Capítulo 3

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Lauren's POV

O calor estava simplesmente insuportável, as paredes quase desabando por causa do fogo, os corredores tão quentes que meu corpo fervia. A casa era feita completamente de madeira, então o fogo se alastrou de forma muito rápida. Quase a família inteira já estava do lado de fora, havia apenas mais um menino dentro da casa, e eu fiquei responsável de tirá-lo daqui. Ed estava comigo, raramente andávamos sozinhos em casos de incêndio, por segurança.

— Corpo de bombeiros, tem alguém aqui? - Ed gritou, na esperança do menino ouvir e caso estivesse consciente, responder.

— Você ouviu isso? - Perguntei quando um som ecoou de dentro de umas das portas do enorme corredor.

— Sim. - Ele afirmou e nós tentamos alcançar a porta o mais rápido possível.

Uma das principais coisas em um incêndio, era permanecer agachado, então não era tão fácil assim se locomover, principalmente porque qualquer passo errado o chão poderia desabar, por também ser de madeira. Levamos pouco tempo até encontrar o menino embaixo da cama, seu rosto estava suado e sujo por causa do fogo. Era impossível voltar até a porta principal e sair por lá, então abrimos a janela.

— Traz a escada até a janela na ala leste da casa, encontramos o garoto. - Pedi, falando com a equipe do caminhão pelo rádio.

Quando estávamos colocando o pequeno na escada para que pudesse sair, o menino se virou e me olhou, apontando pra dentro do quarto.

— Meu cachorro tá dentro do armário, você tem que trazê-lo. - Seu tom era suplicante, ele parecia implorar pra que eu salvasse seu cachorro.

Ele prendeu, provavelmente, achando que o animalzinho estaria a salvo. Olhei pro armário e olhei para o fogo na porta, seu quarto ainda não estava em uma situação crítica, por ser mais afastado de onde o fogo começou. Corri até o armário e abri a porta, ouvindo a voz animada do garoto quando o cachorro saiu correndo em sua direção. Ed pegou a pequena bola de pelos e entregou pro menino, liberando a equipe de puxar a maca em que ele estava deitado junto com seu animalzinho.

— Tenente, vamos! Temos que liberar o caminhão pra eles entrarem com a água. - Eu assenti, indo até ele. No meio do caminho até a janela, senti meus pés afundarem em uma das madeiras. — TENENTE!

Minha perna doía muito, por ter ficado presa nas tábuas do chão. Minha situação era cômica, metade do meu corpo pra dentro do chão, provavelmente aparecendo no andar debaixo. Eu me segurava com os braços na parte de cima, a queda seria dolorosa e no meio das chamas. Ed veio apressadamente até mim e segurou minha mão. Ele tentava me puxar pra cima, pra evitar que eu virasse churrasquinho, mesmo que ele fosse forte, era difícil porque eu não conseguia ajudá-lo, já que não tinha apoio nos pés pra me empurrar pra cima e bom, eu não era tão leve assim e com os equipamentos então, se tornava ainda mais peso apenas pra ele puxar.

— Ed, não temos tempo, o fogo já tá chegando. - Comecei, vendo ele se esforçar pra me puxar de volta a superfície. A verdade é que meu corpo inteiro já doía. — Vá embora e mande o caminhão entrar.

— Tenente, com todo respeito, eu vou ignorar tudo que está dizendo! - Ele rebateu, me puxando pelo casaco dessa vez, já que minha mão estava escorregando da sua pelo suor.

— É uma ordem, Ed! - Esbravejei, vendo o fogo bem próximo de nós. O calor era quase tão insuportável quanto a dor em minha perna. Não havia dúvidas que minha calça estava rasgada junto da minha perna, a madeira era extremamente pontiaguda.

— É uma ordem que eu vou ter que ignorar. Eu não vou deixar você pra morrer aqui! - Ed rebateu, se jogando pra trás enquanto me puxava.

Um grito saiu da sua garganta devido ao esforço de usar tanta força, mas eu senti meu corpo ser puxado pra cima, senti meu joelho bater no chão, me dando a opção de usá-lo como apoio e então conseguir ajudar Ed a me ajudar. Ignorando a dor em minha outra perna, usei meu joelho pra subir até a borda. Essa hora, nosso traje já apitava, alertando que estávamos em encrenca, tanto pelo calor, quanto pela falta de oxigênio em nossos equipamentos. Ficamos muito tempo presos na casa. Quando consegui voltar a superfície, puxei Ed para se levantar.

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