𝒜s Cerejas, chaejun.

IV - Os morangos.

Yeonjun se surpreendia ao ver Winter mais uma vez fazendo amigos. Para ele, ela era expert nisso, mesmo sendo introvertida. Agora ela estava apresentando uma nova garota, Chaewon. Ela andava com a cabeça baixa, tinha os cabelos escuros e curtos com uma franja e cumprimentava o pessoal meio sem jeito.
Era fofa.

——

Diferentemente de Karina, que Winter havia conhecido a  algumas horas atrás e já tava apresentando ela pra gente. Karina não era como Chaewon. Nada a ver. Quando fui cumprimentá-la, não pude deixar de ver o cacho de cerejas pendurado em seu colar, achei ela muito ousada. Ela era rica como eu, mas eu não sentia algo de bom nela.

Logo após ela cumprimentar Chaewon, foi minha vez.

"Veio de onde?" perguntei.

Quando ela falou da madrinha pra Yunjin, me pareceu que ela morava no interior, fiquei curioso pra saber mais dela, não hesitei pra perguntar. Não sou desses.

— E-eu..eu...— ela tava vermelha ou era impressão minha?

— Aí, Yeonjun, tu é curioso mesmo né? — Wooyoung falava pra mim, rindo.

— Ué, eu quero saber.

— É muito é ousado esse aí, ein. — Changbin acrescentava.

Todo mundo ria, menos Chaewon. Eu observava ela, cabeça baixa, bochecha vermelha. Pensativa.

— Ai, esquece. Você era de que escola então? — tentei mudar de assunto.

— Escola públi...ca. — ela murmurou.

Eu a observei com um sorriso nos lábios, não sei por quê ela falava tão baixinho.

— Ele quer humilhar a bixinha, só porque é rico, metido. — Beomgyu falava com uma voz mais aguda, só respirei fundo, ele tava me enchendo de novo, não é possível...

— Ignora, Chae, ele é assim mesmo, se acha só por que é popular e tem grana. — Yunjin adiantou e a outra apenas riu.

— Ele não é o único que tem dinheiro daqui, não tem pra que isso...— Karina agora que tava falando, eu já tava me estressando.

Essa garota acha que é quem? Nem me conhece direito e já tá com essa ousadia. Vou te contar viu...

Chaewon se sentou na mesa e eles começaram a conversar. Ela quase não falava, se falava era um "aah..." "sim, sim" "verdade" "aham...".

★ ★ ★

No segundo intervalo — sim, temos dois intervalos — todos saíram da sala correndo, talvez por quê a aula de Química tava chatíssima. No meio do caminho, eu lembrei que tinha esquecido do meu celular, então voltei na sala de aula pra buscar.

Jurei que a sala estaria vazia, mas não estava. A garotinha que a gente conheceu mais cedo tava lá, lendo. Com fones de ouvido.

— Onde é que você arrumou isso? — perguntei, quando me sentei em uma das cadeiras ao seu lado, ela nem percebeu. Só percebeu quando eu tirei um dos fones de ouvido das suas orelhas.

— O-o quê? — ela parecia tão assustada, tadinha. Corou de novo.

— Como é que cê tá usando fone de ouvido, sendo que você mora no interior?

— Como assim...eu não falei nada disso pra você não... — ela tava tão sem jeito, eu sorri dela.

— Tá meio na cara, você é meio assim, sem jeitinho, não que seja algo ruim...mas é diferente dos outros estudantes daqui.

Ela engoliu seco. Não conseguia nem olhar em meus olhos.

— Do que você gosta? — eu perguntei, movendo a conversa, ela era tão introvertida assim?

— Por quê quer saber? — murmurou.

— Por que eu quero te conhecer.

Ela finalmente olhou pra mim, olhei pra ela por uns instantes, pelo visto ela não gostava de fazer contato visual, respeitei seu jeito. Eu olhava sorrindo, por causa do jeito que ela reagiu, o rosto tava vermelhinho, que nem os morangos, as melancias, as acerolas, as cerejas, ah! as cerejas...

— Eu sou sem graça, não tenho nada pra contar, nada de interessante, sou que nem qualquer outra garota tímida que você vai conhecer — ela fez uma pausa, estava olhando pro seu livro enquanto falava comigo — Aposto que Karina é mais interessante do que eu.

Karina? Ah por favor, não fala esse nome.

— Nunca vi você falar tanto — brinquei.

— Você me conheceu hoje — olhou pra mim, respondeu séria.

Ela deixou escapar, achei adorável como ela cobriu o rosto com as mãos após pronunciar, sorri imediatamente.

— Quer dizer...eu-

— Não precisa se explicar — interrompi-a — aliás, o que vê tanto na Karina, ein?

Ela parou pra pensar, olhou pra cima, talvez procurando as palavras certas, até dizer:

— Ela se destaca. É diferente. Mesmo sendo nova na escola, já conseguiu alcançar uma certa popularidade. Me sinto uma formiga olhando pra um leão quando olho pra ela.

Não é possível que ela pensava assim dela.

— Não é bem assim não.

— O quê? É sim. Ela é até rica que nem você.

— E o que que tem? Eu não acho ela aquelas coisas, parece que tenta se aparecer demais, o jeito que ela usa o uniforme, e aquelas cerejas então? Ela é muito é vulgar.

— Vulgar? — ela reagiu, assustada

— Pode parecer estranho, mas pessoalmente acho que as pessoas se destacam mesmo quando são mais simples, que nem você.

★ ★ ★

Oioi galerinha, espero que estejam gostando, os capítulos tão ficando cada vez maiores jsjsjs mas enfim, ouçam perfect night e chasing that feeling! É um arraso. Beijoss <3