꧁༒☬𝓒𝓪𝓹í𝓽𝓾𝓵𝓸 𝓢𝓮𝓽𝓮☬༒꧂

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Aurora

Circular por aqueles corredores, amontoados de pessoas e andar na selva com os animais perto de nós, era igual. Estava mesmo fora da minha zona de conforto e aquilo deixava-me irritada. A roupa que usava irritava-me, apesar de saber que estava fenomenal com ela, as pessoas que falavam demasiado alto, irritavam-me e ver o Afonso, e ter gostado do que vi, ainda me irritava mais.

Sentia-me sozinha apesar de estar tanta gente. Elas não combinavam comigo, eu não combinava com elas nem com aquele espaço. Na outra divisão da casa, conseguia ver o meu irmão a conversar com uma rapariga que presumi ser a sua presa. Às vezes pensava em como seria ser igual a ele, a facilidade com que ele cria amizades e, em como todas as pessoas gostam dele mesmo sem que ele abra a boca.

Do lado oposto ao Gustavo, encontrava-se a Briana com o Afonso, via como ela o abraçava e como parecia manteiga derretida perto dele, mas ele, ao contrário dela, demonstrava uma tensão corporal que pensei que não fosse possível um rapaz como ele a ter. Afastou-se dela e disse-lhe qualquer coisa ao ouvido que ela pareceu não ter gostado muito. Eu conhecia a Briana e quando ela coçava o nariz, era porque estava nervosa e não tinha gostado muito de algo que lhe diziam ou de alguma atitude que tinham tido e foi isso mesmo que ela fez, coçou o seu belo nariz.

- Olá miuda, estás perdida? - perguntou-me um rapaz que o seu cheiro a álcool fez com que os meus olhos lacrimejassem.

- Estou inspecionando o local. - tentei sorrir para que ele não notasse que eu estava nervosa perante a sua presença.

- Queres ir beber algo? Os meus amigos - apontou para um grupo de rapazes e raparigas, que se juntavam ao pé da primeira mesa de bebidas, a conversar e a beber descontraídamente - estão divertidos e acho que precisas de uma companhia. Não é bom uma rapariga como tu estar sozinha no meio de uma festa deste calibre. - piscou-me o olho.

Se calhar, ele podia ter razão. Toda a malta que por ali estava, tinha mais que um amigo com quem se divertir. A Briana, já estava sentada ao colo do Afonso, num grande sofá branco, a beber com uma malta que tinha acabado de conhecer e parecia divertida e absorta naquilo que eles faziam e diziam. Havia grupos em cada canto daquela vivenda e eu? Parecia a cadelinha solitária sem ninguém.

- Sim, aceito. - ganhei coragem e aceitei o convite daquele rapaz que ainda não me tinha dito o nome.

- Salvador, é o meu nome. - descansou as suas mãos na parte mais funda das minhas costas e olhou para mim.

O Salvador era bonito. Tinha o cabelo preto despenteado, dando-lhe um certo ar de sensualidade, olhos castanhos e uma barba incipiente.

- Aurora. - disse-lhe o meu nome a olhar para ele.

Pelo canto do olho, algo me chamou a atenção. O Afonso estava a olhar para mim com cara de quem quer me pedir que saia dali agora. Mas eu não estava a perceber o porquê. Possivelmente ele só me queria irritar e gostava de ver que eu era a única pessoa que não se encaixava neste tipo de festas. Lamento querido, desta vez, vou tentar me divertir como a Briana me ensinara das outras vezes.

- Malta, esta é a Aurora - apontou para mim mexendo-me no cabelo louro - Aurora, esta é malta - apontou para os três rapazes e para as duas raparigas que estavam na nossa frente.

O cheiro a droga tresandava naquela casa, e quase conseguia adivinhar de onde vinha.

- Olá. - cumprimentei envergonhada.

O Despertar de um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora