A REJEIÇÃO PART III

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Aurora corria desesperada pelos corredores do palácio, nas suas mãos dois pergaminhos e outras folhas que juntas davam o dobro do seu tamanho.

- Sinto muito quanto desastre da minha parte, derramei seu suco Mathias.

O tilintar do vidro ao chão juntamente com o tom avermelhado de vinho que molhava o carpete, e Mathias não pareceu bravo, pelo contrario seu olhar sereno e suas mãos grossas e calejadas pegaram em seu bolso um lenço branco limpando os respingos que sujará o belo rosto da princesa, mas o vermelho de suas bochechas não saia, levando o a corar também.

- Isso foi erro meu, estava aqui tão perdido em sua beleza quem nem notei que já estava na direção de mais uma tarefa com garrafas e jarros cheios sob a minha responsabilidade.

- Que tolice Mathias, você me admirando? 

 A alguns dias atrás durante uma breve folga em toda aquela loucura estudantil, Aurora pôde passear rapidamente em volta do lago e ao olhar seu reflexo na água o assusto foi imediato, pois suas olheiras pareciam que iam saltar e seus cabelos de fogo estavam tão bagunçados que havia umas folhagens entre os fios, oque a princesa viu não se parecia nada apresentável e poderia facilmente ser confundida com uma das varias serviçais do castelo, e naquele momento ela tomava consciência de que seu destino seria triste e solitário igual as lagrimas que desciam solitárias pelo seu rosto deixando as gotículas tocarem o lago.

- Eu que o admiro, você é apenas um garoto, mas executa tarefas de homem, não sei como meu pai ainda não lhe enviou para lutar a frente do exercito.

Ambos riem.

- Deixe-me ajuda-la a se levantar, segure a minha mão.

Um toque deverás delicado de uma mão calejada a uma outra pele macia que nunca segurou nada pesado a não ser livros e mais livros, se apertavam com força. Mathias conseguia enxergar a alma de Aurora através de seus olhos negros e cintilantes, e que visão tremendamente bonita ele estava tendo, só tinha 15 anos, mas para aquele menino a bela princesa se tornara o seu mundo, apenas trocar algumas palavras já o deixava flutuante, e oque dizer da que seria logo logo coroada rainha!? Os sorrisos tímidos que ela o lançava sempre que o via, declarava em segredo os sentimentos velados.

- Aqui está seus livros, tem certeza que não quer que eu leve para vossa senhoria, minha ultima missão é devolver esse vinho para a copa, em um piscar de olhos estarei a sua disposição.

- Muita gentileza sua, mas as ordens do meu pai foram bem claras "Aurora mocinha você precisa ser independente, uma futura Rainha que se preze não permite que os lacaios façam além do que a obrigação deles, os livros são seus, então leve!".

A princesa fazia uma imitação tão perfeita do Rei Luiz que o mesmo apareceu sorrateiramente logo atrás dando gargalhadas de forma teatral, um HA HA HA assustador.

-Então o seu tempo está ocioso que anda de brincadeiras pelo palácio, muito engraçado, faz me rir seu senso de descaso para comigo e com o povo de Gonora, me acompanhe.

 Aurora recolheu os papeis que Mathias a havia entregado e segui-o cabisbaixa seu pai, sabia que naquele final de tarde ficaria sem participar do jantar real e novamente o Rei Luiz daria uma desculpa aos diplomadas de que sua querida menininha já havia comido e iria deitar mais cedo para se preparar para os testes, e que menina dedicada, eles pensavam e em seguida elogiavam a majestade por ser um pai amoroso e atencioso, e as felicitações ressoariam até o quarto da princesa que sentada perto da janela teria a missão de decorar mais um dos volumes do pergaminho em grego.

Mas um barulho na porta a tirou do transe. 

- Bela princesa?

Mathias do outro lado sussurrava.

E um bilhete novamente passava por baixo de sua porta, chegou para o coração tristonho as palavras mais belas e recheadas de esperança que ela poderia ler, e assim eles passavam horas trocando confidencias, e depois semanas e com o passar do tempo, anos.  


Trayce,A Procura Da Espada De GonoraOnde histórias criam vida. Descubra agora