Capítulo 8 - O presente dos ventos do deserto

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Já passava da hora do almoço quando Jasmine terminou de se arrumar após um banho demorado. Após a insistência de Samia, havia cochilado um pouco pela manhã, tentando esquecer toda aquela confusão.

— Amira? — Ela ouviu batidas suaves na porta. — O sultão deseja vê-la.

Jasmine caminhou tranquilamente até o escritório de seu pai, encontrando-o cabisbaixo olhando pela janela.

— Me chamou, baba?

Ele olhou para a filha, sentindo os olhos marejarem, mas engoliu em seco, sorrindo.

— Sim, eazizi. Gostaria de almoçar comigo?

— Claro que sim, baba.

A refeição seguia silenciosa, os pratos eram leves e foram preparados com cuidado para a recuperação da saúde dos dois.

— Eu queria me desculpar. — O sultão começou. — Não. Eu devo me desculpar.

— Baba, não foi sua culpa. Não podíamos imaginar que há anos estava sendo hipnotizado pelo Ja'Far.

— Não, isso não é completamente verdade. — Ele retrucou — Minha teimosia com as tradições fez com que Ja'Far encontrasse uma brecha para me manipular. Eu também fui muito ingênuo em acreditar em tudo o que ele dizia. Me perdoe, eazizi.

Jasmine soltou os talheres e envolveu a mão do pai.

— Baba, está tudo bem. Eu te amo, você é minha única família. É claro que eu perdoo você.

O sultão fungou limpando o rosto com o guardanapo e então se ajeitou na cadeira.

— Tomei uma decisão. — Disse sério. — Você não precisa mais selecionar um candidato a casamento agora. Me reuni com os conselheiros e foi decidido por unanimidade que você realizará a cerimônia de coroação do sultanato sem a necessidade de estar casada. Ainda precisará se casar para consolidar seu reinado, mas está livre para escolher você mesma e no tempo que precisar. Eu já não concordo com esses termos, mas o avanço é feito em pequenos passos. É tudo o que posso fazer por você agora, minha filha.

Jasmine saltou em direção ao pai e o abraçou forte.

— Obrigada, baba. Te amo muito.
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— Posso entrar? — Jasmine olhou para a porta encontrando Faruk com um pequeno curativo na bochecha e Amin com a cabeça enfaixada.

— Entrem! — Ela pediu se levantando enquanto acariciava a cabeça de Rajah.

— Parece estar bem, amira. — O futuro Califa falou gentil e ela sorriu. — Fico feliz por isso.

— Eu também, Faruk. — A princesa observou o cajado de serpente nas mãos do amigo. — O que irá fazer com isso? — Perguntou curiosa.

— O levarei para o salão de tesouros do Templo. Não podemos permitir que isso caia em mãos erradas.

— E você, Amin? Está quieto demais — Ela brincou com o comandante que sorriu nervoso.

— Não é nada demais, amira. Eu gostaria apenas de sua benção. — Jasmine arqueou as sobrancelhas e sorriu sugestiva.

— É o que estou pensando?

— Sim, pedi a Samia em casamento.

Jasmine bateu palmas e sorriu animada.

— Finalmente! Já estava preocupada com a lerdeza de vocês. — Amin coçou a cabeça e sorriu envergonhado. — Serão muito felizes. Tem a minha benção.

— Obrigada, amira. — O comandante respirou fundo e olhou para a janela. — Acho que agora é, oficialmente, o fim de tudo. — Comentou chamando a atenção dos amigos. — As comitivas estão indo embora nesse momento.

A flecha do desertoOnde histórias criam vida. Descubra agora