Ocho

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Beatrice

Os olhos de Sergio ainda estavam pregados e vivos sobre mim.

– Tudo certo para hoje a noite? – ele tinha um sorriso convidativo pregado nos lábios enquanto me olhava com mil expectativas.

Eu não conseguia parar de observar suas órbitas brilhantes enquanto pensava em alguma desculpa esfarrapada para dizer não aquele homem. Porém, pela forma que ele sorria e meu coração descompassava, parecia impossível negar qualquer coisa para aquele homem. Não tinha como negar: eu estava em ruína na graça daquele bambino.

Depois que Sergio me beijou na cozinha, levando meu péssimo humor para longe, ele se deu conta que precisava ir para o treino ou chegaria atrasado.

Eu o beijei, esquecendo de tudo como o meu coração que havia esquecido as batidas.

Então ele sorriu ainda na minha boca e alisou meu rosto com seu polegar. E exatamente naquele momento eu entendi o que estava acontecendo. Eu tinha enlouquecido e parecia estar vidrada por Sergio Ramos, mio bambino.

– Tudo certo para hoje a noite?

– Acho que sim. – sorri.

– Te busco às 20hs, pode ser?

– Pode.

– Maravilha! – roubou mais um beijo dos meu lábios e o vi entrar em seu carro e partir.

Não me reconheci. Meu corpo parecia extasiado.

Assim que fechei a porta encontrei com Rocco, que estava sentado no sofá e que agora me olhava engraçado.

– Nunca te vi assim, Fiore. Parece que comeu mil bombas de creme.

– Rocco...

– Ou vai me dizer que está apaixonada pelo jogador? Mio Dios, Beatrice. Você está apaixonada? – ele sorriu em desespero, como se não pudesse acreditar naquilo.

Eu também não conseguia acreditar naquilo e não o culpava.

– Não estou, Rocco. – menti.

– Claro que está. Olha só para você. Está sorrindo até agora e ... eu vi o beijo. Oh se vi. Não pode me enganar dizendo que não está gostando do zagueiro. Sei que está.

– As vezes sinto que esse zagueiro é um problema. – disse com receio dos meus próprios sentimentos.

...

Não tinha como esconder que desde que Sergio foi embora eu não tive um momento de sossego no meu dia de folga. Minha mente se repartiu em vários pensamentos. Uma hora me pegava pensava no seu sorriso e em outra hora me pegava pensando em qual roupa colocaria para aquela noite que acabaria de vez com a sanidade daquele homem.

Porque a minha sanidade ele já tinha levado consigo a muito tempo.

Aproveitei o início da tarde livre para ajudar Rocco a pesquisar passagens aéreas com os melhores preços e sua hospedagem. A animação de Rocco não escondia o seu medo de voltar para Roma e se deparar com o passado, com o tempo que deixou de curtir seu filho, que era três anos mais velhos que eu. Junto a carta, Donatello havia enviado para o pai uma foto sua que, agora Roco segurava com muita atenção.

Não tinha como negar que Donatello era um rapaz lindo. Seu rosto continha traços bem marcado que era idêntico ao rosto de Rocco, entretanto, nada se comparava aos belos pares de olhos azuis que Donatello tinha herdado de sua mãe, Guilhermina.

– Ele tem uma cara de modelo, Rocco.

– Preferia que fosse jogador do Roma. – ele riu, emocionado, analisando a imagem do filho. – Ás vezes penso que isso que estou vivendo é um sonho e que estou prestes a acordar. – suspirou. – Eu esperei tanto por isso, Bea. Tanto. Não me parece justo saber que ele veio me procurar. Que quer conhecer o pai, que o abandonou.

El Chantaje | Sergio RamosOnde histórias criam vida. Descubra agora