꧁༒☬𝓒𝓪𝓹í𝓽𝓾𝓵𝓸 𝓠𝓾𝓲𝓷𝔃𝓮☬༒꧂

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Aurora

Após o encontro constrangedor entre mim e o Afonso, vesti-me para ir jantar com o Leonardo. Não queria ouvir falar em mais Afonso nem nos problemas que ele carregava nas costas. Eu nem imagino a dor que ele deve de estar a sentir ao saber que a mãe o havia traído a ele e ao pai, mas neste momento, precisava de concentrar-me em mim se queria que este jantar corresse bem.
O Leonardo enviara-me uma mensagem à uns minutos a avisar que se iria atrasar e que o melhor seria eu ir dirigindo-me para o restaurante e avisar que tínhamos mesa reservada no nome de Leonardo.

Já era quase oito horas e por isso decidi ir para o meu encontro. Quando eu ia a descer as malditas escadas, o meu irmão tinha acabado de entrar em casa. Vinha com o cabelo desalinhado, e com uma postura nervosa.

- Que se passa? - perguntei-lhe.

- Não sei do Afonso... - coçou o cocuruto.

- Ele sabe safar-se sozinho Gustavo. Não é uma criança e tu não és pai dele. Mas ele saiu à pouco. - sosseguei-o.

- Eu sei. Mas preocupo-me. - afastou-se de mim e continuo o seu caminho para o quarto.

Encolhi os ombros e ignorei tudo o que se passava à minha volta. Como poderia eu, usufruir deste jantar, se estivesse preocupada com ele? Olhei para o teto da casa, sacudi a cabeça e segui em frente. Verifiquei pela centésima vez o meu aspeto através do espelho da entrada principal e vi que estava bem assim.
Entrei no carro e não consegui deixar de pensar naquilo que se tinha passado entre mim e o Afonso. Beijou-me. Foi um beijo curto e inesperado mas, não percebo porque mexeu tanto comigo. Porque me apeteceu tanto bater-lhe por fazê-lo, se eu própria queria experimentar aqueles lábios por quem todas se apaixonavam? Ele era um fruto proibido e não podia atrever-me a experimenta-lo de novo.
Coloquei o volume da música o mais alto que consegui, sem que me distraísse da estrada, e conduzi até ao restaurante de comida mexicana que o Leo tinha marcado.

Nunca tinha experimentado comer esses tipos de comida. O picante era horrível e causava-me suores frios. No entanto, quando ele me perguntou se eu gostava desses tipos de comida, não consegui dizer-lhe que não.
Hoje a noite estava estrelada. O céu limpo, demonstrava as suas pequenas belezas que cintilavam no seu manto preto. Eu gostava de pensar que, a cada pergunta, as estrelas guardavam as respostas. Por isso que passava tantas noites admirando-as e vendo como cada uma brilhava ainda mais que a outra.

Estacionei o carro no outro lado da estrada em frente ao restaurante. Era um lugar acolhedor, mas bonito e com uma forte iluminação que encadeava. Trazia uma certa tranquilidade e o aroma a picante e a especiarias enchia aquele espaço.

- Olá, boa noite, em que posso ajudá-la? - apareceu uma jovem rapariga morena, de cabelo escuro como a noite que caia lá fora.

- Olá, tenho uma reserva em nome de Leonardo. - disse-lhe.

Não sabia bem, mas sentia-me altamente alvoraçada. Nunca tinha tido um encontro. Nunca me sentara à mesa para comer com um rapaz. As únicas vezes em que me atrevia a deixar os meus livros, era para sair com a Briana.

A rapariga procurou no livro das reservas o nome que lhe indicara e, após aquilo que me pareceu, trinta minutos, chamou-me.

- Por aqui. - sorriu e levou-me para aquela que seria a nossa mesa.

- Obrigada. - agradeci sentando-me e colocando a minha mala nas costas da cadeira.

Estava inquieta. Já se passara quinze minutos desde a hora em que ele tinha combinado encontrar-se comigo e começava a pensar seriamente que ele tinha perdido a coragem de ser visto com uma miúda banal como eu.
Fui ao telemóvel e vi a mensagem do meu irmão:

O Despertar de um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora