Lembranças - Capítulo 10

6 1 0
                                    

(Alguns meses atrás...)

Um abismo escuro me consumia por completo. Apenas eu, caindo na escuridão. Nada mais além de preto... Até ouvir vozes familiares me chamar:

"Lich!"

Sem eu poder responder, elas continuaram:

"Tio!"

Dessa vez mais perto, de forma mais clara:

"Corre!"

Como num desfoque de luz, eu estava no gramado da mansão da minha família novamente. Não havia mais escuridão, na verdade estava bem claro. Claro até demais... Naquele fatídico dia. O dia em que meu destino foi selado, a fumaça saltava pelas janelas sem parar, enquanto meus sobrinhos corriam para o meu colo em desespero. Tudo estava em chamas, os gritos incessantes vindos de dentro da casa, ficavam cada vez mais agudos, pessoas encapuzadas corriam ao redor da casa com tochas e lampiões em mãos. O sol da tarde pairava sobre nós.

Meus sobrinhos correndo em minha direção, gritos vindo dos encapuzados se repetiam na minha mente. Ao mesmo tempo, eles puxam adagas e bestas e nos colocam em suas miras. O choro dos meus familiares ecoavam nos meus ouvidos enquanto as flechas voavam sobre nós. Mesmo estando a menos de dez metros de distância de mim, não pude fazer nada para impedir que fossem empalados pelos projeteis. Vi o sangue inocente deles espirrar pelo gramado, gramado aquele que refletia as chamas do meu lar.

Naquele momento, algo despertou dentro de mim, um poder que eu já dominava a muito tempo, eu só não tinha noção disso ainda. Conforme as flechas vinham em minha direção, meu sangue fervia, fervia mais forte do que nunca, tão forte que do meu corpo saiam chamas. Quando eu pensei que seria alvejado, as chamas derreteram completamente tudo ao meu redor, combustão instantânea. As chamas restantes foram voando rapidamente em direção aos invasores, quase como se fosse minha vontade de matar todos eles ali mesmo. Antes que eles pudessem reagir, seus corpos entraram em chamas, assim como meus familiares dentro da mansão.

Com tudo aquilo acontecendo, eu corri. Mesmo que não tenha conseguido matar todos, minha vingança só estava começando...

(Tempos atuais...)

Gemidos de dor e agonia seguidos do barulho de algo caindo no chão de madeira ensanguentado do armazém. Lich abre os olhos e vê o jovem soldado com uma flecha fincada na mão, logo em seguida, Seth pula do buraco para dentro do armazém novamente, com sua adaga em mãos. Rapidamente perfurando as vestes de couro do inimigo e puxando com toda sua vontade, rasgando a barriga dele. Com lágrimas e tripas caindo no chão, o garoto, enquanto engasga em seu próprio sangue diz:

— Não... queríamos... isso...

Seu corpo cai no chão, enquanto Seth encarava o mesmo.

— Nenhum de nós queríamos... — Diz o humano.

— Obriga-

— Não me agradece, só vem logo antes que outros cheguem — repreende Seth enquanto desce rapidamente pela corda de novo.

Seguido por Lich, Seth corre em direção a pedra onde o resto do grupo se escondia.

— Tudo bem por lá? — pergunta Ragnar, preocupado com a segurança de seus companheiros.

— Ainda não to acreditando que você se arriscou desse jeito indo lá ajudar o cabra — Giovanni surpreso com o ato "heroico" do amigo.

Seth não responde e apenas segue em direção à floresta que cercava a pequena cidade portuária. De longe ele fala:

Reinos Exilados -  A terra de VarannarOnde histórias criam vida. Descubra agora