"Vamos nós na tarde dourada

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1. O menino que sobreviveu

Se uma única palavra pudesse capturar a essência daquele garoto com cabelos rebeldes naquele instante, sem dúvida seria "Ousadia".

Harry James Potter, aos plenos 10 anos, não era um garoto comum. Seus olhos, de um verde penetrante comparável a duas esmeraldas cintilantes, expressavam uma intensidade única. Os cabelos rebeldes, persistentemente desalinhados, exibiam um preto profundo que contrastava vividamente com sua pele morena. Uma cicatriz em forma de raio, iniciando-se na testa, traçava sua ponta até a sobrancelha, desaparecendo ao lado do olho, uma marca de um passado misterioso que ele, ainda, não desvendara.

Entretanto, a verdadeira essência do seu ser residia na expressão do garoto. Seus olhos, portadores do mistério, emanavam coragem e determinação, mas naquele instante, ardiam em fúria. O temperamento forte se revelava na intensidade do seu olhar, um vislumbre da chama que queimava dentro dele.

O moreno tinha acabado de enfrentar uma situação desagradável com seu primo, Duda, resultando em fúria por parte de Harry e entretenimento por parte do Dursley menor. Seus olhos verdes tremiam como um tic nervoso, ansiando por desferir socos em Duda até que este implorasse por perdão, um impulso enraizado na forma como fora criado.

Afinal, Potter desconhecia suas raízes e essência, sendo invariavelmente responsabilizado por quaisquer eventos anormais que ocorressem na casa número quatro da Rua dos Alfeneiros, uma justificativa plausível para seu temperamento.

Era apenas mais um dia fora do comum, como qualquer outro desde que o garoto dos olhos verdes aprendera a desafiar a normalidade na família que ele odiava. O cotidiano de Harry, de maneira inconsciente, incluía levitar uma maçã vermelha vibrante, pronta para ser arremessada bem no meio do rosto gordo e rosado do primo, que mais se assemelhava a um porco.

Oh sim, aquilo lhe daria sérios problemas.

A fruta acertou em cheio, atingindo Duda, que se lançou dramaticamente no sofá, fingindo um choro intenso, enquanto massageava o local atingido pela maçã, agora caída ao chão. Contudo, não seria um dia normal se Harry não fosse a companhia perfeita para o chão frio e a fruta vermelha.

O moreno foi impelido contra a parede do corredor com uma força avassaladora, soltando um ofego alto de dor. Talvez mais uma costela quebrada, pensou consigo mesmo enquanto a dor se alastravapor seu corpo magro.

Válter gruniu, erguendo o moreno pelo colarinho enquanto ele se debatia, determinado a encerrar aquilo, sem abrir mão da sua ousadia. Observando o tio lhe advertir: " Garoto! Você não faz ideia do que está se metendo! "

Chutando as pernas na tentativa de atingir o tio, retrucou: "Seu filho estúpido pratica atrocidades, e ele vai sair impune?! Vocês são detestáveis!

Apertando as vestes de Harry, que lutava para soltar as mãos do mais velho, lutando pela falta de ar enquanto o adulto alertava: " Pare! Seu garoto ingrato! Nós te proporcionamos tudo! Mostre mais gratidão, pois, se não fosse por nós, Deus sabe onde você estaria agora! "

Harry recuperava o fôlego, apertando os olhos diante da situação, quando ouviu um estrondo alto de vidro quebrando. Acontecera de novo. O moreno foi solto, caindo no chão enquanto tentava recuperar as forças, ouvindo os gritos de socorro de Petúnia, sua tia, ao ver o marido desmaiado no chão, com um corte na nuca.

Harry saboreou o toque metálico de seu próprio sangue nos lábios, atordoado pela situação. Os aromas exagerados de flores e perfumes, que Petúnia insistia em disseminar pela casa, provocaram uma ardência penetrante em seu nariz. Encolhido em um canto, Harry sentiu o frio do chão contra seu corpo e sua visão falhou, seus óculos redondos perdidos em algum ponto do corredor gélido.

The Dawn of Oblivion - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora