Tudo novo

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Aguardava a chegada de Draco em seu quarto, sentada confortavelmente em uma poltrona diante de uma acolhedora lareira. Não demorou para que ele surgisse, entrando no quarto e fechando a porta. Ao se aproximar, abaixou-se diante de mim, preocupado, e indagou sobre o que havia ocorrido. Despejei todos os detalhes do que meus pais revelaram, e percebi que ele também estava atônito, pois desconhecia os acontecimentos.

Permanecemos ali, diante da lareira, por algum tempo, até que alguém bateu à porta, convocando-nos para o jantar. Descemos até a elegante sala de jantar e ocupamos nossos lugares à mesa ao lado dos pais de Draco. Esta já estava adornada com uma diversidade de iguarias, assemelhando-se a um típico banquete de Hogwarts. Um silêncio pairou por um momento, até que Lucius quebrou o silêncio com suas palavras.

- Eles te revelaram?

- Sim. - Respondi.

- E como você está? - indagou Narcisa.

- Acredito que, bem... não consigo expressar completamente o que estou sentindo. No entanto, o que precisa ser feito terá que ser feito, do contrário, toda minha família enfrentará a morte iminente. Que alternativa resta a mim?

- Não há outra opção. - Declarou Lúcio.

Terminamos de jantar após alguns minutos e, em seguida, Draco e eu voltamos para o seu quarto. Ao chegarmos, nos acomodamos em sua cama.

- Está cansada? - ele perguntou.

- Um pouco, mas acredito que não vou conseguir dormir.

-  Quer jogar? - ele sugeriu.

- Jogar o quê?

- Xadrez.

- Vamos.

Ele foi até um armário no quarto, pegou o tabuleiro e retornou para se sentar na cama. Começamos a jogar em silêncio até que Draco começou a conversar.

- Não sente falta dos seus antigos amigos?

- Por que sentiria? Eles mudaram comigo.

- E o Harry?

- Como assim?

- Vocês... não estão mais juntos?

- Faz muito tempo que não estamos, desde aquela noite em que ele nos viu juntos no corredor. Desde então, ele nunca mais olhou na minha cara.

- E como você se sente com isso?

- Não sei. Não compreendo o que sinto em relação a tudo isso. É tudo novo.

Continuamos a jogar várias partidas durante a madrugada. Jogar com ele fez com que eu esquecesse um pouco de tudo o que havia acontecido, e comecei a sentir um pouco de sono, bocejando.

- Está com sono? - ele perguntou.

- Um pouco.

- Quer dormir?

- Pode ser, acho melhor.

- Pode dormir na minha cama, eu vou ali para a poltrona

Ele se levantou, retirou o tabuleiro de xadrez de cima da cama, e me deitei, cobrindo-me com suas cobertas. Ainda estava claro no quarto devido à lareira. Vi que Draco foi até a poltrona e se sentou, parecia estar desconfortável.

- Ei, Malfoy. - Falei.

- Oi - Respondeu ele, olhando para mim.

- Deita aqui comigo, aí parece estar ruim.

Ele se levantou, caminhou até a cama e deitou ao meu lado. Parecia estar envergonhado, achei muito engraçado. Sem hesitar, me movi mais para perto dele e, delicadamente, ele estendeu os braços para me abraçar. Naquela posição, com o calor da lareira iluminando suavemente o quarto, senti uma sensação de conforto e segurança. A envergonhada aproximação de Draco rapidamente se transformou em um abraço reconfortante. Com o toque suave dele, mergulhei no sono, deixando para trás as preocupações e os mistérios que cercavam minha vida. Dormimos juntos, compartilhando um momento de calma em meio ao caos que se desenrolava ao nosso redor.

Na manhã seguinte, ao despertar, Draco não ocupava mais o espaço ao meu lado na cama. Ao erguer os olhos, avistei-o na poltrona, absorto na leitura de um livro. Ergui-me e ele dirigiu o olhar na minha direção.

- Bom dia. - Cumprimentou ele.

- Que horas são? - Indaguei.

- Já é tarde, você dormiu bastante.

Levantei-me e me aproximei dele.

- Acho que devemos retornar à escola, estamos perdendo muitas aulas.

- Sim, precisamos voltar, mas só amanhã. - Ele se levantou. - Vem comigo, você precisa comer algo; tenho planos para nós esta tarde.

Encaminhamo-nos até a cozinha, onde Draco preparou meu café. Enquanto eu comia, ele observava-me em silêncio.

- O que você planejou? - Perguntei.

- Você vai ver. - Respondeu ele com um sorriso.

Quando terminei de comer, Draco me conduziu até o pátio dos fundos de sua casa, onde duas vassouras e uma maleta aguardavam.

- Vou te levar a um lugar. - Disse Draco, entregando-me uma vassoura.

- Posso saber para onde? - Indaguei.

- É surpresa, apenas me siga.

Ele subiu na vassoura e voou, e eu o segui imediatamente. Draco era veloz, e acompanhar sua agilidade tornou-se um desafio. Voamos até o topo de uma montanha. No ápice da montanha, Draco e eu pousamos, deixando a brisa fria da altitude acariciar nossos rostos. A vista era espetacular, com as nuvens pairando abaixo de nós e as montanhas se estendendo até onde os olhos podiam alcançar

Draco abriu a maleta, retirou um tapete e o estendeu no chão. Em seguida, retirou o tabuleiro de xadrez que tínhamos usado na noite anterior e o colocou sobre o tapete.

- Surpresa. - Disse ele, sorrindo.

Sentamo-nos para jogar, e depois de algum tempo, Draco retirou algumas comidas da maleta, transformando nosso encontro em um piquenique improvisado. O momento era especial, e a conexão entre nós parecia se aprofundar à medida que a tarde se desenrolava.

À medida que o tempo se fechava, indicando chuva iminente, guardamos tudo. Montamos em nossas vassouras, pairando sobre a paisagem noturna enquanto voávamos de volta para o lar de Draco. A sensação do vento contra o rosto e o frio da noite tornaram a viagem de volta uma experiência emocionante. Ao chegarmos, percebemos a presença de algumas pessoas na casa. Entramos pelos fundos para evitar sermos vistos e nos escondemos atrás da porta para ouvir a conversa na sala de jantar.

"Está começando; precisamos começar a preparar as coisas." - Disse uma mulher.

"Vai ser épico."

"Acho que ela ainda não está totalmente pronta; devemos esperar um pouco mais."

"Pra que esperar? Já esperamos tempo demais."

Nesse momento, escutamos passos se aproximando rapidamente. Nos escondemos atrás de uma cortina da janela do corredor, ficando muito próximos. Uma pessoa passou por nós sem perceber nossa presença. Mesmo depois que ela passou, permanecemos ali, tão próximos que o resto do mundo parecia desaparecer. A respiração de Draco era perceptível, e ele me segurou pela cintura, puxando-me ainda mais para perto. Olhamos profundamente nos olhos um do outro, até que, finalmente, Draco inclinou a cabeça e me beijou. Foi um beijo cheio de paixão, interrompido abruptamente quando alguém puxou a cortina - era Lúcio.

- O que vocês est... - Ele se interrompeu ao perceber o que estava acontecendo.

Olhei desesperada para Draco, envergonhada, querendo fugir, mas ele parecia sentir o mesmo.

- Vão fazer isso em outro lugar, não aqui no corredor. - Disse Lúcio, virando as costas e saindo.

Draco pegou minha mão sorrindo, e fomos para seu quarto

AmaldiçoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora