Gawin é um jovem rebelde que acaba de fazer 17 anos e é obrigado a morar com a mãe, de quem tem um relacionamento distante, após se desentender novamente com seu pai. Ele está tendo dificuldades com a mudança repentina e a rotina na região rural que...
São 6:00 da manhã e eu já estou de pé me arrumando, hoje o dia será longo. 2 dias atrás meu pai me deu o aviso, e ele não estava brincando, não sei exatamente como encarar isso.
Se eu disser que chorei, estarei mentindo, tristeza não é meu sentimento agora mas sinto que será depois, eu posso não parecer mas sou um sujeito organizado e por isso, costumo não antecipar nada, sentirei o sentimento na hora certa. Até porquê, eu não vou dar ao meu pai o gosto de me ver chorando.
Talvez ele esteja fazendo isso para ver o meu arrependimento e com isso, que eu implore para voltar pra casa, mas farei o possível para que seus pensamentos sejam frustrados. É o que eu espero.
Estou tentando abrir minha mente e ser maduro, vou entrar em um ambiente novo e com minha mãe de quem não sou muito próximo . Isso parece ser a receita perfeita para um desastre, mas novamente, tentarei mudar isso.
Dentro do carro com meu pai e minha madrasta, seguimos para o aeroporto, como disse antes, o dia será longo. E durante o trajeto, o silêncio é esquisito, mas não tem nada de bom para falar nesse momento. Eu continuo olhando a paisagem da rua de Bangkok para me despedir e penso em como é irônico tudo aquilo.
Afinal, eu já estava planejando sair da casa do meu pai antes, mas é tudo tão caro na capital que sei que não sobreviveria. Eu estava pensando em esperar terminar o colégio e depois dividir uma casa com mais 2 amigos que estudam comigo, mas depois da decisão do meu pai, meu plano B também não tem como prosseguir.
Pensando nada e tudo ao mesmo tempo, chegamos ao aeroporto de Suvarnabhumi. Me despeço de forma ríspida e rápida do meu pai e madrasta e sigo direto, sem parar, sem olhar pra trás, vou sentir mais saudade de Bangkok do que deles. O avião me espera. _________________________________
🛫🛬
Depois de horas de vôo, finalmente chego em Chiang Mai, uma província que fica no norte da Tailândia. É a primeira vez que piso meus pés nesse lugar. E como combinado, um motorista amigo da minha mãe veio ao meu encontro.
Ele foi super simpático e entramos no carro rapidamente. Não lembro de muita coisa mas ele parecia querer conversar comigo no trajeto, mas eu estava tão cansado que nem consegui entender as perguntas. Ele desistiu em seguida.
Mesmo cochilando, não deixei de observar a paisagem, é tão diferente e a cada minuto vai ficando mais e mais verde... Eu durmo.
Sou acordado um tempo depois pelo amigo de minha mãe, ele diz que vamos caminhar a pé, mas que já está perto da casa dela. Estou caminhando no automático, estou irritado, com fome e com sono. Esse é o momento do arrependimento chegando.
É mais mato do que pensei, o lugar é realmente afastado, não vejo nenhum estabelecimento descente. Parece uma piada de mau gosto. Mas tento disfarçar pois não quero que tudo piore, pelo menos não tão rapidamente.
O amigo da minha mãe diz que estamos entrando na zona onde ela mora, ele diz ser um lugar delimitado e só quem mora ali tem o devido acesso. As casas até que são grandes e afastadas entre si.
Minha mãe é dona de uma plantação de chá muito popular na região e por isso ela mora em uma localização considerada muito boa. A casa deve ser grande, eu espero.
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Caminhamos por mais algum tempo e quando já estava pensando em perguntar ao guia se chegaríamos ainda naquele dia, ele aponta para uma casa próxima a direita e diz que aquela é a casa da minha mãe. Estava tão exausto que tudo o que fiz foi acenar com a cabeça e suspirar profundamente. Estamos nos aproximando e cada vez mais a casa fica maior e maior.
Ao finalmente chegarmos ele me dá a chave da casa e diz que minha mãe está na cidade resolvendo um pequeno problema de trabalho e que voltará assim que possível, assim ele também se despediu. Essa foi a minha recepção.
Antes de entrar na casa, olho em volta, algumas casas a vista mas não vejo ninguém. Um lago próximo de casa, muitos pássaros cantando como um musical, uma grande floresta ao oeste um pouco distante, mas ainda possível ver. A paisagem é predominantemente verde. Olho meu celular e ele tem um pouco de sinal, mas ainda muito ruim.
Tudo isso já é suficiente e também eu já tinha noção pois passei os últimos 2 dias pesquisando tudo da região. Entrando na casa a sala é bem arrumada com uma tv grande, o próximo cômodo é maior e já é a cozinha. A direita tem uma pequena sala com um computador que provavelmente deve ser a sala onde minha mãe trabalha de casa. Do lado esquerdo da sala principal tem uma escada para o primeiro andar, eu subo e já carrego minha mala. O corredor possui 4 portas das quais, 1 banheiro e 3 quartos.
O primeiro quarto é obviamente de minha mãe com as paredes floridas em tons pastéis. O segundo tem as paredes brancas e só possui uma cama. O terceiro é maior que o segundo e a janela dá acesso a vista da frente da casa, as paredes são verde mato, com uma cama de casal e guarda roupa preto. Esse obviamente é o meu quarto!
Ele é bem menor e simples comparado ao meu quarto anterior, mas sei que esse será o menor dos meus problemas aqui. Eu me jogo na cama e logo meu celular começa a vibrar, quando olho, ligação do meu pai, eu poderia atender mas não quero ouvir a voz dele. Percebo que o sinal funciona bem no meu quarto, algo bom!
Eu provavelmente deveria tomar um banho e comer algo, mas estou tão cansado que não consigo mais levantar da cama, em questão de minutos já estou dormindo novamente. Quando acordo, noto que a única luz no meu quarto é da lua que entra pela janela.
Quanto tempo eu dormi?!
Olhando o celular vejo que já são 19h da noite, ainda tonto eu saio do quarto e sigo pelo corredor, ouço um barulho no andar de baixo e ao descer encontro minha mãe na cozinha;
Mãe: Oh, Gawin você acordou! Está com fome? Tem lámen pronto, chá de hortelã e bolo
É estranho está com ela nessa situação, ainda mais estranho com ela fingindo que não é algo atípico. Mas de fato, estou com fome, então vou seguir o roteiro por enquanto.
Gawin: Eu quero o lámen
Mãe: Sente-se, eu vou colocar pra você
Eu obedeço e sento silenciosamente e ela me serve, eu agradeço e começo a comer, o silêncio é desconfortável e provavelmente será assim por um bom tempo. Mas então ela resolve manter uma conversa:
Mãe: Seu pai disse que ligou para você algumas vezes, o sinal está ruim em seu quarto?
Gawin: Ah, na verdade eu já devia estar dormindo quando ele ligou e não ouvi ele ligando
Menti.
Mãe: Você gostou da cor do seu quarto? Mandei pintarem ontem
Eu aceno com a cabeça. Ela parece procurar as palavras.
Mãe: Bem, ainda tem que mobiliar adequadamente, mas amanhã vamos na cidade para te matricular numa escola e compraremos algumas coisas
Gawin: Ok!
Não houve nada de muito importante depois disso, eu fui tomar banho e depois para meu quarto, ela foi para a sala de trabalho. No meu celular tinha mais de 4 ligações do meu pai, não liguei de volta mas enviei uma mensagem:
Re: Você me mandou para cá e finalmente conseguiu se livrar de mim, então pare de me incomodar. Cuide da sua família e me esqueça!
