Ackerman

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Fiquei esperando Mikasa nos portões de entrada da faculdade junto de Armin, e não demorou muito para que ela chegasse. Seu carro era lindo.

- Nossa, um Audi a3! - Armin exclamou. Ele entendia de carros, todo domingo acordava pra assistir programas especializados em carros e afins. Eu não entendia nada.

- É bem bonito. - Falei.

- E caro. O menor preço é mais ou menos uns 250 mil.

Levantei a sobrancelha e arregalei os olhos, espantada. Acho que meu pai nunca ganhou esse dinheiro em todos os anos de trabalho que ele teve.

Ela estacionou o carro ao nosso lado, e entramos. Armin sentou atrás, e eu sentei no banco do passageiro. Mikasa me deu o celular dela, com o google maps aberto.

- Coloca seu endereço aí. E o do Armin também.

Assim eu fiz. Coloquei o endereço do Armin primeiro, pois era mais perto da faculdade que o meu, mesmo que fossem apenas alguns poucos quarteirões.

- Fala, Mikasa: Por que saiu tão apressada da sala? - Armin se adiantou. Era tão fofoqueiro que nem disfarçava.

- Ah, sim. Gente, eu conto, mas eu queria pedir que não comentem com ninguém.

- Pra quem iríamos contar? Acho que você percebe que todos ali desprezam a gente. ,- Respondi. Terminei de escrever os endereços e devolvi o celular pra asiática, que o encaixou no suporte no carro, dando partida.

- Desculpa, é que vocês vão perceber com o tempo que sou uma pessoa reservada. Não só eu, minha familia inteira é, não gostamos de holofotes, odiamos notícias em blogs de fofocas no nosso nome, gostamos da nossa privacidade. E a questão é que essa história dá uma boa fofoca pra esses sites.

- Não se preocupa, a gente não vai espalhar.

- Certo. Bom, por onde eu começo...

- Do início. - Armin falou, arrancando minha risada e de Mikasa também.

- Certo, do início. - A asiática falou, e respirou fundo. - Bom, diferente de todos ali, eu não nasci em berço de ouro. Eu nasci pobre, e quando eu tinha dois anos, meus pais morreram num acidente de carro. Eu deveria ter morrido, também, mas sobrevivi. Fiquei sob a guarda do meu irmão, Levi. Na época ele tinha acabado de fazer 18 anos, tinha acabado de entrar na faculdade e se viu sem chão, tendo que cuidar de uma pirralha, como ele sempre me chama.

Arregalei os olhos. Isso era quase impossível de se imaginar. Ela continuou.

- Depois que meus pais morreram, meu tio Kenny apareceu. Ele era irmão da minha mãe, e ele quem me criou. Isso foi determinante pra que Levi continuasse com a faculdade, conhecesse Erwin Smith e os dois criassem um império na empresa farmacêutica.

- Erwin é o marido do seu irmão, não é? - Armin perguntou. - Ja vi fotos deles juntos.

- Sim. Isso ficou escondido por muito tempo, houve problemas na nossa família por isso porque meu tio Kenny, bom... Não era muito a favor disso.

- Era homofóbico. - Concluí. Mikasa parecia não querer usar essa palavra.

- É, sim. Ele não era uma pessoa má, meu tio, mas infelizmente tinha ese defeito. Enfim, isso não é importante. O fato é que, com isso, nossa vida mudou, e de uma hora pra outra entramos nesse patamar, nesse círculo social, mas nunca me enquadrei neles. fui pobre até os dez, doze anos, e nessa mudança no meio da minha transição de criança para adolescente vi a diferença gritante entre as pessoas ricas e as pobres. Por isso que vocês vêem que eu não tenho amizades com as pessoas na faculdade, a não ser o Reiner, porque ele é fora da curva, mesmo, um dos poucos que se salva desses ricos de merda. Mas enfim, isso nem é o motivo da minha atitude de hoje. O motivo é outro.

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