Aurora
Princesa-deusa. Aquela em breve seria sua realidade, e ainda parecia tão distante.
Dinna, a maquiadora, veio e se foi com seus diversos instrumentos e artimanhas para deixá-la impressionante aos olhos do público, deixando-a sozinha com seus inúmeros pensamentos.
Cada vez mais, Aurora olhava para si mesma no espelho, diversas emoções dentro de si. Era simples. Ela precisava se lembrar disso. Nada tão necessitado de ansiedade. Ela chegaria lá, se sentaria no local designado, e esperaria pelos resultados iminentes.
Com os olhos de toda uma nação grudados nela. Ah, e no garoto Maligno também.
Aurora parou para pensar que nunca tinha visto ele. Sequer sabia o nome do príncipe que dividiria a coroa com ela algum dia. Talvez já o tivesse ouvido alguma vez. Algo com 'K'. Ou seria com 'M'? Não dava para saber.
Ela sabia o porquê daquilo. Os Maligno e os Benigno quase nunca se viam, exceto para reuniões extraoficiais feitas ás pressas por algum problema insurgente. Não se tratava de nenhum tipo de regra, mas todos sabiam, até mesmo os valkyréanos.
Mesmo tendo que dividir a responsabilidade pela nação, as famílias não se estimavam. Tentavam deixar á mostra apenas que se evitavam, mas todos sabiam que havia ódio na relação dos dois lados. Ambos gostariam de ser os únicos com o poder em mãos, mas era uma tradição inquebrável e sabiam disso. Tudo que restava era uma rixa.
Aurora odiava que aquela linha, mesmo que tecnicamente não existente, estivesse entre ambos. Deveriam governar em conjunto. Mas não havia nada que ela pudesse fazer, por enquanto. Talvez, quando se tornasse princesa-deusa...
— Senhorita! — Melline irrompeu no quarto, sorrindo. — Falta apenas uma hora! Venha comigo, princesa. Está pronta? Precisa de mais alguma coisa antes de irmos?
— Eu... Eu creio que não, Melline. - As mãos de Aurora começaram a exibir um leve tremor. - Vamos.
A criada a conduziu pelos corredores do palácio, descendo algumas escadas até alcançar a porta de entrada e saída. Elas a atravessaram e entraram dentro de um carro blindado, de porte militar e coloração preta brilhante.
O veículo tinha janelas que isolavam a chuva que caía do lado de fora. O céu reluzia, esbranquiçado e cheio de nuvens que acompanhavam o crescente temporal. Aquilo era particularmente bobo, mas Aurora considerou o mau tempo como um presságio desagradável.
O percurso durou, ao todo, cerca de quinze minutos. Não que ela tivesse prestado atenção nisso; estava ocupada demais com seus próprios pensamentos. Melline deve ter percebido e não falou com ela nenhuma vez durante o caminho, exceto quando estavam saindo do carro.
— Senhorita, você deve ir para o palco e se sentar no trono branco, que fica do lado esquerdo. Quando o mestre de cerimônias revelar os resultados, sua futura insígnia vai aparecer por meio de um refletor sobre sua cabeça. — A criada explicou, em voz baixa, e Aurora percebeu que até ela estava nervosa.
A princesa assentiu diante das instruções, seguindo com Melline e alguns guardas diretamente para uma entrada nos fundos, de forma a não chamar atenção exacerbada do público.
Cada batida de seu coração parecia estar errada confome ele palpitava num ritmo nada suave dentro de seu peito.
Killian
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Coroa de Cinzas
FantasyAurora Benigno nasceu e cresceu com uma simples verdade: os Maligno são nosso oposto. E é assim que deve ser. Como princesa de Valkyréa, ela deve trabalhar duro para ascender ao cargo de princesa-deusa, juntamente com o filho dos Maligno, em seu an...