P R Ó L O G O

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Se algo no céu existe e controla a vida das pessoas, certamente ele tem os seus favoritos e eu não estou entre eles. Afinal, como eu posso ser tão azarado ao ponto de nascer em uma família tão desestruturada?

Eu me faço essa pergunta quase todos os dias, antes de dormir e logo quando abro os meus olhos. Mas é sempre frustrante pois nunca consigo uma resposta.
E eu tenho orado e pedido por mudanças, mesmo não sabendo quais.

Os meus pais se conheceram muito jovens, ainda adolescentes e minha mãe engravidou quando tinha 16 anos. Meu pai tinha 19 anos na época. Eles ficaram juntos por um tempo mas, antes mesmo de completar meus 2 anos, eles terminaram.

Minha mãe recebeu uma proposta de estudo e trabalho em um lugar distante e basicamente abriu mão de me criar. Eu fiquei sendo cuidado pela minha vó paterna. Meu pai também viajou para outro lugar por conta de trabalho.

Quando eu tinha 10 anos minha avó morreu e eu fui morar com meu pai. Pouco tempo depois ele se casou com outra mulher e teve mais dois filhos. Eu e ele nunca conseguimos nos entender.

Quando fiz 15 anos minha mãe tentou contato comigo pela primeira vez, eu recusei a princípio mas acabei cedendo depois. Falamos por telefone algumas vezes e acabei vendo ela pessoalmente 4 vezes até aqui.

Nunca briguei ferozmente com ela, nossa relação é superficial, na verdade as vezes eu queria que ela não tivesse tentado a aproximação comigo. Afinal, foi ela quem me deixou.
Mas de certa forma, é preciso deixar a porta sempre aberta pois nunca sabemos quando vamos precisar dela.

4 de fevereiro, o fatídico dia do meu aniversário. Fiz 17 anos e comemorei fazendo uma tatuagem escondido e bebendo em uma festa. Fiquei tão louco que chamaram o meu pai e ele foi até a festa para me levar pra casa. Brigamos feio, eu disse tanta besteira que nem me lembro direito, mas lembro de dizer que ele era um pai de merda várias vezes.

Sempre brigamos, mas dessa vez a situação realmente fugiu do controle. Estamos sem conversar faz 2 dias, mas, sei que algo vai acontecer, eu posso sentir.

Dentro do meu quarto, estou deitado ouvindo música alta, rock, meu pai entra e desliga o som.
Antes de eu esboçar qualquer reação, ele diz em alto e bom som:

Pai: Faça as suas malas, você irá morar com sua mãe em 2 dias.

Minha intuição estava certa.


JossGawin:  I M P R I N T I N GOnde histórias criam vida. Descubra agora