém... Seus golpes e formas de matar mostravam o contrário. Ele soube ser bem maldoso na guerra."

"O que quer dizer com maldoso em uma guerra? Isso não é o comum? Há sangue espalhado por toda parte e..."

"Mas a forma a qual Guang Chang matava era de um jeito único. Não era belo, como ensinava aos guerreiros. No caso, a matar com apenas um golpe. Ele...", a loira estremeceu-se, parecendo lembrar de alguma coisa que havia visto durante a guerra. "Algumas vezes, fazia questão de pegar um dos yaomos e vê-lo gritar até a própria voz parar de sair da garganta."

LiMing arregalou os olhos. Essa forma de matar era bem praticada por yaomos. Não por humanos.

"Quando aprendeu o cultivo yin, deve ter visto mais formas de matar um oponente da mesma forma que a criatura o mataria", ele respondeu, dando de ombros. "Aparentemente Guang Chang era bem visto pelos humanos e temidos pelos yaomos. É um título realmente forte."

Enquanto conversava sobre esse assunto com a serva loira, a raposa retornou vagamente a suas memórias dos dias que estava entre os yaomos. Bebiam, assustavam e devoravam os humanos. Mas, o seu maior companheiro durante toda a viagem foi justamente HuaKun, no caso, FengHuo. Ambos sabiam certamente como atormentar humanos e os próprios yaomos com suas belezas e força indomável. Odiava admitir, mas sempre foi assim: ele e FengHuo eram bons como uma dupla de assassinos.

Seus pensamentos foram cortados quando chegou a uma imensa porta de madeira que apresentava cinco talismãs para reprimir espíritos obsessores ou selvagens. A serva virou o corpo para olhar diretamente a hulijing. Ela estendeu um colar com uma pequena pedra de quartzo.

"Por que está me dando isso?", LiMing questionou, pegando o colar.

"Como você viu, a porta está repleta de proteção contra yaomos. Então, estou lhe dando um colar enfeitiçado com os poderes da Bruxa das Serpentes, a fim de que você passe com a energia Yang."

Todos os pelos da cauda da raposa se arrepiaram. Todas as criaturas de Diyu conheciam a história da Bruxa das Serpentes. Era uma feiticeira humana que praticava o taoísmo de forma um tanto brusca e um tanto nojenta. Dizem as lendas que ela até havia ingerido sangue de uma jiangshi para entender melhor a energia yin e consumi-la de uma maneira especial e mais forte do que qualquer outro cultivador demoníaco. E, a única que conseguia compreendê-la e ajudá-la em tais métodos nem um pouco saudáveis era a sua assistente, a Bruxa do Sangue Branco. Não havia muito sobre ela nas conversas de Diyu. Pelo contrário, sequer citavam sobre a garota. LiMing só sabia de sua existência pois uma das mulheres que transou havia mencionado sobre a lenda de forma mais abrangente e detalhada.

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