doce

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Sergio Ramos

A música de El Barrio tocava em um volume agradável dentro do carro durante o tempo que eu dirigia em direção à casa da Beatrice, que estava pensativa e se mantinha calada ao meu lado. Suas pernas estavam cruzadas em direção oposta ao meu corpo e seus braços estavam repousados sobre seu corpo durante o tempo em que seus olhos se perdiam pelas luzes das ruas do outro lado da janela.

– Está tudo bem? – quis saber, assim que desacelerei o veículo ao entrar no quilômetro permitido da via.

Recebi seus olhos castanhos sobre os meus assim que dividi minha atenção entre ela e o trânsito e então ela sorriu, deixando um carinho gostoso com as pontas dos dedos sobre minha nuca, fazendo meu rosto esboçar um sorriso inconscientemente.

Mas não me respondeu.

A fragrância do seu perfume era muito agradável e flutuava por toda cabine do carro. Madre mia, como ela estava muy guapa e angelical. Naquela altura do campeonato eu deveria estar sorrindo feito bobo por aquela mulher que tinha me fisgado de vez.

Eu estava feliz e não tinha como negar.

Eu estava muito feliz.

Mas Bea não parecia muito.

O que me deu muita coisa para pensar durante o tempo que seguimos em silêncio pelas ruas de Madrid e logo que estacionei o carro em frente a casa dela fitei seus pares de olhos com cuidado.

Algo estranho estava acontecendo e eu precisava decifrar logo.

– Acho que chegou minha hora de ir embora. – sua mão desprendeu o cinto de segurança do seu corpo. Seu rosto se aproximou do meu e sua boca fisgou meus lábios.

Tentei entender porque ela estava agindo daquela forma, mas era impossível pensar em algo concreto durante o tempo que eu tinha sua língua enfiada na minha boca.

– Obrigada pela noite incrível. – sussurrou contra meus lábios.

Afastei meu rosto o suficiente para ver seus olhos e li, naquele mísero instante tive a certeza que as coisas não estavam bem.

– Está tudo bem? – perguntei, outra vez. – Beatrice, o que está acontecendo?

Ela suspirou antes de voltar a me encarar.

Seu olhar sem emoção confirmou meus questionamentos.

– Amanhã Rocco embarca para Roma.

– Sofrer por antecipação não faz bem algum. – alisei sua bochecha com meu polegar. – Ei, se quiser pode ficar lá em casa durante esse tempo. – minha boca tocou sutilmente seus lábios, ganhando sua atenção.

– Obrigada, bambino! Mas acredito que não será necessário. Sei me cuidar. – mandou uma piscadela apimentada. – Agora me diga uma coisa: como posso presentear um homem?

– Depende. – sorri, animado. – Há inúmeras possibilidades...

– Sergio, eu estou falando sério. Quero que Rocco leve um presente meu para Donatello. Só que não sei o que dar.

Meu ombros caíram relaxados.

– Hmmm... Então é nisso que tem pensado desde que saímos do jantar?

– Nisso também.

– E o que mais tem pensado?

Seus dedos pentearam algumas mechas do seu cabelo para trás de sua orelha e seu olhar me analisou sério, mas percebi que havia um certo receio ali.

El Chantaje | Sergio RamosOnde histórias criam vida. Descubra agora