seis

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Beatrice

Eu não sabia como iria contar sobre René para Sergio sem tornar tudo ainda pior.

Respirei fundo antes de iniciar minha fala enquanto os olhos do jogador se mantinham atentos e cheio de expectação sobre mim. Um sorriso encorajador nasceu no canto da sua boca como se fosse um sinal claro de que eu deveria então explicar o que René tinha com tudo aquilo.

– Não sei como isso foi acontecer. Eu... Eu... – não conseguia olhar em seus olhos e então passei a olhar tudo que não fosse ele... Tudo que não fosse Sergio Ramos. – Não podemos continuar com isso.

– Ei... – sua mão buscou com carinho meu queixo para si, obrigando nosso contato visual. – Eu peço desculpas se fui apressado... – ele sorriu, atrapalhado. – É que eu sinto que você é uma mulher especial, Bea.

– Sergio...

– Mas não quero forçar você a nada. – beijou meus lábios com carinho.

Havia uma lágrima presa em meus olhos a ponto de entregar toda a minha tristeza. O que me pegou de surpresa. Eu não esperava estar tão apegada ao bambino.

Mas eu estava.

Segurei a sua mão e observei ali o tratado de irmandade que Sergio tinha com René. Foi então que a lágrima escorregou sobre meu rosto e eu soube que não poderia mais guardar aquele maldito segredo.

Porém, como eu iria contar aquilo?

Meu Deus... Como eu iria contar sobre o irmão olhando nos olhos do jogador?

– O que tem René?

A voz de Sergio escorregou doce pelo quarto, mas havia uma impaciência explicita que transparecia por todo seu corpo.

– Eu não sei como te contar isso, Sergio.

– Estou ficando preocupado, Beatrice. O que o René tem com isso tudo?

Me pus de pé.

O quarto parecia me engolir junto as palavras de Sergio.

– Antes de te conhecer eu... – talvez se eu fosse direta amenizaria o constrangimento. – Me envolvi com René. Tivemos um caso, rápido. – tentei dá ênfase a minha última palavra.

Sergio me olhou estático.

Parecia nem ao menos respirar.

Eu prefira que ele gritasse ou fizesse algo que não fosse apenas me olhar incrédulo como estava.

Sua mente parecia correr a um milhão a ponto de ter deixado seu corpo para trás.

Ali... a me fitar...

Ali... Comigo.

Como se eu começasse a pagar pelo meu castigo.

Como a loba de Rômulo e Remo...

– Me diz alguma coisa... Por favor.

Seu corpo se ergueu da cama. Passou a mão pelos cabelos como se precisasse arrumar os fios que estavam um pouco desajeitados e me olhou confuso.

– Você... e René? – ele riu, triste.

Apenas concordei.

– Você sabia disso a quanto tempo? E... René... Sabe disso? – seu corpo agora caminhava de um lado para o outro. – Droga! – fitou firme meus olhos. – Você sabia que ... eu e... – ele riu alto, como se seus pensamentos não conseguissem organizar a nova informação. – Você sabia que eu e René somos irmão? Irmãos, Beatrice?

El Chantaje | Sergio RamosOnde histórias criam vida. Descubra agora