Amizade

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Acordei de manhã com o despertador tocando, e a cara amassada de ter adormecido em cima da revista que havia comprado. Peguei-a e guardei-a dentro da minha mochila, e parti pra me organizar para ir pra mais um dia de aula. Tomei um banho, escovei os dentes, vesti uma calça jeans, uma blusa laranja de um ombro só, e botei uma sapatilha branca nos pés. Tomei café da manhã com meus pais, e como no dia anterior, Armin passou pela minha casa pra irmos juntos. Assim que saímos de lá e subimos no ônibus, disse pra ele o que tinha acontecido na saída da faculdade.

- Minha nossa, você é muito desligada, às vezes. Numa dessas você morre mesmo!

- Não vejo desvantagem. - Brinquei.

Ele riu.

- Você e esse humor mórbido.

- Enfim, ele foi bem gentil comigo. Achei fofo.

- Ele quem?

- Reiner Braun.

Armin arregalou os olhos.

- Quem quase te atropelou foi o Reiner Braun?

- Eu não te disse?

- Não!

- Nossa. Desculpa, eu nem me liguei. Ele é da nossa sala, sabia?

- Eu sei, eu vi ele na nossa sala, obviamente.

- Eu não vi.

- Como eu disse, você é desligada.

...

Chegamos na faculdade e assim que botei o pé dentro da sala de aula, o primeiro rosto que vejo é o de Reiner. Ele conversava com um dos amigos dele, o de cabelos castanhos um pouco abaixo do ombro. De onde eu estava era impossível ouvir a conversa, mas parecia ser algo trivial, pois o loiro sorria.

Levei um encontrão do Armin.

- Quer que eu compre um babador pra você?

- Quê?

- Cara, tu tá babando por ele. Pelo menos disfarça.

- Meu Deus, estava tão na cara assim que eu estava olhando pra ele? - cochichei.

- Você travou. Simplesmente parou como se fosse um robô que desligou. - Respondeu, baixo também, enquanto caminhávamos pros nossos lugares.

Olhava pra baixo enquanto ouvia Armin falar, e assim que levantei meu olhar novamente, lá estava os olhos dourados de Reiner fixos em mim. Sorri desconcertada, e ao invés de receber um sorriso amigável de volta, pois era o que eu imagivava que receberia, o vi levantando da cadeira, e andando em minha direção.

Puta merda, puta merda.

- Oi, Cecília. Você tá bem? - o mais alto perguntou, e parecia preocupado.

- Oi, Reiner. Sim, já disse pra não se preocupar, foi só um susto.

Silêncio.

O que eu falo agora?

- Ah, esse é meu amigo, Armin. - Falei, nervosa. Conseguia ouvir minha voz falhando. Meu Deus, como sou patética.

Ele estendeu a mão pro Armin, e ambos se cumprimentaram.

- Soube que quase matou minha amiga. Não seria culpa sua, ela às vezes parece que quer morrer, só tá esperando um bom motivo.

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