II - As Cerejas.

51 8 4
                                    




— Acorda, anjinho! Anjinho! Kim Chaewon! Meu doce, você vai perder a hora! — madrinha me chamava, me sacudindo pra me acordar.

Não queria levantar. Hesitei, mas madrinha contestou, "tá querendo dar uma de atrasada no primeiro dia de aula na escola particular?" Ela falava, dando ênfase na última palavra.

Me levantei. De qualquer forma, era o primeiro dia de aula, não pude ter preguiça ainda. Não agora.
Tomei meu banho, me arrumei, tomei o café da manhã, torradas com ovos, e pra acompanhar, um capuccino caseiro, parecia que madrinha sabia de tudo do que eu gostava, lia meus pensamentos.

Escovei os dentes, verifiquei minha roupa, o uniforme era bonito, nada tão extravagante como a tia pensava que era, porém não era simples, caía bem em mim. Fui de bicicleta para a escola, não era muito longe. Madrinha se despediu de mim.

— Boa aula! — ela falava, ajeitando os óculos.

Fiz um "tchauzinho" com a mão e comecei a pedalar, rumo à escola.

Eu era muito observadora. Ao longo do percurso, não pude deixar de notar as árvores verdes, a grama verde, as flores coloridas, lindas como sempre, o canto dos pássaros logo de manhã, o nascer do sol, ah! era a melhor vista que eu podia ter. O dia começava belo, eu esperava naquela escola encontrar várias janelas, para, aos intervalos, poder olhar um pouco lá pra fora.

Não demorou nem 15 minutos pra eu chegar lá, pude ver os estudantes, alguns de carro, alguns de moto, alguns iam a pé, talvez porquê moravam perto dali. A escola era grande, bonita, mal podia esperar para ver a biblioteca.

Estacionei a bicicleta, caminhei até a porta de entrada, alguns me olhavam, "será que tô parecendo uma esquisita?" me perguntei.

Mas não tinha nada de mais com a minha aparência, eu estava usando o uniforme, como todo mundo.
Ou será que era por que eu não era descolada? Não tinha acessórios? Não tinha um celular de última geração? Não tinha amigos?

★ ★ ★

Assim que entrei ali, meus olhos não conseguiram se controlar. Era tudo tão grande, tão moderno, tão ousado, tinha tantas pessoas, não pude me conter ao olhar para cada uma delas. Infelizmente.

Não gostava de trocar olhares com as pessoas,

era tímida demais pra isso.

Entretanto, quando eu estava analisando o local, sem querer, olhei pra um rapaz e ele olhou pra mim também.
Gelei.

O garoto era loiro, alto, altíssimo. Exibia uma aura indescritível. Tava rodeado de amigos, e de garotas. "Pelo visto é popular", pensei.

Ele com certeza deve ter olhado pra mim sem querer também, não vou me iludir. Nem conheço esse cara, e nem ele me conhece, talvez eu esteja imaginando isso por que tô agitada por causa de tudo isso, escola nova, pessoas novas, ambiente novo.

É só que,

Eu era meio ingênua.

Talvez eu só era novinha demais, e tava com o coração batendo por alguém. Normal da adolescência. Eu não tinha nem amigos, tava carente.

Ainda analisando o local, notei que pela porta, entrava uma moça, ela andava com confiança, em passos lentos, exibia uma aura diferente, tinha charme. Parecia ser muito educada, prendada. Assim que ela entrou, as cabeças viraram em direção à mesma, parece que todos se sentiram atraídos por sua presença. Assim como eu.

Não sabia seu nome, mas gostaria. Ela tinha vários acessórios e o cabelo super arrumado, deveria ser rica, ou só era muito vaidosa. Quando ela passou por mim, consegui sentir o seu perfume, era único.

Seu batom era vermelho, meio rosado, assim como o seu colar, que tinha duas cerejas presas à ele.
Assim que observei o seu colar, fiquei ainda mais fascinada. Tudo nela prendia a atenção de qualquer um, com certeza seria eleita à "mais bonita da escola" ou "presidente de classe". "Como?" eu me perguntava, "como ser assim que nem ela?".

Bateu o sinal. Tínhamos que ir para as salas de aula.

★ ★ ★

𝒜s Cerejas, chaejun.Onde histórias criam vida. Descubra agora