Confrontando as sombras da ansiedade, Sam desacelerou, sua expressão refletindo não apenas a exaustão física, mas também o peso emocional que carregava.
Damien, com preocupação evidente, colocou uma mão reconfortante no ombro de Sam. "Amigo, você precisa falar sobre isso. Não está sozinho nessa jornada."
Sam, respirando fundo, concordou. Juntos, eles se sentaram à sombra de uma árvore, afastados do frenesi da corrida. O parque, que testemunhou a batalha interna de Sam, transformou-se em um refúgio onde as palavras poderiam fluir livremente.
"Sam, sei que algo mais está acontecendo. Quero ajudar, se puder."
Sam, hesitante no início, finalmente desabafou sobre as ansiedades que o assombravam, compartilhando os sintomas físicos. Sam não sabia dizer porque teve a crise, mas sabia o motivo, seus pensamentos da última conversa com Julia o acompanhava, mas a companhia de seus pesadelos sobre saíram as coisas boas que aconteceram durante seu dia.
Damien, ouvindo atentamente, ofereceu palavras de compreensão. "Todos enfrentamos nossos demônios internos. Às vezes, a corrida é mais do que um exercício físico."
A conversa estreitou ainda mais os laços entre eles. Damien acompanhou Sam até em casa, lá de frente a porta do apartamento dele, por pequenos minutos ou segundos, ambos se encaram, talvez queriam dizer algo, dar um abraço, dizer que ele poderia entrar, porém, Sam de imediato disse que Damien poderia ir, tudo estava bem, e o que não estava, ficaria. Apesar de Sam ter insistido que estava tudo bem e precisava lidar com questões da faculdade, Damien, ao deixar seu amigo, não conseguiu deixar de sentir uma pontada de preocupação. Enquanto seguia seu próprio caminho, a imagem de Sam lutando contra a ansiedade permanecia vívida em sua mente.
Ao chegar em seu estúdio, Damien sentiu uma necessidade instintiva de expressar as emoções que haviam transbordado durante a corrida. Diante de sua tela em branco, ele mergulhou nas cores que refletiam não apenas a beleza de suas criações, mas também as complexidades do coração humano.
As pinceladas iniciais eram carregadas de intensidade, mesclando tons de azul e cinza que representavam a ansiedade palpável que Sam havia enfrentado. No centro da tela, Damien retratou um coração pulsante, onde a paleta de cores oscilava entre vermelhos apaixonados e azuis gélidos, simbolizando a dualidade das emoções. Aquela obra era sobre ele. A obra era ele.
Sam era uma tempestade única, e cada pincelada era uma tentativa de domar esse vento impetuoso em uma representação palpável.
Conforme as horas passavam, Damien se entregou à sua arte, permitindo que as cores contassem a história silenciosa do dia. Tons vibrantes de verde se misturavam aos matizes sombrios, representando a esperança que mantinha para o futuro de Sam, apesar das sombras presentes. Respirou fundo, admirando a obra que agora ocupava um lugar de destaque em seu estúdio.
Enquanto Damien imergia nas emoções da pintura, Sam enfrentava as demandas acadêmicas da faculdade. As ruas movimentadas de Nova York testemunhavam sua jornada. O sol lançava seus últimos raios sobre a universidade, pintando os prédios de tons dourados enquanto Sam se movia entre as aulas e os corredores repletos de estudantes. O dia de estudos estava longe de ser comum, pois as emoções do encontro no parque continuavam a ecoar na mente de Sam.
A sala de aula estava impregnada com a luz suave do entardecer, filtrada através das cortinas entreabertas. Sam, rodeado por alunos atentos aos apontamentos, mergulhava nos desafios de dar aula com a cabeça quente. Os slides projetados na tela eram uma sucessão de informações a serem absorvidas, mas sua mente teimava em divagar para a experiência daquela manhã no parque.
Ele explicava conceitos complexos, mas as palavras pareciam ecoar em segundo plano. Cada frase escrita no quadro-negro era uma batalha contra as lembranças vívidas do encontro casual, onde as emoções, ainda frescas, se entrelaçavam com a tinta das anotações acadêmicas.
Em um breve intervalo entre slides, um dos, percebendo a distração de Sam, quebrou o silêncio:
"Sam, você parece um pouco distraído hoje. Tudo bem?"
"Só algumas coisas na cabeça. Nada demais." revelou.
O último slide da apresentação desvaneceu-se, indicando o final da aula. Sam, com a mente ainda envolta em pensamentos turbulentos, recolheu seus pertences enquanto os outros estudantes começavam a sair da sala. Sam permaneceu na sala de aula por um momento, olhando para o quadro-negro agora vazio. As palavras acadêmicas percorriam sua mente, mas a ansiedade persistente do encontro no parque ainda sussurrava, desafiando cada tentativa de foco.
Percorrendo os corredores movimentados da universidade, imerso em seus próprios pensamentos. Os murais coloridos nas paredes, obras de estudantes passados, pareciam desbotadas em comparação com as pinceladas emocionais do quadro de Damien.
Ele estava exausto, um dia cansativo tanto fisicamente como emocionalmente, enfrentando não apenas os desafios acadêmicos, mas os intrincados caminhos da própria mente.
A visão de Sam ficou turva, as luzes da cidade se misturando em manchas distorcidas diante de seus olhos. Cada som ao seu redor parecia amplificado, uma cacofonia ensurdecedora que reverberava em sua mente sobrecarregada. A necessidade de escapar, de encontrar um local seguro, tornou-se imperativa. Sam cambaleou, procurando desesperadamente por um lugar para se abrigar do vendaval interno que o assolava. A sensação de perder o controle era avassaladora, um redemoinho de emoções intensas que ameaçava arrastá-lo para o abismo do desconhecido.
Ele tentou manter o equilíbrio, mas a vertigem o dominou. Com um último esforço, sussurrou uma explicação vaga sobre não se sentir bem e, em seguida, colapsou no chão da sala de aula.
O desmaio foi breve, mas deixou uma impressão duradoura. Sam foi conduzido ao hospital em meio a um emaranhado de vozes distantes e luzes ofuscantes. Os médicos diagnosticaram o colapso como um resultado direto do esgotamento físico e emocional, agravado pelas crises de ansiedade recorrentes.
A notícia do incidente se espalhou pela universidade, deixando seus colegas e alunos preocupados. Os corredores agora pareciam repletos de sombras e ecos de murmúrios preocupados. Sam, uma figura pálida e frágil, estava prestes a enfrentar um novo colapso.
A decisão de internação não foi tomada de ânimo leve. Os médicos, ao avaliarem a situação, concluíram que era necessário proporcionar a Sam um ambiente seguro.
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Irresistivél (romance gay)
RomanceCom a vida indo de mal a pior, Sam já ia desistindo do amor quando encontra Damien, um jovem artista plástico que também sofria de suas questões. Quando seus caminhos se cruzam uma atração ardente e proibida os envolve em um turbilhão de sentimentos...