Perdidas

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O breu da noite na floresta densa, apenas interrompida pelo brilho fraco da lua filtrando através das folhas das árvores altas. As nuvens densas ainda não haviam encoberto a lua, mas eu sabia que quando o fizessem, a escuridão total dominaria a floresta. O som dos grilos se misturava ao silêncio tenso. Sophia e eu fugimos dos zumbis desesperadamente, nunca largando uma à mão da outra, mesmo ao passar pelos caminhos irregulares da floresta que se assemelhava a um labirinto.

O chão coberto de folhas secas estalava sob os nossos passos rápidos. Os galhos das árvores se dobravam, limitando a luz da lua cada vez mais conforme a floresta se tornava mais densa. O cheiro úmido e terroso da floresta se misturava ao ar, aguçando os nossos sentidos. A vegetação densa dificultava a visão, criando um ambiente claustrofóbico que tendia vantagem aos mortos que, seguindo os ruídos da fuga, começaram a aparecer entre as árvores, obrigando-me a contorná-los. Seus grunhidos alertando sua presença, ecoavam pela floresta, desnorteando Sophia, a criança mais baixa que eu guiava.

Em cada curva, a cada passo, pensava em uma forma de sair daquela situação. Raízes retorcidas e galhos caídos já fizeram cair até que o doce cheiro do nosso sangue tornasse os zumbis mais empenhados em nos alcançar. vez ou outra olhava por cima do ombro alerta. Os olhos desprovidos de vida contrastavam com os olhos cheios de vida de Sophia, que segurava dolorosamente minha mão.

Onde cada passo significava a diferença entre a sobrevivência e a captura. O som dos passos apressados se misturava aos pés arrastados contra o solo. Havia aberto um espaço entre nós e os mortos-vivos quando eu me inclinei, raspando as mãos no solo, tentando agarrar um pouco da terra antes de esfregá-la contra o meu próprio corpo e ao corpo de Sophia. Não mascarava o cheiro completamente, mas ajudaria, contanto que conseguíssemos abrir um espaço maior entre nós e as criaturas que nos perseguiam.

Dando voltas, eu não parei de correr, mesmo quando não havia mais nenhum zumbi ao alcance da visão. Ainda me lembrava de como era o céu quando eu morri, muito parecido com aquela noite. Nuvens densas se agrupavam no céu se preparando para um temporal. Lembro de não conseguir puxar o ar, exatamente como não conseguia puxar o ar agora. Não respirar não era legal, pior ainda eram as balas que meu colete deteve, mas o céu era bonito, e eu me lembro de pensar em como era uma boa noite para morrer, e talvez, se eu estivesse sozinha, o pensamento se repetisse.

— E- Eu não consigo mais. — Sophia não teria vergonha de admitir que estava morrendo de medo para mim, a garota que nem chegava aos seus ombros. Agarrando com força a pequena mão, eu parei de correr gradualmente antes de encostar Sophia contra o tronco de árvore. A respiração alta se perdia no silêncio da floresta, sendo abafada pelos grilos. Garantindo que o vento ia na direção oposta aos mortos-vivos, eu senti meus próprios joelhos desabarem.

— Porra, acho que conseguimos dar a volta, eles devem estar indo na direção oposta. — observei o corpo de Sophia desabar após minhas palavras. Sophia também não teria dúvidas em dizer que nunca havia escutado tantos palavrões em sua vida, nem mesmo seu pai xingava tanto, e ela duvidava que ele conhecesse tantos palavrões quanto eu, Ginger Dixon. Mordendo o próprio polegar, tentei enxergar através do breu sem sucesso.

— Você consegue dormir um pouco? Quando o sol nascer, precisaremos andar mais. — Eu não queria parecer um poço de merda e melancolia para uma garotinha que já estava prestes a chorar, mas as nossas chances não eram boas. Engolindo todos os xingamentos que rondavam meus pensamentos, eu acariciei a cabeça da ruiva.

— Tudo bem.

'Merda, merda, merda, merda, merda.' Estapeando as próprias bochechas para me manter acordada. Os joelhos machucados ardiam tanto quanto cada músculo usado além da exaustão. Os músculos infantis foram treinados e ainda sim não era o suficiente. Salvar duas crianças era tão difícil?

Rick tentou, sozinho, mas ele conseguiu. Agora, Shane, aquele lixo, não deveria ter a mesma reação sobre correr para a floresta e ajudar? Sendo um policial tão orgulhoso? Ou mesmo Daryl? Se houvesse alguém junto com Rick, eu estaria dormindo confortavelmente contra o aquecedor ambulante que era Merle, mas, em vez disso, estava no meio da floresta, com fome e com sede.

Lixos inúteis e medrosos.

Claro que confiar nas pessoas nunca foi uma opção, mas Sophia merecia mais que uma garota loira em um vestido rosa com babados. O contorno das árvores se destacava conforme os primeiros raios de sol começavam a penetrar as densas copas das árvores. Os arredores obscuros começavam a revelar sua beleza com os raios dourados que cediam calor à congelante floresta. A ruiva se encolhia contra mim, confiando sua vida. Tendo duas vidas sobre meus ombros, eu me senti pesada.

...

Escrever esta longe de ser divertido desde que copiaram minhas historias, se fosse so uma talvez não fosse tao ruim. mas enfim estou tentando ignorar essas merdas. A faculdade é uma merda de gerenciar tempo com minha escrita mas yey depois de meses tentando escrever mais que duas linhas finalmente saiu! 

Aparentemente atualizar uma vez na vida e outra na morte virou o meu lance





Merda! Virei uma criança!Onde histórias criam vida. Descubra agora