12. Miosótis

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Olá anjinhos e demonhos,

Antes de começar gostaríamos de agradecer a todos vocês que acompanharam Não Se Perca No Céu até o fim. Esta fic é muito especial pra nós então estamos muito felizes de termos vocês acompanhando até aqui, até este último capítulo. Lembrem-se sempre: não se percam no Céu.

Isa e Paula

***

Os pensamentos de Rafaella pareciam acontecer todos ao mesmo tempo quando pisou no grande salão do Céu, que agora estava vazio. Não se conformava com as palavras e expressões indiferentes de Bianca. Aquela mulher que a mandou ir embora, em nada se parecia com a demônia que lhe jurou amor tantas vezes e demonstrava enfrentar Céu, Terra e Inferno para ficarem juntas.

Sentou-se no chão sentindo que desabava, como as lágrimas intensas que preenchiam seus olhos. Abraçou os joelhos em uma tentativa de fazer com que, quanto mais se apertasse, menor seriam aqueles sentimentos que ela não sabia definir como desespero. Jamais experimentara algo parecido.

Mas de nada adiantava. Quanto mais pensava, maior era a dor que lhe atingia internamente. O choro arrebatador, como se lhe rasgasse o peito, durou por longos minutos. Era também confuso, se misturava com os pensamentos indignados, os pensamentos que a levavam a não compreender o motivo de tudo aquilo. Como era possível que tudo o que Bianca, a sua Bianca, havia lhe dito não fosse verdade? Ela estaria mentindo como os anciãos? Ou eles estavam certos o tempo todo e era a demônia quem sempre a havia enganado?

Impossível. Rafaella se levantou, tentando controlar o choro o máximo possível. Algo estava errado e ela precisava entender o quê. Teria que olhar nos olhos de Bianca sem disfarces para ter certeza do que estava acontecendo. Por isso, não hesitou muito em voltar para a Terra.

Encontrou a igreja, que amou chamar de lar, destruída pelo fogo.

***

Em condições normais, Bianca facilmente derrotaria os dois guardas que seguravam seus braços, mas as algemas de luz tiravam todos os seus poderes e força, ela não conseguiria fugir mesmo se quisesse. Mas não queria, não se arrependera de sua decisão nem por um segundo. Se sacrificaria para salvar seu amor quantas vezes fossem necessárias.

Quando surgiu no Céu pela segunda vez nas últimas horas, os anciãos a aguardavam sentados na sala atrás do espelho. No entanto, agora os papéis pareciam invertidos, eram eles que se mostravam superiores perante a derrota da demônia.

– Nos satisfazemos que tenha cumprido sua parte do acordo – o primeiro deles falou.

– Ficará sob nossos domínios como prisioneira – o anúncio veio agora do ancião da direita.

– Até o nascer da manhã quando será executada perante todos os anjos no grande salão.

Bianca finalmente levantou a cabeça, seus olhos vermelhos pareciam mortos, nada ameaçadores, pelo contrário, eram suplicantes. Sua voz saiu como se ela precisasse de muito esforço para falar:

– Não deixem... não deixem que meu amor me veja morrer... por fa... por favor.

– Servirá de alerta! – o ancião do meio falou forte. – Rafaella jamais questionará os ensinamentos do Céu novamente! Nenhum deles irá! Agora levem-na! – ordenou aos guardas. – Levem esse ser desprezível à cela!

Seguindo as ordens, os dois guardas conduziram a demônia, que mal se aguentava de pé ao caminhar lentamente para fora da sala dos anciãos. Passaram pelos Campos Elíseos, onde os anjos e querubins pararam seus descansos para observar a cena atônitos, incluindo Gabriela, que tremia escondida atrás de uma árvore.

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