Vincenzo Greco
QUARTA-FEIRA
DIA 17
- Você entende que pode não voltar a andar? - O fisioterapeuta perguntou com um sotaque sulista que eu achei extremamente irritante.
- Não, eu não.
- Não, você não...
- Não, eu não entendo, porque eu VOU andar de novo - Respondi à ele, tentando ignorar a dor na minha coluna, quando me sentei na porra da cadeira de rodas. Ele suspirou, sentando-se na beira da cadeira, em frente a mim.
- Sr. Greco... - Eu estendi minha mão para cima.
- Deixe-me parar por aqui porque tem sido um longo dia para mim. Desde que saí do hospital, eu conheci oito especialistas em reabilitação, todos dizendo a mesma coisa: eles desejam melhorar a minha qualidade de vida e aliviar a minha dor. Mas nenhum deles parecia realmente acreditar que eu poderia voltar a andar. E não acho que isso passou pela sua mente, mas minha qualidade de vida depende de que eu esteja andando novamente. Então, Marcos, me poupe. Então você acredita que eu possa andar e vai me ajudar a conseguir isso, ou não? - Seus olhos castanhos me encararam por mais algum tempo. Ele balançou a cabeça antes de um pequeno sorriso enfeitar seus lábios.
- Aparentemente, você está acostumado conseguir tudo.
- Sempre e em tudo - Eu assenti - E ainda estou esperando por uma resposta.
- Tudo bem - Ele se levantou, arregaçando as mangas - Não vou garantir nada, mas vou me dedicar a fazer você andar novamente. Mesmo que seu corpo me odeie por isso.
- O que você está fazendo? - Questionei quando ele chegou por trás de mim agarrando as alças da minha cadeira de rodas.
- Está tudo bem aqui? _ Uma voz soa dentro da sala.
O salto de minha mãe clica no chão de mármore quando ela saiu da cozinha com uma bandeja de chá gelado em suas mãos. Minhas sobrancelhas se levantam. Seu cabelo preto está cortado em um channel que mal toca seus ombros, e ela trocou seu traje formal para uma camisa casual e jeans. Faz um pouco mais de duas semanas desde que deixei o hospital... Desde que eu os deixei, e estou tentando não pensar nisso. Eu não poderia, não até que melhorasse. Minha mãe foi se reinventando até então. Ela deixou a política e, oficialmente, entrou com pedido de divórcio com então meu pai que estava sendo processado por seu envolvimento no escândalo do ex senador Mateus Portinho. Ela agora passava o tempo pairando sobre mim.
- A academia é no final do corredor à sua direita - Minha mãe apontou, equilibrando a bandeja com uma mão. Ele soltou da cadeira, estendeu a mão e bebeu o copo que ela trouxe para ele.
- Obrigado, minha senhora - Ele acenou com a cabeça educadamente e eu lutei contra a vontade de reviraros olhos.
- Ela não foi a única a contratar você - o lembrei. Ele se virou para mim.
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Sua Rainha - Duologia Nós - Livro II
RomansApós a separação com os homens que amava, Núbia Dandara foi obrigada a cuidar sozinha de suas irmãs e de seu bebê após descobrir estar gravida. Já Marcel passou os últimos quatro anos em uma tour gastronômica pelo mundo apresentando seu programa de...