Turbulência - Capítulo 8

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Foi uma noite de sono tranquila para todos, menos para Arnold, que passou a madrugada inteira comendo cracas. Credo.

Quando o sol deu as caras novamente, quase como um instinto, Ragnar acorda e senta de pernas cruzadas em seu saco de dormir, iniciando uma reza. Até que:

*Blaaam*

Arnold abre as portas do pequeno galpão no qual eles estavam dormindo as pressas e grita:

— Aí! Panacas! To vendo a ilha de longe já. Venham logo pra gente pensar no que fazer.

Com todo esse barulho, todos os outros acabam acordando também, e numa sinfonia sonolenta eles dizem:

"ilha!?"

Ragnar se encolhe em um gesto de ódio por Arnold ter interrompido suas preces.

Seth rapidamente se levanta enquanto pega suas coisas. Indo em direção a escada, ele diz:

— O que eu disse? Lich. Ele até que foi útil!

— *Humph* ainda bem que não apostei nada contigo — responde Lich enquanto termina de acordar.

Ragnar ao terminar seu testemunho de fé, se levanta e começa a enrolar seu saco de dormir.

— Andem logo gente. Qualé! Por isso que eu dormi em cima dos sacos de batata e não preciso ficar arrumando a caminha. A mãe de vocês que faziam isso pra vocês? Vambora pô — Seth tenta apressar o grupo, enquanto termina de subir as escadas.

— Ah sim, claro, até porque o barco vai andar mais rápido enquanto a gente tiver aqui dentro, né? — Lich retruca.

Seth, Arnold e Giovanni sobem para o Deck. Seguido de Ragnar e Lich, que ainda estavam terminando de pegar suas coisas.

O grupo todo caminha as pressas em direção a ponta do barco, dando de cara com uma belíssima vista da ilha, agora mais próxima do que nunca.

Uma vasta floresta que se estende pelo litoral. Mais ou norte, algumas planícies com pequenas montanhas que podem ser notadas a distância, logo após o fim da floresta densa que preenche uma pequena cidade portuária. Cidade aquela que eles julgam ser Port Malan.

— Beleza então. Não vamos demorar pouco mais de meia hora para "atracar". É bom nos prepararmos já — diz Ragnar.

Todos correm em direção ao armazém. Ao chegar lá, Ragnar abre as portas do alçapão do armazém para que todos pudesse entrar. Seth olha em volta e pensa por um instante.

— Ali! — ele aponta para uma parte específica da parede — Ali que devemos fazer nosso "buraco de fuga". Deve ser a parede mais próxima do casco do barco.

Ragnar tenta chutar a parede para quebra-la,  obviamente falhando no processo.

— Permita-me — Lich da um passo a frente preparando sua garganta.

Numa salva de uma palma só, o grito de Lich ecoa pelo armazém do barco, mesmo sendo feito de madeira oca, as palavras mágicas ecoam por todo o lugar.

Um estrondo bate na parede com toda força, mas ela segue intacta. Nem mesmo um arranhão sequer.

Arnold bota a mão no ombro de Lich e diz:

— Inútil! Tenta de novo agora — Arnold começa a passar o fluxo de sua mana através do contato entre os dois.

Lich debocha com os olhos do que o Vampiro diz a respeito de seus atos falhos. Mas ignora e tenta novamente conjurar sua magia.

— É agora ou nunca, não vai me sobrar muito mais depois dessa magia. É bom eu maneirar a partir de agora, se não não vai restar círculos mágicos pra um futuro combate.

Novamente, Lich bate as palmas de suas mãos uma na outra e grita palavras mágicas. Um estrondo bate na parede, e num enorme *bruummm*...

A parede continua intacta.

— Deixa eu tentar de novo — Ragnar toma a frente novamente

— Vai na fé. Nem eu e o Arnold usando nossos círculos mágicos mais fortes conseguimos queb-

*creeeck*

Com apenas um chute (na segunda tentativa, mas um chute) Ragnar abre um buraco no casco do barco com seu pé, mesmo que não grande o bastante para passarem, mas grande o bastante para continuarem quebrando com mais facilidade calando a boca dos dois.

— Impressionante... — Lich se decepciona consigo mesmo.

— Só conseguiu porque a gente fraquejou a parede, verme — Arnold, inabalável como sempre...

Seth ignora as provocações:

— Beleza, agora é só a gente esperar o barco bat-

Uma enorme batida derruba todos do grupo, quebrando o resto da parede rachada num enorme buraco que passaria até mesmo um elefante agora.

— Acho que nem vamos precisar esperar — Ele continua.

Uma trombeta pode ser ouvida de longe. Passos vindo do deck de cima começam a ficar cada vez mais fortes.

— Vão vocês. Eu vou segurar eles — exclama Lich

— Mas a gente pode facilmente ir todo mundo — Ragnar fica confuso com a proposta do companheiro.

— Deixa eu fazer isso, eu preciso fazer isso — ele continua.

— Anda logo gente, se ele quer fazer isso, deixa então — Seth diz, apressando o resto do grupo, obviamente preocupado em ser capturado — Se cuida cara — ele se volta para Lich novamente — Vê se não deixa a gente. Te esperamos na cidade.

— Você tá me subestimando demais, Seth — responde o tiefling.

Se virando para o alçapão do armazém, Lich fala consigo mesmo:

— Certo, podem vir!

Reinos Exilados -  A terra de VarannarOnde histórias criam vida. Descubra agora