11. Take Me To Church

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Seus olhos se abriram quando ouviu dois toques na porta de madeira. Quando abriu, se deparou com a figura de Manoela, acompanhada de outros dois anjos. Eram muito altos se comparado a querubim que tinha estatura menor do que a de Bianca. A demônia soube que eram guardas do céu.

Aquela mesma voz apática se fez presente quando ela disse:

– Está feito.

Dias antes...

Manoela não sabia se o que a deixava paralisada era a rara visão do trio de anciãos caminhando pelos Campos Elíseos – e, o pior, vindo em sua direção – ou se era ainda consequência da recente briga com Rafaella, depois de descobrir a verdade por trás de suas longas permanências na Terra.

Quando os três superiores pararam a sua frente, um deles disse com o tom autoritário:

– Manoela, por favor, nos acompanhe. Precisamos conversar.

A querubim sentia que seus passos pareciam automáticos, como se ela não tivesse controle algum sobre eles, enquanto seguia seus superiores até um lugar que nunca esteve antes e que jamais imaginaria que um dia qualquer um, que não os anciãos, poderia estar. Tratava-se da sala para onde o trio se retirava quando não estavam em seus tronos no grande salão. No entanto, o ambiente se parecia como um resumo de lá, era vazio e igualmente revestido por mármore branco. Ali também havia os três altos tronos brancos os quais eles se sentavam sempre nas mesmas posições.

Mas o que chamou mesmo a atenção de Manoela foi na parede, à frente dos tronos, um espelho de dupla face que não refletia a imagem à sua frente, mas sim aquela atravessada, aquela que mostrava o grande salão do Céu. Isso significava que mesmo quando os anciãos pareciam não estar presentes, eles vigiavam tudo o que acontecia. Sim, eles haviam visto todas as vezes que Rafaella chegara atrasada ou até mesmo de madrugada e as vezes em que as duas discutiram sobre isso.

Eles enxergavam tudo através do espelho.

– Você está terminantemente proibida de relatar a qualquer um o que viu aqui, estamos entendidos, Manoela? – um deles ordenou.

– Sim, senhores – seu tom era de quem se sentia intimidada e temerosa.

– Ótimo – o da esquerda dizia, enquanto os três se sentavam em seus devidos tronos. A querubim permaneceu em pé. – Lhe trouxemos aqui porque, assim como você, também estamos preocupados com a sua dupla, a sua anja, Rafaella.

– Como pode perceber, sabemos que ela tem extrapolado seu tempo limite na Terra e retornado atrasada para relatar as missões – o do meio prosseguiu.

– Também temos observado seu comportamento e notamos que ela anda mais curiosa, fazendo questionamentos e contestações as quais sabe que não deve fazer, expressando emoções que não deveria conhecer... – agora o da direita falava.

A querubim olhava de um para o outro dos três superiores e, depois de alguns segundos de silêncio, se pôs a falar:

– Eu não entendo, senhores, por que exatamente estou aqui?

– Há pouco vimos vocês passarem pelo salão e você demonstrou desaprovação quanto aos atrasos e comportamentos de Rafaella. Isso nos leva a pensar que está do nosso lado em relação ao cumprimento das regras que estabelecemos para o bem de todos vocês. Estou certo?

Manoela engoliu em seco, mas balançou a cabeça devagar em concordância. Um outro ancião continuou:

– Vimos que você a convidou para uma conversa em particular e acreditamos que ela lhe tenha confessado o motivo das permanências extras na Terra. Estou certo? – o segundo ancião repetiu a mesma pergunta de seu irmão.

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