Aurora
Após o meu encontro fatídico com o Afonso, vesti-me para me preparar para as aulas que se seguiam. O restaurante ia continuar fechado, portanto, era menos uma coisa que tinha com que me chatear.
Tentei não pensar muito nele naquela manhã, naquilo que o nosso encontro poderia ter significado e naquela frase amaldiçoada em que ele disse que me amava.Hoje decidi ir a pé para a universidade. Queria apanhar ar e o dia estava bonito. O sol brilhava iluminando aquela bela manhã de outono.
Estava quase a chegar aos portões principais quando oiço o Leonardo chamar por mim.- Aurora! - correu na minha direção.
Virei-me e sem saber porquê, beijei-lhe sem que ele tivesse tido oportunidade de me dizer o que queria. Ele correspondeu-me ao beijo e as suas mãos afáveis acariciavam-me as costas durante aquele beijo demorado. Soube-me bem fazê-lo e ver que não pensava no Afonso nem um segundo.
- Se fores receber-me assim, todas as vezes, vou ficar mimado, querida - sorriu - queria-te perguntar se querias ir beber um café antes da primeira aula? Combinei com a Briana encontrarmos-nos lá antes das aulas.
Fiquei envergonhada com as palavras dele e logo as minhas bochechas denunciaram-me criando umas pequenas bolas vermelhas.
- Sim, podemos ir. - sorri para ele.
Ele pegou-me na mão e sussurrou-me ao ouvido:
- Adoro ver como ficas envergonhada com coisas tão simples, Aurora."Aurora" lá estava ela de novo, a vontade súbita de ser chamada de sininho. Onde estaria ele? O que estaria a fazer e a pensar? Estaria melhor após a descoberta catastrófica acerca da sua mãe? Saberia ele que eu sinto a sua falta de cada vez que alguém me trata pelo meu nome? - pensei.
- Hello!? - chamou-me a Briana - Estás na terra ou fugiste para Saturno?
- Não era mau pensado, se calhar lá era tudo bem mais fácil. - ri-me.
- Pois sim, estava a dizer que a senhora já tinha deixado ai o café há quatro minutos, ou o bebes ou fica gelado. Temos que ir para as aulas, hoje tenho-as no mesmo bloco que tu. - falou entusiasmada.
Raramente tínhamos aulas no mesmo bloco. Então era uma alegria saber que poderíamos ir juntas até ao nosso destino e não separarmos-nos a meio.
- Boa! - bebi o café sem açúcar de uma só vez.
- Sabes que as pessoas que bebem café sem açúcar têm fortes possibilidades de virem a ser psicopatas? - riu-se o Leonardo enquanto nos levantávamos da cadeira almofadada.
- Sabes perfeitamente que não como açúcar porque já sou demasiado doce. - mostrei-lhe a língua. Fui surpreendida por mais um beijo dele.
- Uhhh - gritou a Briana - o clima está quente aqui com o casal!
Casal. Seriamos nós um casal? Será que era isso que eu queria que as pessoas nos chamassem ou pensassem de cada vez que nos viam juntos? Quereria eu que o Afonso me visse com o Leo e dissesse que éramos um belíssimo casal?
Se continuarmos a beijar-nos assim, o mais certo que aconteça é que nos chamem de namorados.Despedi-me da Briana e entrei na sala. O professor já estava a colocar as suas coisas em cima da secretária quando o seu olhar cruzou-se com o meu.
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O Despertar de um Sentimento
RomanceAurora só queria vir a ser uma escritora mundialmente conhecida e trabalhar na editora dos seus sonhos, mas, por ironia do destino, vê o seu sonho a fugir-lhe pelas mãos ao conhecer Afonso, o melhor amigo do seu irmão. Um novo sentimento irá surgir...