Lauren's POVUma das maiores, e talvez a única, desvantagens de Camila ter me dado uma chance é que eu perdi a vergonha de mandar mensagem a cada minuto falando que sentia saudade dela e das crianças. Camila não reclamava, talvez porque ela me respondia de quatro em quatro horas devido as cirurgias ou talvez por gostar de saber que eu sentia sua falta. E sim, eu sentia muita. O jantar na casa de seus pais foi há uma semana, ou seja, uma semana sem vê-la ou ver Louis e Ceci. Isso era quase uma tortura, principalmente agora que Camila me deixou entrar de verdade em sua vida, me dando mais que apenas sua amizade.
Durante essa semana, eu acabei indo no hospital duas vezes, mas tive a infelicidade de não encontrá-la por estar em cirurgia. Nossos horários não estavam batendo recentemente, mas eu tiraria folga em dois dias e torcia para que Camila não tivesse nenhuma emergência nesse dia, assim poderia chamá-la pra sair comigo ou então ir em minha casa, caso estivesse cansada demais. Eu tinha sua escala, sabia os dias de plantão ou folga, não havia plantão nesses dias, mas uma emergência é imprevisível, então me restava torcer pra dar tudo certo.
— Tá viajando, Tenente? - Voltei ao mundo real com Ed entrando em meu quarto, no batalhão.
— Algo assim. - Respondi, vendo-o rir levemente. — Tudo certo?
— Sim, só vim te chamar pra almoçar. James cozinhou hoje, então temos que ir logo antes que acabe.
— James? - Ele assentiu e eu rapidamente me levantei, arrancando uma risada de Ed. — Não podemos perder essa oportunidade.- Ele assentiu, ainda rindo e nós caminhamos até a cozinha que já estava parcialmente lotada.
James era filho de dois chefs de cozinha, seu talento pra cozinhar era algo natural, mas o desgraçado raramente cozinhava no batalhão, então quando o fazia, era praticamente um evento imperdível pra todos os funcionários desse batalhão. Por isso a necessidade de correr logo para almoçar, pra não ficar sem já que haviam vários esfomeados dentro dessa pequena cozinha.
Me servi e fui para a mesa junto de Ed, a mesa foi se enchendo aos poucos, assim como o sofá ao lado. A cozinha, a mesa e a sala eram no mesmo lugar, já que o batalhão não era tão grande assim, então era tudo meio apertado. Eu poderia ir comer em meu quarto, mas não queria voltar a pensar em Camila e sentir aquela saudade absurda que apertava meu peito, então optei por ficar no meio de todos esses idiotas que tornavam meus dias suportáveis e até divertidos em alguns momentos.
Desde que me tornei oficialmente bombeira, gosto de aproveitar cada segundo de paz que tínhamos, principalmente dentro do batalhão. Já havia perdido diversos colegas em incêndios, acidentes, enchentes e até desabamento de propriedades. Era um silêncio ensurdecedor quando tragédias assim aconteciam porque todos nós sabíamos que poderia facilmente ser qualquer um de nós no lugar. A vida era incerta demais, ainda mais pra nós. Era como se nós puxassemos a morte para uma dança todos os dias, sem ter a certeza de que saberíamos dançar em sua melodia.
Tiveram dias que eu achei que seria mais fácil me render a música e deixá-la me tomar, então Ed aparecia e me obrigava a sobreviver, nem que seja criando minha própria coreografia. A diferença é que a morte não era tão bela quanto a arte.
Meu celular tocou em meu bolso, me fazendo prestar atenção em outra coisa além do prato em minha frente e meus pensamentos avoados. Li o contato de Camila e vinquei a sobrancelha, confusa.
— Oi! - Sua voz soou assim que aceitei a chamada. Falava mais baixo que o normal, o que eu estranhei.
— Oi, Camz! Tudo bem? - Perguntei, afastando meu prato de mim. Vi que Ed aproveitou meu afastamento pra pegar o prato de mim, roubando o que ainda tinha lá dentro. Filho da puta!
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Firefighter Camren
FanfictionQuem diria que após uma ocorrência normal, a vida de Lauren mudaria completamente, tudo graças a mãe da pequena menina que ela salvou, em um dos seus milhares de dias dentro de um batalhão de bombeiros. Camila Cabello era uma Cirurgiã de Trauma, mas...