Capítulo 24 - Uma morte imprevisível

32 7 17
                                    

Após toda aquela enxurrada de informações e um certo arrepio percorrendo todo o corpo, LiMing pensou em recorrer a Madame Ya e contar tudo que havia visto. Ela poderia saber de mais alguma coisa, principalmente a presença antecipada de HuanGhun na casa. Pelo que a carta do Shizun dizia, o Jovem Mestre Guang só voltaria no dia seguinte, não nessa noite e muito menos naquele estado tão nojento e nem um pouco parecido com o de costume, no caso, limpo e arrumado.

Quando voltou aos corredores dos dormitórios, notou algo diferente de antes: a agitação. Várias servas saiam dos aposentos do Líder e sua esposa.

Algo tinha acontecido.

LiMing olhou para uma serva magrinha e assustada, que segurava panos molhados. Pelo cheiro, a hulijing confirmou algo que não pensava que veria tão rapidamente: o sangue de um yaomo. Diferente dos humanos, as criaturas de Diyu não sangravam totalmente em vermelho pelo ferro do corpo. O sangue, na verdade, era misturado com cinza. Ficando quase em um tom de preto, se fosse bastante a perda. E pelo que estava cheirando, a perda havia sido muita.

"Com licença", LiMing cutucou a serva assustada, fazendo-a voltar à realidade. "O que aconteceu por aqui?"

"A Madame Ya...", a menina engoliu o choro e mordiscou os lábios, olhando aterrorizada para os panos ensanguentados. "Foi encontrada morta."

A raposa arregalou os olhos. Isso não era possível. Ele teria escutado algo ou sentido o cheiro de sangue. Poderia ter ajudado a changui a lutar pela própria vida, por mais que tivessem suas diferenças e atritos.

Sem mais delongas, correu em direção ao quarto, tropeçando nas servas e até mesmo empurrando algumas, pelo tamanho desespero. Seu coração estava batendo forte. Não sabia se era nervosismo pela situação ou um certo temor do que poderia ter acontecido para uma criatura de Diyu ter sido morta de forma tão fácil e imprevisível.

Aquilo só poderia ser um trabalho do assassino.

"LiMing", uma voz grossa interrompeu seu andar e seus pensamentos. A hulijing virou-se e viu o Líder Guang, com os braços cruzados e lágrimas escorrendo pelo rosto. "Onde você estava?"

"Eu estava averiguando outros corredores e...", não podia contar sobre o que virá. Não sobre HuanGhun ensopado de sangue. As coisas não iriam cair bem para seu Mestre, por mais que não tivesse entendido o porquê daquilo. "Sinto muito, Líder Guang. Eu..."

"Não foi sua culpa", o mais velho limpou as lágrimas. "Você sabia que Madame Ya era uma criatura de Diyu?"

Então, a morte dela a tinha exposto por completo e mostrado sua verdadeira face.

"Sabia. Porém, ela nunca quis fazer mal algum a família Guang, pelo contrário", LiMing teria que saber bem como usar suas palavras. Caso usasse de forma errada, poderia sobrar para si e cair em um calabouço sem mais alimentos ou banhos cheirosos. "Madame Ya o amava. Ela se importava demais e..."

"Me diga. Yaomos realmente podem amar um mortal?"

LiMing parou seu discurso emotivo quanto foi questionado pelo líder de forma tão direta. As criaturas de Diyu tinham sentimentos, assim como todos os seres vivos. Entretanto, o sentimento de amor era algo pouco falado entre eles.

Os yaomos sentiam mais prazer em matar do que amar.

Mas, tinham alguns, uma minoria, que gostava desse lado emocional que os humanos o ensinaram. O único lado "negativo" era que as criaturas sentiam 2x a mais do que os mundanos. No caso, o amor poderia se tornar algo obsessivo ou super protetor. Eles amariam até o final de suas vidas, sem traições ou mudanças. Por esse motivo era raro ver yaomos se apaixonando por humanos.

The Making of a TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora