capitulo 8

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Minhas mãos estão firmes no volante, nunca estive tão decidida em minha vida, visagem está em uma caixa de transporte lilás e preta tentando inutilmente abrir a fechadura. Penso em abrir a grade, mas minhas mãos se movem mas param na frente do rádio e o liga tocando far from home.

o timing não poderia ser melhor

“the faces of people i’ll never see again”

lembro de minha mãe, e de como nunca vou a ver novamente 

lembro de meu pai, e de como nunca o quero ver novamente, ele nunca fez nada por mim e não me protegeu quando precisei dele.

mas

estou voltando pra casa

porque?

porque tenho que voltar?

aperto o volante com força 

eu tenho que voltar… é perigoso… tenho que me manter segura… mas… porque?

deque vale a minha vida? nada

meus olhos começam a ficar marejados e sinto lagrimas escorrerem pelo meu rosto, minha respiração fica acelerada e começo a tremer, visagem começa miar e a sibilar. ele quer chamar minha atenção? tento olhar para ele mas volto a olhar para estrada. tento virar a cabeça mas me sinto travada. ele bate com a cabeça na grade. parecia que meu corpo não me pertencia. fiz força. tanta força meus olhos tremem e uma pequena gota de suor brotar em minha testa.

parece que meu corpo não está sob meu comando

vejo uma sombra parada no meio fio mas não consigo ver direito já que passei rapido

vejo novamente depois de 2 km 

1 km e meio

1 km

meio quilômetro 

ela está ali, parece agora tão constantemente que parece que se move junto com a kombi

é aquela figura, aquele observador

a mesma figura corcunda com uma veste tão escura quanto o ceu noturno, olhos brilhantes e amarelos. ela sorria pra mim. em um instante está no meio fio e no outro em minha frente é uma presença amedrontadora que gela minha espinha, percebo que seus olhos são fundos com a luz bem em seu final, similar a uma lanterna. percebo seus dentes tortos e amarelos. ele se aproxima de mim ficando a poucos centimetros de distancia com uma risada seguido por uma buzina e um estalo.

viro o volante com tudo saindo da frente de um caminhão derrapando de um lado para o outro até por fim bater a lateral da kombi em uma árvore e batendo a o rosto no volante

Levo a mão até o nariz sentindo uma dor absurda, mas por sorte não está quebrado. Mexo ele para ter certeza, tenho apenas um pequeno corte que pode ser coberto por um curativo. Visagem mia alto então o tiro de dentro da caixa e o pego no colo, ele rápida começa a lamber meu rosto segurando com as duas patas dianteiras. Faço um leve afago em suas costas

Ainda com visagem no colo pego um kit de primeiros socorros e trato do corte e ponho um curativo, percebo um pequeno machucado no lábio mas não é lá grande coisa. não levo muito tempo pra perceber que foi Haru quem me colocou nesta situação, ele deve ter me enfeitiçado enquanto estava dormindo, minha vontade é de arrancar aquele sorriso debochado de seu rosto. coloco visagem no banco do passageiro e vou para parte de trás para trocar de roupa ponto um moletom preto e uma blusa roxa por cima, volto e coloco o cinto em volta de visagem, pego luvas sem dedos no porta luvas e aperto o cinto e aumento o som colocando “gold guns girls” e acelerado para voltar a cidade.

vou direto para o hospital e vou conseguir entrar lá de qualquer forma.

Almas do hospital Onde histórias criam vida. Descubra agora