A flecha do deserto

Capítulo 5 - Uma doce e dolorosa descoberta

ATO III

🌙

Assim que o banquete terminou, Jasmine se aprontou para mais uma missão. Samia, após saber sobre a recompensa pela cabeça de Sahm Alshara', tentou convencer a princesa a mudar de ideia, mas sem sucesso. Jasmine tinha coisas demais em sua cabeça naquele momento e tudo o que desejava era poder sentir o vento frio do deserto sem as restrições do palácio.

Após passar por Daren mais uma vez, saiu pelo palácio em silêncio. Dessa vez, não estaria tão longe do palácio. Seu objetivo era atingir os seus pretendentes. Enquanto os via destilar elogios fúteis no banquete, só conseguia pensar na cara de descrença que fariam quando vissem seus preciosos pertences roubados.

Passou pelos anexos do castelo e escalou o palácio, pulando de janela em janela pelos dormitórios dos convidados. E, enquanto pegava os objetos de valor e os colocava na bolsa que trazia consigo, se divertia em imaginar a confusão que aquilo acarretaria no dia seguinte.

A bolsa estava pesada e quase cheia quando entrou no quarto daquele que havia a tirado do sério. Escondida por detrás das finas cortinas, a princesa observou Zayn dormindo tranquilamente esparramado na cama coberta por lençóis de seda pura.

Jasmine se aproximou da cama do príncipe e apontou uma adaga em direção a seu pescoço. Uma cicatriz, por menor que fosse, deixaria o vaidoso príncipe catatônico. E apesar de a proposta ser tentadora, ela afastou a adaga da pele do nobre e endireitou a postura.

— Hoje não, príncipe de Kesh, mas em breve tenho algo especial preparado para você.

A princesa saltou da janela, correndo em direção aos jardins, para se camuflar e conseguir levar a bolsa até Amin, que saiu disfarçado a cavalo para o ponto de encontro com Faruk. E, quando pode finalmente deitar-se em sua cama, exibiu um sorriso no rosto imaginando que sua diversão estava apenas começando.

No dia seguinte e nos que se sucederam, o palácio foi inundado de notícias alarmantes a respeito da ousadia de Sahm Alsahra'. Os rumores ressaltavam a petulância do ladrão ao assaltar não apenas os príncipes e nobres convidados, como também suas caravanas.

Tal comoção e a exigências dos convidados por devidas providências melhorou e muito o humor de Jasmine, pois os homens ficaram tão indignados com os bens que foram furtados que perderam a oportunidade de passar tempo com ela, o que a princesa não achou ruim de maneira nenhuma. Estava feliz por poder relaxar em seus aposentos com seu animal de estimação, o que de fato fazia naquele exato momento.

— Amira, o sultão deseja vê-la. — Ela ouviu Samia chamar e se levantou acariciando a cabeça de Rajah, que ronronou e voltou a dormir.

— Mandou me chamar, baba?

— Sim, eazizi. — Murad sorriu ao vê-la e a chamou segurando sua mão. — As coisas andam bagunçadas ultimamente devido a ação do ladrão e, infelizmente, os pretendentes não conseguiram ter o devido tempo para interagir com você. Temo que isso possa deixá-la em desvantagem ao fazer sua escolha. Por isso, Ja'Far sugeriu ao conselho que aproveitasse o festival para realizar uma competição entre os pretendentes para que pudessem passar mais tempo juntos com você.

Jasmine olhou para o sultão notando os olhos avermelhados e se sentiu mal, provavelmente os roubos e o manejo diplomático dos conflitos com os convidados estivessem roubando o sono de seu pai. E somente por isso é que ela cedeu ao pedido, sorrindo educadamente.

— É uma boa ideia, baba.

O sultão sorriu aliviado e beijou o rosto da filha.

— Estou feliz que tenha aceitado, eazizi. Após o festival, realizaremos o banquete do seu aniversário e então a cerimônia de sucessão, onde entregarei o tesouro da família a você, reconhecendo sua legitimidade ao trono. Uma mera formalidade, é claro! Deixaremos a escolha de seu noivo por último, finalizando todos os procedimentos necessários. — Jasmine olhou a empolgação de seu pai e forçou um sorriso. — Finalmente, esse velho sultão poderá descansar em paz.