Alguns minutos mais tarde, Engfa e Charlotte estavam na cidade, caminhado pelo centro, vendo o que havia de novidade nas mercadorias vindo dos países vizinhos e, também, do exterior.
As duas andavam pelo mercado de mãos dadas, parando em casa tenda para admirar os produtos que estavam sendo vendidos.
- Hm! Que delícia! - Charlotte elogiou ao provar um espetinho de carne de uma das tendas, se sujando com o molho.
Engfa soltou uma risada nasal, chamando a atenção de Charlotte.
- Que foi? - Charlotte perguntou.
- Você parece criança, tá toda suja. - Engfa levou a mão até o rosto de Charlotte, limpando. Em seguida, limpou a mão suja na calça.
- Você tá bem?
- O que? - Engfa franziu a testa, confusa com a repentina pergunta de Charlotte.
- Você tá quieta. Tá meio estranha desde o início do dia. - Charlotte comentou, olhando para Engfa com preocupação.
- Eu tô? - Engfa perguntou, vendo Charlotte assentir. - Eu não percebi.
- Mas eu percebi. - Charlotte disse. - O que foi?
- Sei lá. - Engfa deu de ombros. - Acho que eu tô esquecendo algo, algo importante.
- Bom.. - Charlotte começou, meio incerta. - Acho que, se você esqueceu, não era importante.
- Pode ser. - Engfa disse, mas não estava tão certa daquilo.
As duas continuaram caminhando, até que, de repente, elas foram abordadas por duas garotinhas, que deveriam ter, no mínimo, dez anos cada uma. Elas olhavam admiradas para Engfa e Charlotte.
- Essas armas são de vocês? - Uma delas perguntou, apontando para a espada na cintura de Engfa.
Engfa sorriu e retirou a espada de sua cintura, se ajoelhou em frente à menina e estendeu a espada para ela.
A menina à pegou e analisou, fascinada.A espada de Engfa - ou melhor, de Luke -, tinha o cabo dourado e cravejado de rubis, com uma lâmina grande, prateada e tão afiada que podia cortar tudo.
- Posso ver seu arco? - A outra garota perguntou para Charlotte, que assentiu.
O arco de Charlotte era preto com desenhos em ondas douradas, a mesma coisa que a aljava das flechas.
- Tão legal! - As meninas falaram, animadas.
- Vocês gostariam de, um dia, aprender à a usar uma espada e um arco e flecha? - Engfa perguntou, vendo os olhos das garotas dobrarem de tamanho, e então assentirem freneticamente com a cabeça. - Char, por que você não fala com seu pai, para começar à treinar meninas, para serem soldados?
- Isso seria muito legal. - Charlotte comentou, com um sorriso. - Da pra imaginar? Um exército de soldadas!
- Ia ser incrível. - Engfa concordou.
- Vou falar com meu pai à respeito.
Elas se despediram das meninas e pegaram suas armas, então foram para a próxima tenda, que vendia jóias.
- Olha que anel bonito, Meena. - Charlotte comentou, pegando um deles: a roda do anel era dourada, com vários diamantes e, no centro, uma pérola.
- É lindo mesmo. - Engfa pegou o anel e o pôs no dedo anelar da mão esquerda de Charlotte. - E ficou perfeito na sua mão.
- Já sabe qual anel comprar quando for me pedir em casamento.
Os olhos de Engfa subiram até o rosto de Charlotte, à encarando com surpresa. Charlotte sorriu.
- Casamento? - Engfa repetiu, vendo Charlotte assentir.
- Claro. - Charlotte confirmou. - Eu quero me casar com você, Meena. Você também quer?
Engfa sorriu grandemente e puxou Charlotte para um abraço.
- É claro que sim! - Engfa respondeu, apertando Charlotte em seus braços. - Eu te amo!
- Eu também. - Charlotte disse, beijando a bochecha de Engfa.
As duas se separaram e se encararam, ambas com os olhos brilhando apaixonadamente.
O que aconteceu em seguida foi muito rápido: um homem correu até elas, empurrando as duas, que caíram no chão, e apanhou diversas jóias da tenda do comerciante, correndo para longe logo em seguida.
- Você tá bem? - Engfa perguntou.
- Estou. - Charlotte respondeu.
- Ladrão! Ladrão! Peguem ele! - O comerciante gritava, olhando o homem se distanciar cada vez mais.
Engfa se levantou e correu atrás do homem, para recuperar as jóias.
Ele entrou por um beco em saída, voltou, e encontrou Engfa empunhando sua espada.- Vamos acabar com isso, devolve! - Engfa mandou.
O homem, então, agarrou uma criança que passava por perto com sua mãe. Retirou uma adaga em sua cintura e à pôs contra o pescoço do garoto.
- Lewis, não! - A mãe gritou, e tentou correr até o filho, mas o homem precisou ainda mais a agada contra a pele da criança.
- Para trás! Para trás, se não eu corto a garganta dele! - O homem ameaçou.
A mulher obedeceu, se afastando e olhando trêmula para o filho, que estava assustado. Ele não devia ter mais que oito anos; era muito baixo, sua cabeça batia na metade da barriga do homem.
- Ei, cara, calma! - Engfa pediu. - Solta o garoto.
- Não vou! Você vai me atacar assim que eu solta-lo!
- Não vou, não vou. Eu prometo.
- Sai da minha frente. - O homem mandou. - Se afasta e sai da minha frente!
- Eu vou sair, mas solta o garoto.
- Não tem "mas", sua puta! - O homem precisou mais a adaga, e Engfa pode ver um pequeno filete de sangue escorrer pelo pescoço do garoto, que gritou de dor no mesmo instante.
- Tudo bem, tudo bem, tudo bem! - Engfa disse, erguendo as mãos em sinal de rendição. Ela começou à dar passos para trás. - Tô me afastando, tudo bem?
- Solta a espada e chuta ela pra longe! - O homem mandou, e Engfa o obedeceu imediatamente.
- Fiz o que você mandou, agora solta ele!
O homem não fez o que Engfa pediu. Ainda pressionando a adaga no pescoço do garoto, o homem começou a caminhar pelo caminho de onde tinha vindo, falando, pelo olhar, que Engfa deveria se afastar, e ela obedecia.
- O garoto vem comigo. - O homem avisou. - Só vou soltar ele quando estiver longe.
- Por favor, não! - A mãe da criança pedia. E então olhou para Engfa. - Faça alguma coisa!
- Por favor, solta ele! - Engfa pedia, desesperada. Não sabia o que fazer. - Eu prometo que não vou seguir você.
- Ah, tá! - O homem riu. - E eu sou o Rei Aust...
O homem, de repente, parou de falar. Sua boca se abriu e, por ela, saiu um grito de dor. Ele afrouxou o aperto dos braços e o garoto se soltou, correndo em direção à mãe.
O homem se virou, e Engfa pode ver uma flecha cravada em seu ombro. Ela olhou ao redor e avistou Charlotte. O homem tentava levar a mão até o ombro, para retirar a flecha.
Engfa foi rápida em pegar sua espada e ir até o homem.
- Você vem comigo! - Engfa puxou o homem para si, mas ele à atacou com a adaga. Foi direto no rosto, mas ela conseguiu desviar a tempo, só pegando de raspão bem acima de seu olho.
- Para trás! - O homem gritou, fazendo cortes com a adaga pelo ar, tentando acertar Engfa.
Ele correu na direção dela, ela empunhou a espada, e enterrou ela no estômago dele.
O homem caiu no chão, Engfa retirou a espada e o sangue jorrou, sujando o chão de terra e seus pés. Tudo era bermelho. Tudo era sangue. Engfa ficou tonta.
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Lady Knight - Englot
RomanceA Princesa Engfa, consumida pela sede de vingança pela morte brutal de seu irmão, embarca em uma busca perigosa e desesperada. Disfarçada como uma guarda real habilidosa, ela se infiltra na corte do reino vizinho, onde reside a filha do rei, a bela...