𝒜s Cerejas, chaejun.

X - Entre eu, você e o poste.

Abaixei a cabeça. Encarar o chão sempre foi a melhor resposta. Mesmo eu sabendo que era a minha zona de conforto e eu precisava sair dela.

— Então... — ele coçou a nuca, mudando de assunto. — Você vai?

Senti vontade de perguntar sobre sua "conversa" com Karina. Mas não fiz. Era melhor não.

— Err...sim — finalmente tirei os olhos do azulejo. — Vou, onde vai ser? Que horas?

Fiquei impressionada com a minha determinação. Finalmente tinha afastado a timidez um pouco para longe.

— Olha...vamos na praça. Às 18h. Lá tem umas coisas novas.

— Certo.

Foi só ele se distanciar — depois de ficar parado olhando pra mim — que eu comecei a surtar internamente. Era só um passeio, mas eu já estava mais que satisfeita.

Mais ainda por saber que Karina e Yeonjun não sentiam a mesma coisa.

Entramos na sala de aula atrasados.

 

★★★

Conversei com as meninas antes de ir.
Perguntei-as sobre as coisas que Karina me disse; elas simplesmente começaram a insinuar que de quem ele gostava era eu, o que foi piada para mim. Eu poderia sentir algo pelo mais velho, mas nunca que ele sentiria o mesmo. Nem aqui, nem na China.

Finalmente fui ao local combinado. Ele já estava lá, estava tirando fotos, de costas para mim.

— Yeonjun? — perguntei, meio baixinho. Ele se virou.

— Chaewon!

Ele me abraçou, veio correndo. Fiquei paralisada. Ficou mais frio. Mas minhas bochechas estavam quentes.

Para ele pareceu tão simples.
Não foi o mesmo para mim.
Se ele apenas soubesse. Soubesse o quanto isso me faz bem. Apenas cumprimentá-lo.

Ele tomou meu braço e sorriu. Sorri também.
E saímos andando.

Fomos em algumas atrações. Comemos algumas coisas. A praça parecia ainda mais linda do que antes, parecia ter sido reformada. Tinha novas atrações, estava até mais iluminada.

Não estávamos tão cansados. Resolvemos andar pelo lugar em círculos. As mãos dadas.

— Você parece querer falar algo — ele quebrou o silêncio, olhando para mim. — Pode me perguntar o que quiser.

E olhou para o céu depois.

— Caramba — murmurei. — Agora todo mundo virou mágico? Por quê é tão fácil pra todos ler a minha mente?

— Você e o seus "por quês" — ele comentou, rindo. — Parece uma criança.

Fiz uma cara de tédio. Mas ria por dentro.

— O quê você e Karina estavam conversando naquele dia?

Deixei escapar. Me arrependi no mesmo instante. Era tanta curiosidade que não me contive. Esta pergunta perambulou na minha cabeça desde que eu tinha os visto. Cobri a boca.

Ele riu de mim.

— Por quê quer saber? — Ele falava num tom provocativo, eu só ficava mais envergonhada.

Paramos perto de um poste.

— Yeonjun...— finalmente consegui olhar em seus olhos. Ato que pensei que nunca iria conseguir realizar. — ...um dia desses, a Karina me contou algumas coisas...

— Não acredito. Pensou que eu gostava dela?

Ele me interrompeu antes que eu continuasse. O que foi bom, eu tava meio sem jeito pra falar. De qualquer forma, fiquei surpresa por causa do modo como ele sabia exatamente o que eu iria dizer.

Desviei o olhar para o chão.

— Chaewon — ele colocou as mãos em meu ombro. Fiquei surpresa, meu coração disparou, não sei por qual motivo. — olha, sei que talvez você vá rir de mim, já que não pareço alguém que seja muito de falar essas coisas mas...

Ficou um pouco mais difícil de respirar. Eu tava mais ansiosa agora do que no primeiro dia de aula.

— Sempre foi você. Desde a primeira vez que te vi, senti algo diferente. Você era diferente das outras pessoas que eu havia conhecido — ele fez uma pausa, entre as poucas lágrimas que surgiam em seu rosto. — Serei eternamente grato à Winter por ter me apresentado a você.

Mantive o olhar surpreso. Lágrimas escorriam pelos rostos de ambos. Sentia minhas bochechas rosadas serem molhadas. Meu coração batia mais rápido. Nossas mãos tremiam.

Fiquei sem falar nada. Não pude. Não conseguia.

— Karina e eu tivemos as mesmas intenções, só um pouco diferentes umas das outras — ele segurou minhas mãos, igualmente como havia feito no dia do casaco. — Ambos não sentiam nada mais do que a vontade de se usarem para conseguir algo. E eu a usei para saber qual seria a sua reação. Já ela...queria popularidade.

— Eu não entendo... — falei entre lágrimas e a única coisa que o outro pode fazer foi me abraçar.

— Fiz de tudo que pude. Mas não sei se sente o mesmo — ele falou enquanto me abraçava. — se não, tudo bem.

Pude sentir o mesmo chorar.
Nunca tinha o visto assim.

— Claro que sim — o abracei mais forte. Minha voz soou baixa pois se abafava em seu casaco. — Não quis aceitar meus sentimentos, pensei que você fosse só mais um crush com quem eu nunca teria chance.

— E quem garante que vai ter?

Ele se separou do abraço. Falou sorrindo.
Dei um empurrãozinho em seu braço.

— Nossa, que fraquinha viu — ele se referia ao meu gesto.

Cruzei os braços.
Só voltei para a realidade depois de me distanciar de seus lábios.

Ele havia me beijado tão rapidamente que não percebi.
Me viu ficar corada.

— Já entendi como você é...

Apenas disse isso e riu. Ainda surpresa, ri também.

Não podia acreditar no que estava presenciando.
Não sabia se contava à madrinha.
Nem à Winter. Nem à Yunjin.

Mas contaria à Karina.

★★★

"Sob o poste de luz
Você e eu, sob a luz
Eu quero te dizer algo que nunca pude dizer, nem mesmo uma vez
Eu não posso ficar sem sua luz

Eu irei onde você for
E ficarei até você aparecer
O amanhã promete dias melhores
Que possamos sorrir de agora em diante"

//

Fim.

Finalmente chegamos ao fim! Espero que tenham gostado, fiz por puro amor, não levem muito à sério. Foi curtinha mesmo, mas eu gostei! Enfim, até mais :)
Bjo 🥳