Nuances

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Uma noite de primavera estava se revelando, e o parque à beira do pier oferecia um cenário encantador. As luzes das lanchonetes e a alegria das pessoas felizes preenchiam o ar, criando uma atmosfera vibrante e acolhedora. 

Para Sam, a magia daquela noite começou quando vislumbrou Ethan esperando por ele perto da entrada do parque. Vestido casualmente, Ethan parecia pertencer àquele cenário, um contraste intrigante com a formalidade de sua profissão. Aquele olhar familiar de ambos  transbordava felicidade. O primeiro encontro deles havia sido em um mercado semanas atrás.  

Sam havia visto Ethan entrar no mercado que comprava sempre, seus cabelos loiros e olhos azuis eram o que menos chamavam atenção, a formalidade da farda de Ethan contrastava com a descontração do mercado, criando uma dinâmica intrigante entre os dois. 

"Olá, oficial! Como posso ajudar hoje?" disse o dono do mercado, atrás do balcão.

"Olá, Tony! Sem problemas por aqui."

Sam observa Ethan com curiosidade, notando como sua presença atrai a atenção das pessoas ao redor. Ethan pega uma maçã, examinando-a enquanto conversa com o vendedor.

O distintivo de Ethan não apenas representava sua profissão, mas também era um símbolo de segurança que, de alguma forma, tranquilizava Sam enquanto mergulhavam nas conversas alheias. Ao encontrarem-se no meio das bancas de frutas frescas e aromas irresistíveis de comidas exóticas, a troca de olhares entre Sam e Ethan desencadeou uma conexão instantânea.

O parque ganhava vida à medida que se aproximavam do pier, a sinfonia de risadas e música flutuando na brisa.

"É incrível aqui. Nunca imaginei que o pier pudesse se transformar em algo assim à noite." comenta Sam

A conversa era como uma dança descontraída, cada palavra uma nota que contribuía para a melodia de sua conexão crescente. O aroma tentador da comida de rua e o burburinho da multidão criavam uma trilha sonora envolvente para a noite especial que se desenrolava.

"Sabe, esse lugar tem um significado especial para mim. Sempre que posso fugir do trabalho, tento vir pra cá, ver o por do sol." diz Ethan olhando para o chão de madeira ripada.

Encontraram um local estratégico no pier, onde podiam observar o horizonte e as águas calmas do mar.

"Vamos, prove esse algodão-doce. É o melhor da cidade."

Oferecendo algodão-doce, Ethan provocou risadas e uma cumplicidade instantânea. A noite continuou com passeios no pier, experimentando diferentes iguarias dos estandes de comida, e até mesmo tentando a sorte em alguns jogos.

"Acho que sou péssimo nisso. Nunca ganhei um bicho de pelúcia antes."

Cada risada, cada olhar compartilhado, fortalecia a conexão entre eles. Sob as luzes suaves da primavera, dançaram lentamente, perdendo-se na música e na magia do momento.

"Nunca soube que podia dançar assim. Parece que encontramos o ritmo perfeito.",  disse Ethan segurando a cintura de Sam.

Ao final da noite, enquanto as luzes do pier ainda cintilavam, Ethan caminhou com Sam até a beira da água, revelando um pouco mais sobre suas paixões e esperanças.

"Às vezes, a cidade pode ser agitada demais, mas aqui, tudo parece calmo."

Então, em um momento de pura espontaneidade, Ethan segurou delicadamente o rosto de Sam, e seus lábios se encontraram em um beijo envolvente.

Sam gruni...

Foi um instante que pareceu congelar o tempo, deixando Sam arrepiado da cabeça aos pés. A conexão entre eles aprofundou-se ainda mais naquele beijo, tornando-se uma promessa silenciosa do que estava por vir. 

O casamento de Sam e Ethan começou como uma sinfonia de paixão e promessas. Cada encontro era eletricamente carregado, como se o universo conspirasse para entrelaçar seus destinos. As mãos dadas, os olhares cúmplices e os beijos roubados eram como notas em uma partitura perfeita, criando uma melodia que ressoava com a excitação do novo.

Nos primeiros anos, o desejo que compartilhavam era como uma chama ardente, consumindo-os com uma intensidade que os fazia sentir invencíveis. As noites eram repletas de risos, descobertas e uma conexão física que transcendia o simples ato de se amar.

Ethan era o pilar de apoio de Sam, e vice-versa. Compartilhavam sonhos, planejavam o futuro e abraçavam cada momento juntos como se fosse o último. A excitação de construir uma vida juntos os impulsionava, e o casamento era o epicentro dessa jornada conjunta.

No entanto, conforme os anos avançavam, a paixão inicial começou a ceder espaço para o mundano. As pressões externas, as demandas do trabalho e as expectativas não realizadas lançaram sombras sobre o casamento. O corpo que antes era tão desejado agora se tornava familiar demais, e o toque que outrora era elétrico agora se tornava rotineiro.

As discussões começaram a se infiltrar em sua vida cotidiana. Pequenos desentendimentos, antes resolvidos com risos, agora cresciam em conflitos mais intensos. As palavras afiadas que trocavam feriam mais do que o silêncio, e a conexão que outrora era uma fonte de força começou a enfraquecer.

Sam (frustrado) se perguntava como sua sirtuação com Ethan havia chegado naquele nível.

A falta de comunicação se transformou em um abismo entre eles. As expectativas não atendidas, os desejos não expressos e as frustrações mal geridas contribuíram para a erosão da base que sustentava seu casamento. O desejo físico que antes os unia agora se tornava uma lembrança distante.

A adrenalina bombeava em suas veias enquanto ele corria em direção ao que um dia fora seu lar. As chamas dançavam no céu noturno, lançando uma luz sinistra sobre a tragédia que se desenrolava. Bombeiros e paramédicos trabalhavam freneticamente, suas sirenes cortando o ar úmido.

A casa, que já fora cheia de risos, sonhos e promessas, agora era consumida pelas chamas vorazes. Os vizinhos se aglomeravam, olhando horrorizados para o espetáculo de destruição. Sam, parado ali, sentiu uma onda de emoções, uma mistura de perda, choque e uma nostalgia que queimava tão intensamente quanto o fogo à sua frente.

(tentando confortar) o Bombeiro diz a Sam: "Sinto muito, senhor. Fizemos o que pudemos."

Contudo, a tragédia não parava nas paredes queimadas e móveis reduzidos a cinzas. A notícia chegou como uma flecha no coração de Sam: Ethan estava dentro da casa durante o incêndio. Os bombeiros haviam feito todo o possível, mas o fogo consumiu não apenas a casa, mas também a vida de Ethan.

A dor dilacerante tomou conta de Sam. A tempestade lá fora ecoava a tempestade dentro dele, enquanto ele enfrentava não apenas a perda material, mas as ruínas do amor que um dia ardeu intensamente. A dualidade da destruição física e emocional parecia insuportável.

Sam foi levado às pressas para o hospital, após sua última aula, onde os médicos, compreendendo a urgência de sua situação, o internaram para avaliação e tratamento. A mente inconstante de Sam o levava para as lembranças do passado e o atual presente.

No ambiente asséptico do hospital, entre os corredores brancos e os ecos distantes dos passos dos enfermeiros, Sam enfrentou a dolorosa realidade de seu estado emocional. As cinzas da casa e as lembranças de Ethan se entrelaçavam, criando uma tormenta interna que ameaçava consumi-lo por completo.

Inicialmente relutante, viu-se obrigado a participar de sessões de terapia no hospital. O terapeuta, Dr. Anderson, após várias sessões de conversas e exploração emocional, começou a perceber que os pesadelos recorrentes de Sam com a casa em chamas eram mais do que simples coincidências noturnas. Essa revelação levou o terapeuta a sugerir uma abordagem diferente para ajudar Sam a entender as origens profundas de seus traumas: a hipnose.

"E se eu descobrir coisas que não estou pronto para enfrentar?", perguntou Sam, com uma vulnerabilidade evidente em sua voz.

Gentilmente, o terapêuta conversava com Sam:"Estamos aqui para ajudar você a atravessar esse momento difícil. Quero que saiba que não está sozinho."

Irresistivél (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora